A construção da excelência pela Reata

Confira os melhores momentos em vídeo e a entrevista na íntegra abaixo:

Da insatisfação e do perfeccionismo de um arquiteto com o padrão construtivo vigente em Fortaleza, surgiu a Reata Arquitetura & Engenharia. O nome é uma referência à fazenda onde o personagem do ator James Dean encontra petróleo no clássico Assim Caminha a Humanidade, conta o fundador da Reata, Jayme Leitão. Arquiteto desde 1979, ele é responsável por mais de 150 projetos no Nordeste, cinéfilo e apaixonado por comunicação visual.

Além da homenagem ao cinema, Jayme já esboçava com a escolha do nome Reata a característica básica da empresa: a união e parceria para uma objetivo comum. Afinal, a empresa nasceu em 1988 com o objetivo construir em regime de condomínio fechado, sem incorporação, e hoje é controlada por Jayme, que se dedica também à concepção dos projetos e à formatação jurídica, e pelo seu filho Renato Leitão, que cuida das relações comerciais com o mercado.

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Jayme e Renato Leitão

Nestes 31 anos, a Reata responsabilizou-se pela construção de mais de 492 mil m² em 53 obras. “Nós já provocamos investimentos de mais de R$ 2 bilhões nessas obras, mas quem faz tudo isso é o nosso condômino, somos apenas os catalizadores”, destaca Jayme. Algumas destas construções são icônicas, como o corporativo Torre Santos Dumont; os residenciais de alto padrão Fernando Silveira, Palmares, Delos; o flat Iate Plaza e o condomínio de casas de veraneio Monteflor, em Guaramiranga. Além destas, outros quatro empreendimentos estão em andamento ou prestes a iniciar – o empresarial Metropolis, o Excelsior e os recém-lançados Domo e Savoy.

Estes últimos serão construídos na região do Meireles, onde a Reata se especializou, e devem ser entregues até 2022. O Domo terá 41 unidades de 400 m² privativos, ao lado do Ideal Clube, e um terreno na frente com estacionamento exclusivo para visitantes, ligando a portaria do edifício à entrada lateral do clube. “É um projeto único em Fortaleza. Um prédio na orla totalmente voltado para o nascente, com 200 metros de vista eternizada para o leste”, orgulha-se o autor do projeto. Já o Savoy, na esquina das ruas Leonardo Mota e República do Líbano, terá unidades de 330 m².

“O Savoy naturalmente será de alto luxo, uma localização espetacular, com terreno de 2,5 mil m², uma planta muito funcional e uma esquina de onde se pode fazer tudo a pé. Já o Domo tem, na minha opinião, o melhor terreno da história da Reata: todas as características e vista de um prédio da Beira Mar, mas levemente afastado do aterro e da Monsenhor Tabosa, e completamente voltado para o nascente. É uma situação impossível de replicar: na Beira Mar, com 200 metros de nascente definitivo. E na quadra à frente, compramos o terreno do meio, bem na frente do Domo, com 14 vagas de visitantes e acesso para a Monsenhor Bruno, para evitar qualquer verticalização que prejudicasse a vista. A ideia é fazer o melhor prédio de Fortaleza”, emenda Renato.

Entre as inovações que a Reata implementou no mercado imobiliário em Fortaleza nestes 31 anos, quais aquelas que mais lhe orgulham?

Jayme Leitão – Se tivesse que escolher um aspecto, creio que seria: nós demonstramos a importância e a força da concepção, do projeto. Já fizemos coisas realmente impactantes em Fortaleza, como a Torre Santos Dumont, um projeto que tem 20 anos e continua sendo o melhor corporativo de Fortaleza, quebrando muitos paradigmas de uma vez só, como piso elevado, catracas de acesso e várias outras coisas. Inovamos nos revestimentos, como o ACM e o porcelanato nas fachadas. Retiramos os muros e tornamos as grades uma tendência dominante em Fortaleza, favorecendo a ventilação e a beleza dos passeios, valorizamos o aspecto paisagístico, a preocupação com o entorno, a adoção de obras de arte que valorizam a implantação urbana de nossas obras. Ainda que com uma participação muito pequena em termos numéricos na imensa e desigual cidade que é Fortaleza, porque estamos confinados ao alto padrão, creio que o nosso trabalho se tornou a maior referência para o mercado imobiliário em nossa região. E esse é um reconhecimento que nos orgulha, com razão.

Todos estes projetos foram erguidos em regime de condomínio fechado?

