Michele Abatemarco fala dos desafios à frente da Newsedan, divisão premium da Newland

Com a responsabilidade de unificar e aperfeiçoar processos em quatro estados diferentes – Ceará, Pernambuco, Piauí e Paraíba – o executivo Michele Abatemarco assumiu, em março, a direção executiva da Newsedan, segmento premium do grupo Newland. Esta divisão, que representa as marcas Mercedes-Benz, Jeep, Jaguar e Land Rover, possui mais de 400 colaboradores trabalhando em oito lojas espalhadas em Fortaleza (3), Recife (1), João Pessoa (2) e Teresina (2).

Mineiro de ascendência italiana, Abatemarco é graduado em Engenharia Mecânica e pós-graduado como Executivo Internacional pela FGV e em Gestão de Negócios pelo Insper. Possui 23 anos de experiência na indústria automobilística: foram 18 anos de trabalho no Grupo FCA (FIAT – Chrysler Automobiles), onde iniciou carreira como estagiário e chegou à posição de Gerente Nacional de Varejo e Planejamento , além de mais quatro anos como superintendente da divisão de automóveis do Grupo Rodobens.

O executivo considera que “formou-se” dentro da montadora e posteriormente passou a atuar no mercado do varejo e brinca que, neste percurso, “deixou de ser martelo para ser prego” e atualmente comanda um negócio responsável por uma média de 450 veículos de luxo comercializados ao mês (sendo 350 novos e 100 seminovos), chegando a marca de cinco mil vendas em 2017.

A sua trajetória foi construída, quase integralmente, na fábrica. Como surgiu este desafio de trabalhar com o público final e em um mercado que você não conhecia, como o do Nordeste?

Sem dúvida, eu tinha 18 anos de FCA e quatro de Rodobens. Como eu fazia parte das comissões das associações das montadoras, inclusive da Toyota, onde o Luíz (Teixeira de Carvalho, Presidente do grupo Newland) é diretor, recebi dele o convite. Inicialmente o Nordeste não era uma alternativa clara. Mas reconhecendo os méritos e resultados do grupo, a maneira de conduzir o negócio e como é um ‘player best in class’, como chamamos, me senti lisonjeado e desejoso para fazer parte desse grupo e assumi em março.

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Antes do grupo Newland, o executivo passou pelos grupos FCA e Rodobens, somando 22 anos de experiências anteriores no setor.

Você vinha do chão de fábrica, foi para o varejo no ramo de consórcios e financiamentos e posteriormente para a venda direta. Como foi esta transição?

Eu fui “formado” pela fábrica, mas tinha necessidade também de passar pelos outros setores do negócio de automóveis. A gente como fábrica sempre diz: faz A, faz B, faz C, mas eu ainda não havia tido a oportunidade de executar aquilo que a gente projetava. Então eu tinha em mente o desejo de me capacitar também deste lado do negócio pra me tornar um profissional mais completo. Na fábrica eu já tinha feito o 360º, passado pela engenharia, qualidade, produção, pós-vendas, vendas, enfim, entrei como estagiário e saí como gerente 18 anos depois. Pensei: eu conheço bastante aqui dentro, mas e lá fora? Quais são de fato os desafios do outro lado deste business? Quando a oportunidade no grupo Rodobens surgiu, eu tomei a decisão. Aí mudei de lado na relação, passando a executar o que as marcas definem como critério, percebendo o tamanho da complexidade do negócio do varejo automotivo. É um desafio muito grande, mas hoje eu tenho o diferencial de saber como uma montadora se movimenta pra poder executar do lado de cá.

Qual é o seu maior desafio à frente da divisão premium do Grupo Newland?

O maior desafio em um grupo que cresceu bastante é implementar processos de governança uniformes, para o grupo inteiro, em cidades e mercados diferentes. Ou seja: em realidades diferentes de mercado, fazer com que a empresa tenha processos bem reconhecidos e consolidados para que a gente consiga maximizar as operações comerciais com processos sadios. O grande desafio é fazer esse grupo se movimentar da mesma forma, com os mesmos valores, independente da cidade que a gente esteja. E são valores que o Luiz Teixeira (presidente) e Ronaldo Munhoz (superintendente) prezam muito, como atender bem, ter unidades bem preparadas, estar próximo ao cliente e zelar pela transparência. A necessidade de estar ali respirando o negócio é muito intensa, e eu estou sempre no showroom das unidades, avaliando os processos. A gente respira a operação, depois se reúne, planeja, ajusta e volta pra operação.

Este segmento de luxo está em alta?

Nos últimos anos sim, apesar do aperto atual do mercado, o segmento premium vem se destacando no Brasil, ganhando mais participação. Existe uma expectativa grande de crescimento na faixa dos veículos acima de R$ 100 mil, que pra nossa realidade é um valor bastante relevante. Esse ano deve crescer na casa de 15%, o que já é bem expressivo.

Qual a marca que tem crescido mais no grupo?

A Jeep é uma marca que tem atingido números muito relevantes, sobretudo posicionando o Compass e o Renegade como líderes do segmento small SUV. O Compass se consolidou, tem mais de quatro mil unidades vendidas por mês e isso aumentou muito a base de clientes com quem a gente se relacionava. Após a era dos importados, começou com o Renegade, sendo produto único, mas quando chegou o Compass demonstrou crescimento mais expressivo. Esse crescimento se inicia pela venda e depois de aproximadamente um ano vai para o pós-vendas, quando começam as revisões programadas. Então as unidades de vendas que começaram menores hoje são robustas, sendo uma das marcas que demonstrou o maior patamar de crescimento.

E em segundo lugar?

A Mercedes-Benz é uma marca importantíssima para o grupo que se consolida de um ano pro outro, sendo líder no mercado premium no mercado nacional. Outra nova marca que o grupo investiu em Teresina e teve um crescimento expressivo foi a Jaguar Land Rover. Este fabricante desenvolveu novos produtos e as vendas estão em ritmo crescente. Mas no momento estamos com uma expectativa muito grande com dois produtos novos da Mercedes, principalmente a Classe X, segmento onde deverá haver o maior crescimento da divisão premium da Newland. A picape de luxo está prevista para chegar em meados de 2019 e já estamos preparando nossas unidades, a estrutura de vendas e pós-vendas, pois esperamos um aumento considerável no volume de vendas da marca Mercedes. Além dela, estamos ansiosos também pelas novidades que serão apresentadas no Salão do Automóvel deste ano.

Apesar de as picapes terem um público fiel, o “boom” das picapes de luxo passou e uma fatia destes consumidores migrou, na última década, para o de SUVs. Você acredita que a Classe X vai revitalizar este segmento?

O mercado de picapes de luxo é restrito de alternativas. A Mercedes está pensando em um produto diferenciado que começa no topo das premiums atuais. Nós temos expectativas de que o cliente picapeiro tenha uma nova alternativa de picape premium, aproveitando também a percepção de robustez da marca Mercedes, reconhecida também nos veículos comerciais e que garante a excelência do produto.

As ações de marketing e relacionamento do grupo vão ser reforçadas?

Temos buscado transformar as nossas unidades em ambientes que não sejam só de comercialização de automóveis, mas um espaço para relacionamento com o grupo. Temos promovido eventos como coquetéis, cafés e outras ações para que o cliente seja convidado para vir em um momento que ele não está comprando automóvel, mas que está se relacionando com o Grupo e com a Marca. Queremos ser reconhecidos como pontos de encontro agradáveis para a sociedade local. Esse movimento, associado aos eventos externos que patrocinamos, faz com que as pessoas se sintam próximas à NewSedan.

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