Com uma vida dedicada à educação, o empresário, professor e engenheiro Oto de Sá Cavalcante fez da sua vocação um dos negócios mais bem sucedidos do Ceará. Filho de educadores, começou a trabalhar como professor em 1964 e, 36 anos depois, fundou o Colégio Ari de Sá, uma das principais referências em ensino privado no Brasil. Também criou e dirige a Faculdade Ari de Sá, além de ter fundando e presidir o conselho administrativo da holding Arco Educação.
A empresa administrada pelo seu filho, Ari de Sá Neto, é proprietária do SAS, um dos maiores sistemas de ensino e de serviços de assessoria pedagógica do Brasil, e a primeira empresa genuinamente cearense a abrir capital na bolsa de valores Nasdaq, em Nova York.
Aos 72 anos, o engenheiro de formação, que abandonou a construção civil há duas décadas, diz com orgulho: “hoje eu só faço engenharia educacional das empresas da nossa família”. Oto não pensa em parar e já planeja um novo colégio e a expansão da faculdade, que está se estruturando para solicitar ao Ministério da Educação novos cursos superiores.
A empresa do qual o senhor é acionista majoritário, a Arco Educação, fez IPO em Nova York (Nasdaq), não na Bovespa, em São Paulo, mesmo sendo uma empresa brasileira. Como surgiu essa oportunidade?
A ideia veio da General Atlantic (fundo de investimentos que gere mais de US$ 24 bilhões em todo o mundo). O presidente deles no Brasil, Martin Scolari, falava que a gente ia pra Nasdaq e eu achava que era brincadeira, mas acabou acontecendo naturalmente, como consequência de um trabalho árduo. Quando o Ari (de Sá Neto, CEO da Arco) foi para o MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), voltou com uma bagagem muito boa, com a cabeça arejada e muita vontade de empreender. De lá pra cá, a gente se dedicou muito, ele trouxe muita gente boa pra trabalhar conosco e acabamos chegando lá com a chancela da General Atlantic.
Como vocês chegaram à General Atlantic?
Nós conversamos com muita gente, até com o Jorge Paulo Lemann (fundador do conglomerado 3G Capital), e nos associamos com quem achávamos que somaria ao nosso negócio sem que a gente perdesse a identidade. Quando nos associamos, em 2014, a meta era crescer. Nós conseguimos um crescimento vegetativo e através de aquisições. A parceria com a GA trouxe melhoria dos processos internos, da governança, aperfeiçoamento de pessoal e nós deixamos tudo redondinho. Entrar na Nasdaq foi uma consequência natural.
A convivência com a G.A. é boa?
A nossa convivência é a melhor possível. A General Atlantic não quer administrar a nossa empresa, ela quer dar grandes ideias. A equipe, muito bem liderada pelo Ari, fez um trabalho primoroso, mas sem a G.A. não teríamos chegado à Nasdaq. Mais importante que os recursos, foi a cultura absorvida da G.A.
O senhor acredita que abrir capital na Nasdaq foi o momento mais difícil da sua trajetória como empresário?
Não. A Nasdaq foi, de fato, consequência de muita dedicação e de um trabalho bem feito. O passo mais difícil da minha trajetória foi em 1976, quando eu tive que pedir empréstimo ao coronel Humberto (Bezerra, então presidente do Bic Banco). Na época, nós estávamos ameaçados de despejo pelos donos do prédio onde funcionava o colégio da nossa família, que não queriam renovar o contrato de aluguel. Eu fui lá conversar com o coronel e, mesmo sem garantia, ele acreditou na nossa capacidade e concedeu o empréstimo, até que negociamos e compramos o imóvel. Este, sim, foi o passo mais difícil. Se não fosse aquele empréstimo, provavelmente eu estaria dando entrevista agora sobre outro assunto (risos).
As outras duas empresas da família, o colégio e a faculdade Ari de Sá, também receberão novos investimentos?
O objetivo agora é consolidar a faculdade e depois expandir. Estamos estudando abrir novos cursos, e já estamos com um anexo em construção, que será concluído em 2019. Mas estamos indo devagar no momento. Quanto ao colégio, estamos aguardando apenas a aprovação da Prefeitura para iniciarmos a construção de uma unidade no Bairro de Fátima, no terreno onde funcionou a Queiroz Galvão; e também estamos construindo outro anexo na unidade da Aldeota.
Qual a capacidade desse próximo colégio e quando começam as obras?
Nós esperamos concluir todos os trâmites o mais breve possível e começar a levantar o prédio. Vamos construir em três etapas, cada uma com 10 mil m² de área construída, totalizando 30 mil m² (medida semelhante aos colégios da Washington Soares e da Aldeota após a conclusão do anexo), e capacidade para receber três mil alunos.