A Cia. de Dança Deborah Colker sobe hoje (2) ao palco do TJA levando o espetáculo Cura, com sessões até domingo (5). Em papo com O Otimista, Deborah fala dos processos criativos da montagem e de como ela versa com o atual contexto do Brasil
Danielber Noronha
danielber@ootimista.com.br
A busca por respostas para questões da vida pessoal fizeram a bailarina e coreógrafa Deborah Colker se enxergar no mundo de uma maneira diferente. Ela mergulhou em conceitos da ciência e de algumas religiões, fazendo brotar o espetáculo Cura, que chega a Fortaleza hoje (2). A montagem, fruto da procura por uma solução para a doença genética do neto da artista, Theo, será encenada pela Cia. de Dança Deborah Colker, no Theatro José de Alencar (TJA), em cartaz até o próximo domingo (5). De hoje até sábado (4), as apresentações serão às 21 horas. No domingo, às 19 horas. Ingressos estão à venda na Bilheteria do equipamento, na Loja da Barraca Santa Praia e através do site da Bilheteria Virtual. Os valores variam entre R$ 25 a R$ 160.
Em entrevista ao O Otimista, ela afirma que o espetáculo trata da investigação da cura para o incurável. “Percebi que a fé e a ciência andam juntas em todas as culturas e fui encontrando meus personagens dessa saga: Obaluaê, Leonard Cohen, Stephen Hawking, indígenas, africanos, judeus, árabes, raros e especiais. As histórias, as canções, a poesia, a ciência e a gratidão de poder me tornar uma pessoa melhor”, define.
Apesar de a inspiração ter partido do neto, pondera, a montagem nasceu da necessidade de Deborah se entender no lugar de avó e da fragilidade sentida após o diagnóstico de epidermólise bolhosa de Theo. “Comecei a perceber que precisava encontrar a cura […] já sabia que precisava fazer uma ponte entre a fé e a ciência. Entre aceitar e lutar, calar e gritar, esperar e agir.
Múltiplas visões
Deborah incorporou ao espetáculo referências de três religiões monoteístas e elementos de culturas africanas, indígenas e orientais. Logo no início, conta-se a história de Obaluaê, orixá das doenças e das curas. A montagem tem dramaturgia do rabino Nilton Bonder e trilha original do cantor Carlinhos Brown. “Tive um rabino que é especial, porque ele é um escritor, um filósofo, um homem aberto a todas as religiões e enigmas humanos. Encontrar e misturar saberes sempre engrandece”, destaca a coreógrafa.
Conectar sentidos
A estreia de Cura – nascida em 2018 -, seria em Londres, no ano passado, mas a pandemia não permitiu. O adiamento deu ao espetáculo mais um ano de pesquisas, transformações e reflexões. Segundo Deborah, a montagem tem poder de dialogar com experiências de luto e saudade que muitas famílias têm vivenciado em decorrência da atual crise sanitária. “Tenho percebido que, mesmo meu espetáculo não tendo sido feito para a covid ou para a pandemia, cada um do público conecta suas dores, perdas, ausências. Cura é de cada um que assiste e escolhe conectar suas emoções e sentimentos”, provoca. Apesar das dores mostradas no palco, pontua, há esperança no final, inspirada em pessoas que não desistem mesmo frente a adversidades.
Serviço
Cura
Espetáculo da Cia. de Dança Deborah Colker
De hoje (2) s sábado (4), às 21h, e domingo (5), às 19h
Theatro José de Alencar (Praça José de Alencar s/n – Centro)
Ingressos: de R$ 25 a R$ 160
@tja.teatrojosedealecar
Telefone: (85) 3101.2583 / 3101.2586