Terminou na noite desta sexta-feira, 1º de dezembro, o 33º Cine Ceará – Festival Ibero-americano de Cinema. O festival teve início no dia 25 de novembro, com mais de 80 filmes exibidos, entre produções cearenses, nacionais e de outros países. As três mostras competitivas – Ibero-americana de Longa-metragem, Brasileira de Curta-metragem e Olhar do Ceará – somaram 43 filmes concorrendo ao Troféu Mucuripe em categorias diversas. A cerimônia de encerramento foi realizada no Cineteatro São Luiz com o anúncio e entrega de prêmios aos vencedores.
Antes da premiação, o festival prestou homenagem à cineasta Verônica Guedes, que recebeu o Troféu Eusélio Oliveira como reconhecimento por sua militância no audiovisual, com forte engajamento nas lutas em defesa dos direitos das populações LGBTQIAPN+ e das mulheres. Entre outros projetos, a homenageada é diretora do For Rainbow – Festival de Cinema e Cultura da Diversidade Sexual e de Gênero, que chega agora em dezembro à sua 17ª edição. Encerrando a programação, houve a exibição especial de “Estranho Caminho”, premiado longa-metragem cearense do diretor Guto Parente.
Os vencedores
MOSTRA COMPETITIVA IBERO-AMERICANA DE LONGA-METRAGEM
Dentre os participantes da Mostra Ibero-americana, o filme cubano “A mulher selvagem” (La mujer salvaje), de Alan González, foi o vencedor do Troféu Mucuripe de Melhor Longa-metragem e recebeu R$ 20 mil para distribuição da obra no Brasil. O filme ganhou também o troféu de Melhor Atuação Principal, para Lola Amores, e de Melhor Som, para Michel Caballero e Angie Hernández. O júri oficial da mostra decidiu, por unanimidade, outorgar o Troféu Mucuripe ao coletivo de atores de “Sou amor”, de André Amparo e Cris Azzi, de Minas Gerais, o único representante brasileiro na mostra, pela força expressiva de um trabalho em equipe.
“Alemanha” (Alemania), coprodução Argentina-Espanha, levou o Troféu Mucuripe em três categorias: de Melhor Direção e Melhor Roteiro, para María Zanetti, e Melhor Direção de Arte, para Michaela Saiegh. O chileno “O castigo” (El castigo), de Matías Bize, premiou Gabriel Díaz na categoria de Melhor Fotografia pelo júri oficial da mostra, e venceu o Prêmio da Crítica Abraccine de Melhor Longa-metragem Ibero-americano do 33º Cine Ceará, concedido pela Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Nas palavras do júri, formado pelos críticos João Paulo Barreto, Lilianna Bernartt e Marcelo Müller, a escolha se deu “pela coragem de um roteiro feminino que discute a maternidade compulsória com extrema sinceridade, contribuindo para a amplitude da discussão do tema da autonomia do corpo feminino e ainda superando os desafios técnicos de um plano sequência”.
O título de Melhor Montagem foi para Tin Dirdamal, pelo filme “Agora a luz cai vertical” (Ahora a luz cae vertical), e o de Melhor Trilha Sonora foi para Nantu Studio, pelo trabalho em “Céu aberto” (Cielo abierto).
MOSTRA COMPETITIVA BRASILEIRA DE CURTA-METRAGEM
Na Mostra Competitiva Brasileira de Curta-metragem, o cearense “Os finais de Domingos”, de Olavo Junior, foi premiado com o Troféu Mucuripe de Melhor Curta-metragem, eleito pelo júri oficial, conforme descrito, “pela abordagem delicada, pela maestria na condução da história, pela excelência do elenco, pelo primor da fotografia e pelo resultado que une todas essas qualidades”. A Melhor Direção foi pra Leo Tabosa, por “Dinho”, de Pernambuco. Nas palavras do júri oficial: “A arte de dirigir é para poucos, fazê-lo com excelência menos ainda. O filme consegue conjugar excelência na direção dos atores, na concepção da fotografia e na condução da narrativa”.
O Troféu Mucuripe de Melhor Roteiro, eleito pelo júri oficial, foi para Rodolpho de Barros e Torquato Joel, por “Pulmão de pedra”, da Paraíba. O filme, dirigido por Torquato Joel, foi ganhador também de dois prêmios especiais, o Prêmio da Crítica Abraccine de Melhor Curta-metragem, com júri formado pelos críticos João Paulo Barreto, Lilianna Bernartt e Marcelo Müller, e o Prêmio Canal Brasil de Curta-metragem, que teve no júri jornalistas Marcelo Müller Bruno Carmelo, Renata Boldrini, Lilianna Bernartt, Renato Marafon, André Guerra e Ismaelino Pinto, convidados pelo Canal Brasil. O Prêmio Canal Brasil de Curta-Metragem busca estimular a nova geração de cineastas, contemplando os vencedores na categoria curta-metragem dos mais representativos festivais de cinema do país. Além do Troféu Canal Brasil, o vencedor ganha prêmio no valor de R$ 15 mil.
O júri da Abraccine elegeu o filme “por simbolizar através da caverna o pulmão doente do operário brasileiro, denunciando a insalubridade de quem minera a matéria prima daquilo que não vai usufruir, mas preservando a poesia de Pedros, Raimundos, Josés e Joãozinhos: Cada garimpo é um sonho. Cada sonho é uma ilusão. E para poder sobreviver, ele tem que promover a sua própria destruição”.
O Troféu Samburá de Melhor Curta-metragem da Mostra Competitiva Brasileira, prêmio especial concedido pelo O Povo e Vida & Arte, foi para a produção cearense “Circuito”, de Alan Sousa e Leão Neto, e o troféu Samburá de Melhor Direção foi para Adriana de Faria, por “Cabana”, do Pará. O júri foi composto pelo realizador e editor Abdiel Anselmo de Sousa, a produtora Daniela Curacy Komatsu e a pesquisadora e roteirista Luana Vitorino Sampaio Passos.
MOSTRA OLHAR DO CEARÁ
O filme “Represa”, de Diego Hoefel, foi eleito o Melhor Longa-metragem da Mostra Olhar do Ceará, na escolha do júri oficial da mostra. Além do Troféu Mucuripe, o filme ganhou o Prêmio Hotel Sonata de Iracema, que oferece duas diárias no hotel oficial do 33º Cine Ceará. O Troféu Mucuripe de Melhor Curta-metragem da Mostra foi para “Urubu Aterrado”, de Cris Sousa e Weslley Oliveira. O curta recebe também o Prêmio Unifor de Cinema, no valor de R$ 5 mil.
Nesta edição o Cine Ceará instituiu dois novos prêmios na Mostra Olhar do Ceará, o de Melhor Direção de Longa-metragem e Melhor Direção de Curta-metragem. Os vencedores foram Tarcísio Rocha Filho, Victor Costa Lopes e Wislan Esmeraldo, pelo longa “Um pedaço do mundo”, e Grenda Costa, pelo curta “O primeiro movimento é explosão”.