Heitor Freire e Lucas Fiuza: nomes e estratégias do PSL para 2020

O presidente do PSL Ceará, deputado federal Heitor Freire, aponta metas para o partido: 30 mil filiados, presença em 150 municípios, até 50 prefeitos eleitos e a Prefeitura de Fortaleza. Foco em 2020, os nomes para disputa na Capital ainda são muitos e estão dentro e fora do partido.

“Eu tenho boa relação com Capitão Wagner (Pros), pode dar em casamento. Também o PSL pode lançar uma candidatura própria”. Na lista de soluções caseiras, Heitor coloca Lucas Fiúza, presidente da sigla em Fortaleza, Albino Oliveira, João Luiz e a si próprio. “Temos muitos bons nomes dentro do partido”. O deputado estadual André Fernandes, que ficou do outro lado no racha do partido, está fora da lista. “Ele pode ter um futuro brilhante como político, mas acho ele muito novo e muito inexperiente ainda”.

Os critérios de escolha estão postos: o candidato deve ser “de direita, conservador e alinhado com nosso presidente Bolsonaro”, diz Heitor. O perfil de gestor é indispensável: “A questão de gestão é muito importante”, endossa Lucas Fiúza.

Outra coisa já certa, garante Heitor, é a autonomia para escolha do candidato. “O consenso tem que vir da municipal e da estadual”, diz o deputado, ressaltando que a escolha será sua e de Lucas. Bolsonaro será ouvido, mas não apontará nomes. “O presidente mesmo disse que não vai entrar numa política partidária”.

Heitor Freire e Lucas Fiuza concederam entrevista exclusiva ao Tapis Rouge no último dia 17 de agosto, logo após evento de filiação e apresentação de estratégias para 2020. Confira.

Heitor Freire E Luas Fiuza
Heitor Freire E Luas Fiuza

O PSL está encerrando hoje um dia de filiação. Qual é a meta de vocês para o Ceará?

Heitor Freire: Foi um lindo evento, calmo e além das expectativas. Foi um movimento nacional, o Dia Nacional de Filiação. Nós vamos iniciar uma agenda de filiações, de preparação para pré-candidatos. Esse foi um grande start. Nossa contagem no meio do dia foi em torno de mil novos filiados. Temos 12.800 filiados atualmente, com esses mil vamos para quase 14 mil. A meta é chegar a 30 mil filiados em todo o Estado do Ceará. Esse evento que aconteceu em Fortaleza está sendo replicado em muitas cidades, no Crato, Juazeiro, Paracuru…

O evento também serviu de alinhamento para as eleições municipais de 2020. O que foi apresentado?

Heitor: Eu recebi o partido em março de 2018, que foi também quando o presidente Bolsonaro, então deputado, se filiou. Quando recebi, era um partido nanico, sem dinheiro, sem tempo de TV e totalmente desorganizado. Tive que preparar rápido o partido para as eleições de 2018. Agora, estamos preparando o partido em todo o Estado para as eleições municipais. Foi apresentado um pouco o trabalho do PSL no Congresso Nacional, sendo a infantaria, a linha de frente do presidente Bolsonaro. É um partido que está levando as mudanças. Fomos o primeiro partido a fechar a questão sobre a reforma da Previdência, temos propostas quanto à reforma tributária. Eu, pessoalmente, tenho projetos que o ministro Sérgio Moro gostou para o pacote anti-crime. Ou seja, o PSL é o partido que está capitaneando as mudanças em Brasília. O Lucas, como presidente municipal, apresentou a visão da Capital.

Lucas Fiuza: Fortaleza é determinante para uma renovação sustentável da política do Ceará. Temos um projeto que é muito claro: parar de atrapalhar o empreendedor, focar no que importa, reduzir a máquina do Governo e conscientizar as pessoas que elas têm opção. A gente não tem mais que estar preocupado com eventual perseguição porque não estamos só. Temos um partido grande, temos o apoio do presidente, temos um deputado engajado, que não tem medo. Essa situação de perseguição, ela é a corrente. Nós já somos perseguidos para empreender e para ter uma vida decente aqui. A Cidade está muito perigosa, é difícil de empreender. A gente apresentou o que chamamos de “o óbvio”, que é parar de atrapalhar e focar no que importa. Falamos da segurança de que esse grupo político vai encarar isso com seriedade e tem condições reais de cumprir a missão, comprovadamente com dados da performance eleitoral do presidente Jair Bolsonaro aqui. Mesmo com toda a máquina estatal, com a oligarquia, teve uma diferença de 5% dos votos em Fortaleza em relação ao candidato que ficou em primeiro lugar.