Jayme Leitão – Sim, desde o primeiro, só trabalhamos no regime de condomínio fechado, de mutirões organizados no sistema de administração a preço de custo, e até o nome Reata sugere um pouco disso, da união. Nunca quisemos depender de banco, arriscar, queríamos fazer uma coisa associativa, e pensei num slogan que traduzisse o que a gente faz: nós não temos clientes, temos sócios. Cada prédio da Reata funciona como uma empresa. Nós reunimos as pessoas interessadas e elas pagam a obra em tempo real, ou seja, somos uma empresa organizadora de mutirões, simplesmente. A grande vantagem para o condômino é o custo de 30% a 40% inferior ao mercado. Pelo nosso lado, não recorremos a qualquer tipo de financiamento e retiramos o risco de nossa atividade. Claro que a limitação é que o condômino deve suportar o desembolso em tempo real, e isso implica que estamos restritos a terrenos muito exclusivos e uma fatia muito privilegiada do público. Lamento que ainda não haja condições macroeconômicas no país para que possamos levar nossa arquitetura para outras faixas de mercado, mas esperamos que a referência de nosso trabalho seja uma influência positiva para outras faixas do público. Assim, podemos contribuir para uma cidade melhor.

Para quem planeja comprar imóvel em condomínio fechado, o que se precisa ter em mente e quais são as principais vantagens?

Renato Leitão – A empresa tem que ter tradição e entender desse mercado, porque não é tão simples participar, em função da raridade dos grandes terrenos. É preciso verificar se a empresa organizadora tem tradição em orçamentos realistas, porque lamentavelmente já houveram casos recorrentes da prática de apresentar um orçamento inicial falso, como estratégia equivocada para atrair condôminos que se veriam surpreendidos ao longo do processo com aumentos inesperados do custo contratado. Naturalmente, nós denunciamos essa prática com muita firmeza, tanto para preservar o mercado como para evitar a concorrência desleal. Já as principais vantagens para o condômino são: a segurança jurídica, porque é um mutirão organizado onde todos são sócios, sem bancos ou hipotecas; a qualidade, já que os próprios condôminos estão adquirindo os melhores materiais e processos; e o preço final. Somos uma espécie de instrumento profissional para que o comprador de maior poder aquisitivo seja o incorporador da sua própria unidade. Como a obra só começa depois do grupo formado, o risco é zero, não hipotecamos terreno, nada disso. E isso tudo feito – adquirido um terreno excepcional em boas condições de compra, feito um projeto de alto resultado custo/benefício, vem como decorrência o ganho real… Por exemplo: no Palmares, apartamentos com 400m² de área privativa, um condômino gastou em torno de R$ 2,5 milhões numa unidade que vale mais de R$ 5 milhões. É uma vantagem clara, caso se tenha condições de participar de um condomínio fechado, com orçamento realista, feito por uma empresa que saiba agregar valor ao produto através do conceito, do projeto.

Nessa busca pelos terrenos perfeitos, a Reata tem adotado soluções como construir em terrenos ocupados por prédios antigos, resignificando áreas nobres…

Renato Leitão – Uma coisa que a gente sempre diz na Reata é que os grandes terrenos hoje têm que ser fabricados, não estão à venda por dinheiro, mas por uma ideia. É uma espécie de combinação complexa de diversas arquiteturas: de projeto, jurídica e financeira.

Jayme Leitão – O bacana nisso que estamos fazendo hoje, de fabricar terrenos, é que a gente acaba tendo um papel muito importante na vida de muitas pessoas. Não falo dos condôminos dos empreendimentos de luxo, mas dos proprietários de imóveis antigos que estamos remodelando ou realocando dentro dessas operações imobiliárias. Por exemplo: no Versailles, que era o prédio em que houve um desabamento de varandas, as pessoas estavam sem perspectiva alguma. Juntamos os moradores do edifício vizinho, o Amadeus, fizemos um prédio novo onde realocamos esses moradores, e os do Versailles vão voltar pra lá em um apartamento novo no Ed. Excelsior, com outra perspectiva, iniciando um novo capítulo em suas vidas.

Em algum momento vocês pensaram em fazer incorporação também?

Renato Leitão – Não, somos especialistas em condomínio fechado. Por volta de 2006 ou 2007, no boom, a gente pensou em virar incorporadora. Inclusive fomos procurados por algumas empresas de São Paulo e até chegamos a firmar parceria com a Agra. A gente ia se espalhar para outras cidades, mas decidimos permanecer pequenos e donos do nosso próprio destino.

