Projeto propõe transformar a Vila Pita em polo gastronômico e de serviços

Projeto sustentável promete requalificar área de duas badaladas ruas com histórico cultural da capital cearense. A ideia é transformar a Vila Pita em um novo polo gastronômico e turístico 

Texto:Emanuel Furtado
emanuelfurtado@ootimista.com.br
Foto: Beatriz Bley

Palco de artistas, shows musicais, encontros fortuitos e marcados; gastronomia, escritórios de arquitetura, galerias de arte, agências de publicidade e até de estúdio de gravação em um passado recente, as ruas Norvinda (antiga Ruazinha, ou rua do Fafi) e Sabino Pires (a paralela), na Aldeota, poderão ganhar nova vida com o projeto Vila Pita. A ideia é transformá-las em um polo gastronômico e de serviços especializados na área da cultura e economia criativa, fortalecendo ainda mais o espaço, que faz parte da memória afetiva de muitos fortalezenses.

O projeto prevê um binário-pedestre, assinado pelo arquiteto Ricardo Muratori, com uma alteração significativa no local, como a ausência de veículos e a implementação de gazebos, fiação subterrânea, mini anfiteatro, conversadeiras, chafariz, assim como áreas à céu aberto para mesas e eventos.

Quem está à frente do projeto é o publicitário Giovani Garcez. Entusiasta da arte, Giovani diz que pretende abrir também uma nova galeria no local e espera “que abram mais 20”. Ele conta que, ao longo dos últimos anos eram recorrentes os debates sobre a melhoria do espaço. “Em determinado momento eu coloquei na cabeça que iria pegar essa ideia e fazer acontecer”.

Nesse ínterim, conversou com inquilinos e proprietários dos estabelecimentos, realizou crowdfunding para pagar o projeto e dialogou com órgãos públicos sobre a viabilidade. “Entrei em contato com a secretaria da Regional II, que me pediu para fazer uma apresentação. Foi o começo de tudo”, diz Garcez, que há 10 meses trabalha para tirar a ideia do papel.

“É um projeto sustentável que tem vida própria. Vai se transformar em um espaço turístico. Vai criar vida”, avalia. Sua intenção é dar início às obras – que serão financiadas pela família proprietária dos imóveis – após o fim da pandemia, a depender também dos entendimentos com a Prefeitura Municipal de Fortaleza.

Procurada pela reportagem, a Prefeitura esclareceu que as ruas foram adotadas pela família e que o projeto de revitalização será apreciado pela Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania (AMC), “para realizar um estudo e viabilizar uma mudança na via, transformando-a numa rua compartilhada, com passagem que priorize a circulação de pedestres e voltada para o lazer e o entretenimento das pessoas”.

Memória afetiva

Atualmente, a Vila Pita conta com bares, pubs e restaurantes badalados, mas seu histórico boêmio vem de alguns anos antes. O Otimista conversou com antigos frequentadores que, por vezes, amanheciam o dia no local após uma longa noite de encontros, alegrias e sabores. Confira!

“A ‘Ruazinha Ali’ era uma espécie de boulevard onde transitavam vários tipos de pessoas, gêneros e gostos musicais. Tinha rock, samba, música eletrônica e pessoas de várias idades. E as coisas rolavam até amanhecer o dia. Espero que revitalize no sentido da arte, das manifestações culturais, sem deixar de lado os segmentos alternativos” – Ricardo Renegado, da banda Renegados

“Na primeira vez q fui à rua Norvinda Pires, fui levada por uma grande amiga de adolescência. Íamos ao Bebedouro com frequência, pois minha amiga era entusiasta da sinuca e conhecia os bons que jogavam sempre por lá. Sempre rolava DJs maravilhosos, festinhas de uma galera incrível. Depois disso conheci o famosinho e queridinho Fafi Bar” – Geísa Salgueiro, professora e escritora

“A Norvinda Pires era a ruazinha no miolo da Aldeota onde tinham uns dos três bares mais legais dos tempos de boêmia do final dos anos 90, começo de 2000: o Fafi, o Bebedouro e o Maria Bonita. Frequentei bem pouco o Fafi, mas era, digamos, uma frequentadora assídua do Bebedouro. Era um bar pequeno, com uma varanda, um balcão e o primeiro salão, onde rolaram festas que a física não conseguiria explicar” – Rachel Oliveira Alves, professora

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