A agenda do Governo Bolsonaro é de reformas. O projeto de vocês para Fortaleza vai no mesmo sentido?

Heitor: Também. Não somente reformas, mas enxugar o Estado, a intervenção estatal. Vemos aqui na Prefeitura de Fortaleza a insegurança jurídica. Como vai empreender, abrir um novo negócio em Fortaleza, aí mês que vem o prefeito resolve aumentar o IPTU, resolve taxar alvarás? O PSL vem fazendo isso em nível nacional com medidas como a da liberdade econômica, reforma da Previdência, reforma tributária. Isso precisa ser feito a nível local também. A Prefeitura tem prerrogativas e ela influencia diretamente o pequeno empreendedor. Esses pequenos negócios, que são de sobrevivência, muitas vezes não podem empreender devido a uma burocracia, perseguição. Isso também precisa ser alinhado em nível local. É muito importante que essa mudança, que já chegou em Brasília, que está sendo feita de forma muito coerente, comprometida, seja feita também em nível local. A Câmara Municipal tem o papel que o deputado federal tem lá em Brasília. E eu pergunto: Cadê os vereadores de Fortaleza, que não fiscalizam as obras da Prefeitura? Desde que eu me entendo por gente vejo que, quando chove, as ruas de Fortaleza alagam. Cadê os vereadores, que não estão cobrando isso do prefeito? Eles fazem obras e depois não fiscalizam.

Qual a estratégia do PSL para o Legislativo Municipal?

Heitor:A Câmara tem um papel específico, assim como o deputado federal, que faz leis, revoga leis e fiscaliza. O vereador tem um papel importantíssimo aqui em Fortaleza. Temos bons vereadores, mas são minoria, chegam a no máximo cinco ou seis que estão empenhados no trabalho para o qual foram eleitos. Mas a grande maioria é apenas capacho do prefeito. Isso não pode acontecer. O Legislativo é um poder independente. Tem que trabalhar de forma harmônica, o Judiciário, o Legislativo e o Executivo, mas são poderes independentes. Agora, infelizmente, não é o que eu tenho visto aqui em Fortaleza.

Há vários possíveis nomes para disputar a Prefeitura de Fortaleza pelo PSL, como Heitor Freire, André Fernandes… Há também nome próximo ao partido, Capitão Wagner (Pros) principalmente. Como será escolhido o candidato? Os senhores acreditam em um consenso?

Heitor: A nossa inspiração, o nosso líder político é Jair Messias Bolsonaro, o presidente da República. Estaremos alinhados, mas o presidente Bolsonaro já foi muito claro que não vai interferir em uma política partidária. Ele é apenas filiado ao PSL, não está na Executiva e não vai apontar dedos para quem vai ser candidato. Ele é nossa inspiração, mas a decisão de quem é candidato ou não é uma prerrogativa do diretório estadual. No caso do Ceará, eu sou o presidente estadual, Lucas é o presidente municipal. O consenso tem que vir da municipal e da estadual. Lucas tem poder independente em Fortaleza, ele vai me apresentar um nome. Eu tenho um bom relacionamento com Capitão Wagner (Pros), ele é meu amigo, ele está pontuando bem nas pesquisas de Fortaleza, ele ofereceu a vice-prefeitura para o PSL. Então existe essa boa amizade e essa bom relacionamento. Muitos querem ser candidatos, mas o consenso tem que vir do municipal com o estadual, o nome vai ser definido entre esses dois.

O PSL, portanto, pode abrir mão de encabeçar a chapa?

Heitor: Com certeza. Nós não estamos brigando por poder, não é uma política individual em que eu quero aparecer. Eu não posso ser irresponsável e lançar qualquer candidato, uma pessoa que nunca na vida trabalhou, que nunca teve uma experiência de gestão. O prefeito é um gestor, um administrador do município. Não posso ser irresponsável e pegar qualquer nome. Nós tivemos bons candidatos que foram bem votados em todo o Brasil. Aqui dentro de Fortaleza eu tive uma boa votação, mais de 50 mil votos. Não é só por isso que vou me qualificar para ser candidato. Primeiramente, tem que ser de direita, conservador e alinhado com nosso presidente Bolsonaro. Obviamente, se tiver o apoio do nosso presidente, bingo, vencemos. Porém, essas não são as únicas qualidades. Vamos analisar o aspecto de gestão da pessoa, vamos avaliar a composição dele, como o nome vai ser avaliado. O que querermos em Fortaleza nesse momento é vencer uma oligarquia que se perpetua no poder há muitos anos. Lucas tem esse mesmo pensamento. Estamos conversando bastante, nada está definido neste momento. Eu tenho boa relação com Capitão Wagner, pode dar em casamento, como também o PSL pode lançar uma candidatura própria. Lucas é um bom nome para ser candidato a prefeito, eu avalio. Ele já me disse que não quer, mas eu já disse para ele, eu gosto do nome dele, o empresariado gosta, é um gestor. Assim como temos o Albino Oliveira, que os movimentos de direita gostam, tem o João Luiz, tem a minha pessoa, temos muitos bons nomes dentro do partido.

