No início de 2024, um marco significativo na cultura pop se estabelece: após 95 anos sob o domínio exclusivo da Disney, Mickey e Minnie Mouse tornam-se personagens de domínio público. A notícia, divulgada pela revista Variety, marca o fim de uma era, oferecendo uma nova perspectiva para artistas, cineastas e escritores que agora têm a liberdade de reinterpretar esses ícones da animação de acordo com sua visão criativa.
Na prática, a liberação dos direitos autorais abrange especificamente as primeiras versões dos personagens, como as apresentadas no curta-metragem Steamboat Willie (1928). Este filme em preto e branco, onde Mickey aparece sem suas emblemáticas luvas brancas, agora está disponível para qualquer talento artístico explorar. Contudo, a Disney apressou-se a afirmar que as versões modernas de Mickey permanecerão intocadas, mantendo-o como embaixador global da empresa em narrativas, parques temáticos e mercadorias.
Apesar da celebração da comunidade de direitos autorais pela disponibilidade de Mickey e Minnie Mouse, a diretora do Centro Duke de Estudos de Domínio Público, Jennifer Jenkings, prevê uma agitação cultural significativa. Enquanto a liberação dos personagens desperta entusiasmo, a Disney, após anos de lobby para manter os direitos autorais, parece agora aceitar a transição para o domínio público. Isso não se aplica apenas a Mickey e Minnie, mas também ao Tigrão, criado em 1928, que seguirá o mesmo destino no primeiro dia de 2024.
O precedente estabelecido pelo Ursinho Pooh, que ingressou no domínio público em 2022 nos Estados Unidos, já teve suas consequências. O diretor Rhys Frake-Waterfield aproveitou a oportunidade para criar um filme, “Ursinho Pooh: Sangue e Mel”, um longa de terror que gerou controvérsias na mídia especializada. Assim, a liberação de personagens icônicos abre as portas para uma gama diversificada de abordagens criativas, como evidenciado por experiências passadas.
Ao longo dos anos, Mickey Mouse esteve no centro de embates sobre direitos autorais, como o caso de Dan O’Neill na década de 1970. O uso do rato em uma história em quadrinhos controversa levou a uma batalha judicial de oito anos com a Disney, resultando em um acordo que proibia O’Neill de desenhar Mickey Mouse novamente, sob ameaça de penalidades substanciais.