Cerca de 400 mil dos mais de 5,3 milhões de microempreendedores individuais (MEI) do Brasil estão no Ceará. Somando os MEI e as empresas de pequeno porte, cerca de metade dos empregos formais e um terço do PIB são gerados por empresas e empreendedores com o perfil que o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – Sebrae atende. Alás, 99% das empresas registradas no País se encaixam nessa categoria.
No Ceará, a instituição que pertence ao Sistema S é dirigida desde 2015 pelo superintendente Joaquim Cartaxo. Arquiteto de formação – o Centro de Eventos do Ceará é assinado por ele – e mestre em Planejamento Urbano e Regional (USP), já havia sido titular da Secretaria das Cidades do Governo do Estado e do Instituto dos Arquitetos do Brasil – IAB, de 1996 a 1999.
Graduado em Arquitetura e Urbanismo pela UFC e mestre em Planejamento Urbano e Regional pela USP. Foi presidente do IAB/ CE nos biênios 1996/1997 e 1998/1999 e secretário das Cidades do Governo do Estado do Ceará, de 2007 a 2010. Diretor Superintendente do Sebrae Ceará no quadriênio 2015/2018 e reeleito para o quadriênio 2019/2022.
De acordo com Cartaxo, os próximos desafios da sua gestão – que se encerrará em 2022 – devem ser estimular os negócios relacionados a economia criativa, principalmente na capital e nos municípios de Juazeiro do Norte e Sobral; fomentar as rotas turísticas existentes e a do Cariri, recém criada; desenvolver os projetos para que Fortaleza continue como Cidade Criativa do Design (reconhecimento dado pela Unesco em outubro) e ampliar a presença das pequenas empresas no universo digital.
O Sebrae acompanhou ao longo das últimas décadas várias transformações da economia. Como essas transformações, na maneira de consumir, produzir e divulgar produtos, principalmente no varejo, se relacionam com a instituição?
O principal desafio continua sendo o acesso às novas tecnologias?
Os clientes dos nossos clientes são majoritariamente digitais, entretanto os nossos clientes ainda são majoritariamente tradicionais. Precisamos fazer com que estejam em sintonia, fazer com que a tradição se renove e entre na economia do século 21, que é digital.
Desde o início do ano o sistema S lida com a possibilidade de diminuição dos repasses, estudada pelo Ministério da Economia. Caso haja corte em 2020, qual será o impacto no Ceará?
É um tencionamento cotidiano, a direção nacional, formada pelo presidente Carlos Melles, pelo diretor técnico Bruno Quick e pelo nosso conterrâneo Eduardo Diogo, na diretoria administrativa, está negociando. Retirar hoje 400 milhões do orçamento do Sebrae para a criação de uma agência de turismo ligada a Embratur, e essa é a proposta que está na mesa, significa que o Sebrae vai ser afetado no atendimento dos nosso clientes do setor do turismo. E no caso do Sebrae Ceará esse setor é importantíssimo, mobiliza muito a instituição, temos cinco rotas turísticas que estão em fase de implantação e se isso vier a ocorrer, vamos estar em uma situação muito difícil para atender a esse segmento de ponta para o Ceará. Eu acho que se acontecer, será o setor mais afetado.
A implantação dos três hubs podem ativar diversos setores da economia. A ação do Sebrae pode mudar para contemplar essas possibilidades abertas pelos hubs?
Nós temos uma série de coisas que podemos trabalhar, incentivando o encadeamento produtivo a partir dos hubs. Dentro do Sistema S, o Sebrae tem uma diferenciação, porque cuida de comércio, serviços, indústria e agricultura. Todos os segmentos da economia, do ponto de vista das pequenas empresas, o Sebrae se debruça para apoiar. Um ponto que está começando a se constituir é o da economia criativa. Fortaleza foi reconhecida agora pela Unesco como cidade criativa, passa a fazer parte de um grupo seleto, e o Sebrae teve uma participação muito intensa nesse projeto, em parceria com a Prefeitura de Fortaleza.