E o deputado André Fernandes (PSL)?

Heitor:Eu acho que ele foi eleito como um legislador, assim como a minha pessoa, está numa primeira experiência no Legislativo. Temos que apresentar resultados, ele tem que apresentar resultados, ele pode ter um futuro brilhante como político, mas acho ele muito novo e muito inexperiente ainda. É um cargo de gestor, é uma pessoa que merece uma atenção especial. Fortaleza é uma das maiores economias do Brasil, então não podemos cometer os mesmos erros que já foram cometidos por outros partidos. Vamos avaliar alguns nomes, levar até a Executiva Nacional, ao presidente (Luciano) Bivar, que vai participar de formativa, o vice-presidente (Antônio) Rueda, e com o presidente Bolsonaro. Mas esse nome vai sair daqui. Tem muito coisa para acontecer.

Lucas: É uma questão qualitativa, não quantitativa. Se você fosse avaliar uma questão quantitativa para escolher um candidato, você pegava um cantor, um ator. A questão de gestão é muito importante. Você ter uma pessoa na função de executivo, que vai administrar uma metrópole com mais de 2,5 milhões de pessoas, que está cheia de problema, que precisa de choque de gestão e colocar uma pessoa só porque ela é famosa é uma irresponsabilidade muito grande. Não podemos colocar o povo de Fortaleza nessa situação. Vamos fazer o que é o certo, que é trazer uma pessoa – apoiando alguém, ou fazendo a nossa chapa – que resolva o problema e diga a verdade para o povo do que está acontecendo.

Qual será o peso do presidente Bolsonaro nessa decisão?

Heitor: O presidente, para nós, para o PSL, é o nosso líder. Ninguém está agindo de forma independente. O presidente mesmo disse que não vai entrar numa política partidária. Ele é o presidente de todos os brasileiros, de todos os partidos. Ele é o presidente da República. Ele não vai entrar numa política partidária, de apontar A, B ou C. Ele mesmo já disse isso, nós estamos respeitando a posição do presidente. O partido vai estar alinhado com a sua pessoa, com o seu pensamento, mas nós vamos, sim, avaliar junto com o presidente Bivar uma boa gestão. O presidente Bolsonaro está trabalhando e vai ser o melhor presidente da história dessa nação. Ele está trabalhando para desenvolver o nosso Brasil e nós, do PSL, vamos trabalhar para isso.

Lucas: O presidente Bolsonaro mostra uma maturidade política muito grande ao respeitar a posição institucional dele como presidente da República e respeitar as decisões partidárias, os mecanismos dos partidos, principalmente o dele. Ele sabe o peso que a opinião dele tem. É até delicado ele emitir qualquer tipo de opinião. Ele faz questão de mostrar respeito à autonomia dos partidos para que ele possa se preocupar com o trabalho dele e os dirigentes dos partidos se preocupem com o seu trabalho.

Existe certa impopularidade em algumas pautas do Governo Bolsonaro, principalmente na Reforma da Previdência, cujos frutos serão colhidos em muito longo prazo. Os senhores temem que essa agenda atrapalhe as candidaturas do PSL em 2020?

Heitor:De forma alguma, trabalhamos com a verdade. João 8:32, o presidente usou esse versículo e nós também usamos: “conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”. Nós trabalhamos com Deus no comando e com a verdade. Não podemos esconder o que é bom para o Brasil. Não existe ideologia em matemática, em economia. Um mais um é dois você sendo do PT, do PSL, do MDB ou do PSDB. O Brasil tinha um rombo na Previdência, estava quebrando, 64% do nosso orçamento eram utilizados para esse fim. Em qualquer nação de primeiro mundo era de 10 a 15%. E essa bola de neve ia aumentando. Todos os presidentes – Dilma, Lulca, FHC, Temer – quiseram pautar a reforma da Previdência, mas tinham medo de uma derrota que ia afetar a governabilidade. O presidente Bolsonaro, com muita coragem, pautou e foi vitorioso. A população entende. Eu me encontro diariamente com populares. Hoje você conversa com qualquer pessoa, até um pequeno vendedor, um pequeno empreendedor e ele sabe da burocracia dos impostos. Até mesmo os contadores têm muitas vezes dúvidas para entender os inúmeros impostos, mostrando a necessidade de uma reforma tributária. É tanto imposto que só vai dificultando e onerando a vida do cidadão, então reforma tributária o cidadão entende que é necessária, reforma política é necessária, reforma no Código Penal, que está sendo estudada na Casa, é necessária. Esse Governo e os congressistas, nesse momento, têm coragem de pautar as reformas e a população entende.

