Neste Dia dos Pais, Tapis Rouge te conta a história de inspiração e companheirismo de Rosemberg Cariry e sua filha, Bárbara Cariry. Hoje com 27 anos de carreira, a cineasta esteve presente desde pequena em sets de gravação. E isso foi essencial para que ela escolhesse para si a mesma profissão
Sâmya Mesquita
samya@ootimista.com.br
Ser pai é muito mais que ser um genitor. É acompanhar o crescimento do filho, participar de suas conquistas e aconselhar sobre os melhores caminhos a seguir. E se ter um pai é um privilégio, alguns filhos aproveitam ao máximo essa relação e seguem os mesmos passos profissionais. É o caso de Bárbara Cariry, filha do cineasta Rosemberg Cariry.
A convivência com o pai proporcionou a Bárbara um encantamento tamanho com o mundo da produção cinematográfica que hoje, 27 anos após sua primeira atuação em ‘Corisco & Dadá’ (1996), a filha segue os passos do pai atrás das câmeras, e suas produções já ganharam mais de 200 prêmios nacionais e internacionais. Mas nenhum desses louros teriam acontecido se não fosse o ambiente que respirava arte, no qual cresceu. “Tive muita sorte porque eu cresci em um ambiente muito artístico. Meu pai, além de cineasta, é escritor, pesquisador, ele é multiartista. Tive uma infância em que eu convivi com muitos artistas do teatro, da música, das artes… Então tudo isso foi muito rico”, confidencia Bárbara, ao Tapis Rouge.
Mas, de todas as artes com as quais teve contato, o cinema foi a que mais a inspirou: “Quando meu pai filmava, eu realmente acompanhava esse set. Em um primeiro momento como atriz mirim, fazendo pequenas participações e, depois, quando cresci, me interessei pelo cinema de forma profissional. Comecei fazendo assistência de produção, de montagem. (…) E hoje eu me dedico à produção e à direção de cinema, e isso tem tudo a ver com a relação que eu tenho com meu pai”.
Rosemberg também nos revelou que sua origem no sertão de Farias Brito foi essencial não só para os filmes que ele dirigiu, como também na influência indireta que acabou exercendo no trabalho da filha. “Adquiri o gosto de viajar e partilhei isso com meus filhos. Queria sempre lhes mostrar lugares, contar histórias, apresentar grandes artistas e mestres populares. Faço o mesmo hoje com minhas netas e meus netos”, afirma.
Mesmo que a paixão pelo cinema seja a mesma, o que muda é o fato de que a formação de Rosemberg foi na prática, nos idos dos anos 1970 e 1980. Já Bárbara fez faculdade de Cinema, com incentivo do pai. “Confesso que uma coisa que meu pai sempre falou para mim e para o Petrus (Cariry, irmão de Bárbara, cineasta premiado) foi ‘sejam sempre melhores, descubram mais coisas, leiam mais, vejam mais filmes, estudem mais, o que vocês puderem fazer, que eu não tive como fazer porque na minha época não tinha, façam!’ E isso é muito generoso, né? A gente vive um tempo onde a gente sabe o que está sendo feito de cinema. Então eu acho que ele tem muita razão”, reflete.
A relação de proximidade de pai e filha vai além do amor familiar. Bárbara diz que suas produções, como ‘Pequenos Guerreiros’ (2021), têm a presença indireta de seu maior impulsionador. “Carrego do meu pai essa paixão pelo Ceará, pela cultura tradicional. Quando eu tive a oportunidade de fazer meu primeiro longa-metragem, foi um roteiro que eu escrevi com ele falando das memórias da minha infância com ele”.
Por mais que seja comum encontrar relações de proximidade mais profundas entre pai e filho do que entre pai e filha, Rosemberg ressalta a importância de se cultivar uma amizade, mesmo entre gerações tão diferentes. “Cada fase da vida de uma filha, ou de um filho, é um mistério e uma descoberta fascinante, que deve ser vivida em sua plenitude. O segredo é estar aberto para o outro, deixar essa pessoa querida florescer, sentir alegria de vê-la crescer e ser o que é. Afinal, ser pai, receber filhos e filhas é uma dádiva e um desafio permanente, pois requer que saiamos de nós para abraçá-los por inteiro”.
Pais e filhos que tem a mesma profissão:
Michael e Mick Schumacher (pilotos de Fórmula 1)
Gilberto e Preta Gil (cantores)
Silvio Santos e Patrícia Abravanel (apresentadores)
Caetano Veloso e Moreno, Zeca e Tom Veloso (cantores)
Jon Voight e Angelina Jolie (atores)
Billy Ray e Miley Cyrus (cantores)
Zico e Tiago Coimbra (treinadores de futebol)
Johnny Depp e Lily-Rose Depp (atores)
Wolf Maya e Maria Maya (diretores)
Belchior e Vannick Belchior (cantores)