A decisão se mostrou acertada ao longo do tempo?

Renato Leitão – Muito! A única solução que tem para o grosso do mercado é a incorporação, mas enquanto o consumo não for reativado, o país estiver a pleno emprego e o crédito voltar a aparecer com taxas realmente baixas, a incorporação não se viabiliza, e deve até ser entendida como atividade sazonal numa economia em processo de consolidação como a brasileira. E nós trabalhamos em um nicho que é muito inelástico durante as crises: é alguém que pode pagar durante a obra, em tempo real, ou seja, uma classe muito restrita que ganha tanto quando a economia está pujante, como no cenário de crise, onde esse público ganha dinheiro pelas oportunidades de investimento que aparecem num ambiente recessivo.

A Reata está construindo o Metropolis, edifício comercial na Santos Dumont. Você acredita que o mercado de Fortaleza tem condições de absorver novos empreendimentos comerciais?

Renato Leitão – A ideia do Metropolis é uma torre corporativa, não um edifício de salas. A nossa visão é que, no futuro, não exista mais esse tipo de espaço, e que as empresas tendem a sair da rua e ir para grandes complexos corporativos. Enquanto isso, os coworkings vão ficar cada vez maiores e comuns, com mais serviços. No Metrópoles são duas lajes fracionadas e as outras são lajes corporativas de 500 m², que estão na mão de poucos investidores. Eu digo que o Metrópolis será o projeto top do segmento corporativo.

Foi o primeiro empresarial da Reata?

Renato Leitão – Não, o primeiro continua sendo referência em Fortaleza, a Torre Santos Dumont. O terreno retangular que permite fazer todas as esquadrias para o nascente, e não um corredor dividindo salas, foram muitas inovações que hoje são quase obrigatórias: 16 anos depois de inaugurado, a Torre continua absolutamente contemporâneo, à frente. E a ideia do Metrópolis é a mesma: levar a arquitetura corporativa de Fortaleza para outro patamar.

Vocês têm outro projeto de edifício corporativo em desenvolvimento?

Renato Leitão – Depois do Metropolis, vamos continuar nos dedicando ao segmento residencial de alto padrão, onde sempre atuamos. E veja que isso não quer dizer exclusivamente unidades tipo um por andar, de grande área. Afinal, a boa arquitetura pode valorizar obras com unidades de qualquer área. Podemos dar um exemplo no Ed. Mirador, que concluímos agora, atrás da panificadora Contrigo, na esquina da José Napoleão com a Juazeiro do Norte: é um prédio com 3 unidades de 90m² por pavimento, mas o resultado estético da obra nos surpreendeu, é tão impactante como o de um prédio com unidades de área muito maior. Ou seja: tamanho não é documento.

Como o seu fazer como arquiteto influi na sua carreira como empresário?

Jayme Leitão – Eu fui entendendo, com o tempo, que teríamos uma profunda vantagem competitiva sobre os nossos concorrentes, que não tem a mesma visão de produto, de projeto. Mas é o conceito, o projeto, que realmente move o mundo. Na composição do prédio, a construção em si é uma commodity, e tem que ser feita dentro das normas técnicas, com toda a competência. Mas as pessoas não compram o apartamento porque tem a colunas bem localizadas ou porque o encanamento está no prumo. Compram porque acham bonito, porque se sentem bem, porque se veem morando ali. O importante pra gente é o raciocínio abstrato, escolher o terreno certo e desenvolver o projeto certo. A obra em si é o final, mas não é o nosso cerne, o nosso DNA. E, por ser empresário, eu acho que melhorei muito como arquiteto, porque me obriguei a criar na escassez, a criar soluções simples gastando menos. Digo sempre que, na arquitetura como em qualquer arte, não há a menor relação entre o custo investido e o resultado obtido. É só ter a ideia certa…

Para você, arquiteto e empresário da construção, qual o papel que a arquitetura residencial exerce na cidade?  

Jayme Leitão – Entendo que a boa arquitetura tem que ser memorável, tem que ser a celebração de uma época e do empenho dos que a ergueram. A boa arquitetura deve ser permanente. Eu me preocuparia bastante se, daqui a 10 ou mais anos, eu passasse em frente a um projeto meu e dissesse: ‘meu Deus, como é que eu pude fazer isso?’. Porque a arquitetura é antes de tudo um legado que se deixa para a cidade, para as próximas gerações. Assim, como disse o poeta, melhor desistir de ser moderno e pensar no eterno….

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