Como o senhor avalia a relação do Governo Bolsonaro com o Nordeste?

Heitor: O Nordeste tem sido um curral eleitoral da esquerda durante muitos anos. Você não consegue mudar a cabeça de uma pessoa do dia para a noite. São muitos anos de relacionamento esquerda-Nordeste, nós sabemos disso. Agora, nós temos uma oportunidade única, a direita chegou ao poder, o presidente Bolsonaro chegou ao poder. O que nós temos repetido é que as eleições passaram, a campanha acabou, o que temos de fazer é trabalhar. Por isso meu gabinete tem as portas abertas para todos, recebo todos os vereadores, todos os prefeitos e não pergunto qual o partido deles. Essa semana recebi um prefeito que me apresentou uma perícia de um hospital que está fechando. Não posso nessa hora perguntar: “qual o seu partido?” “você votou no Bolsonaro? Em mim?”. Eu atendo a todos e vou trabalhar por recursos para que o Governo Bolsonaro possa ter uma presença aqui. Nós vamos concluir BR-020, o Anel Viário… Estamos fazendo muito para mostrar ao Nordeste para o que viemos, que foi para trabalhar e melhorar a qualidade de vida do povo.

Lucas: esses foram temas que nós colocamos hoje para haver um alinhamento com o governo Bolsonaro. O Brasil está entrando num ciclo virtuoso com o governo Bolsonaro, está conseguindo reformas almejadas há tanto tempo, está fazendo muita coisa. São oito meses de governo e parece que são dois anos, tamanha a chacoalhada que foi dada no País. Não podemos ficar de fora, deixar que nossa Prefeitura e o nosso Estado se transformem apenas num encastelamento de oposição e deixar a população sem acesso a tudo que está acontecendo no País. Tudo isso está sendo feito com competência técnica. Há muito tempo a gente não via isso. Tudo isso está acontecendo no Governo Federal, que quer trazer isso para o Nordeste, para que a região se beneficie.

Quantos prefeitos o PSL espera fazer no Ceará em 2020?

Heitor:Temos muitos municípios. O partido, hoje, está presente em 50 municípios. A nossa meta é chegar a 150 municípios e quero trabalhar com entre 40 e 50 prefeituras para sermos vitoriosos. Temos Pacajus, Horizonte, Paracuru, Tianguá, Juazeiro, Crato, Barbalha, Brejo Santo, Tamboril… São muitos municípios que vamos trabalhar.

Qual a expectativa dos senhores para votações das reformas da Previdência e tributária?

Heitor: A reforma da previdência está praticamente concluída. O processo do Senado é bem menos burocrático do que o da Câmara dos Deputados, onde são 513 cabeças. No Senado são 81 cabeças. Através de PEC, depois, a gente vai pautando Estados e Municípios, Capitalização… Quanto à reforma tributária, a comissão especial já foi criada, já está encaminhada, acredito que sai neste ano também. A medida provisória da liberdade econômica foi aprovada, a lei orgânica do turismo… temos muitas coisas boas que estão acontecendo. A reforma tributária é algo que o presidente Maia quer, que as bancadas querem, que o Centrão quer. Então tem muitas coisas que estão andando.

Há muitas polêmicas no governo Bolsonaro. A mais recente foi a que culminou na saída do Alexandre Frota do partido. Isso atrapalha o governo?

Heitor: O Alexandre Frota não, era somente críticas ao presidente Bolsonaro. Hoje o PSL é a linha de frente do presidente. Então ter um deputado que critica o presidente é um desalinhamento, mas o agravante foi ele, como coordenador da Comissão da Previdência, não votar pela aprovação no segundo turno. Quando o partido fecha a questão, os deputados têm que seguir, o contrário é infidelidade partidária. Nada contra ele pessoalmente, não era alguém que estava no meu convívio pessoal. Ele já está no PSDB, que Deus abençoe ele lá, que siga adiante. Vamos continuar fazendo o nosso trabalho. Isso não atrapalha nada.

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