Shaolin do Sertão 2, com estreia prevista para 2025, foi filmado entre Quixadá e Fortaleza. Com exclusividade, Tapis Rouge conversou com o elenco e o diretor do longa, Halder Gomes, para saber o que esperar do título que tem tudo para repetir o sucesso do primeiro filme
Sâmya Mesquita
samya@ootimista.com.br
O fim do ano foi de muito trabalho para os atores e a equipe de produção de Shaolin do Sertão 2, cujas filmagens chegaram ao fim aqui no Ceará. O retorno da comédia que marcou o cinema brasileiro em 2016 traz de volta o atrapalhado Aluísio Li, vivido por Edmilson Filho, em uma jornada cheia de humor, desafios e uma abordagem criativa para explorar suas raízes chinesas. Com direção de Halder Gomes e roteiro de L.G. Bayão, o longa deve estrear nos cinemas ainda em 2025, contando com um elenco estelar e com a promessa de evoluir em qualidades técnica e narrativa.
As filmagens tiveram como pano de fundo as cidades cearenses de Quixadá e Fortaleza, com uma produção robusta e uma equipe de peso para dar vida a esta sequência. Ao lado de Edmilson Filho, nomes como Priscila Fantin, Marcelo Serrado, Fafy Siqueira e Marcos Veras integram o projeto. O cenário é uma combinação de drama, comédia e emoção, construído para atender às expectativas de quem acompanhou o primeiro longa e agora aguarda ansiosamente por novidades na trama.
O cineasta Halder Gomes, responsável por conduzir mais uma vez a direção, expressa a satisfação e os desafios envolvidos na continuação da história. Em entrevista exclusiva ao Tapis Rouge, Halder reflete sobre o compromisso com a identidade cultural cearense no cinema e como o seu olhar único transforma as histórias locais em narrativas universais. “Meu trabalho nos últimos anos tem sido centrado em trazer o Ceará sem aqueles estereótipos comuns que costumam ser associados à região no cinema, como fome, calor e filtros amarelos, típicos de algumas narrativas mexicanas. Eu me orgulho de ter transformado o olhar sobre a cultura local com meu trabalho, mas Shaolin do Sertão 2 é um grande desafio por conta do tamanho da produção, das cenas de luta e do ambiente de época em que o filme se passa, nos anos 1990”, explica.
O diretor ressalta que o projeto exigiu um amadurecimento cuidadoso para que as expectativas criadas pelo primeiro filme pudessem ser superadas: “É o filme mais complexo que já fiz. Ele carrega a responsabilidade de atender as expectativas que foram geradas pelo primeiro, mas nós fomos além, oferecendo uma passagem no tempo, embates emocionais e novos desafios para o Aluísio Li”.
Veja o perfil dos personagens de Shaolin do Sertão 2:
Edmilson Filho revisita Aluísio Li, um lutador que, em meio à desesperança, encontra na comunidade a vontade de continuar lutando. “Aluísio é um sonhador e, desta vez, ele encara desafios mais pessoais”, diz Edmilson. O ator também exalta o papel do humor cearense como ferramenta cultural: “Nossa comédia reflete a alma do povo e nos ajuda a construir uma representatividade positiva”.
Marcelo Serrado assume o papel de um carismático golpista que usa da força de Aluísio para ganhar dinheiro. Para o ator, trabalhar no filme foi uma chance de fortalecer a conexão com o Ceará. “Tenho raízes em Fortaleza, onde passei parte da infância. Participar dessa história é uma forma de resgatar essas memórias afetivas, ao mesmo tempo em
que experimento um universo criativo completamente novo”.
Priscila Fantin dá vida a Jussimara, interesse romântico de Aluísio. “A personagem foi nascendo aos poucos, em um processo colaborativo com figurino, maquiagem e direção. Adorei explorar esse universo cômico”, revela a atriz, que se encantou pela cultura cearense durante as gravações. “Levo comigo muitas lembranças, cocadas e a alegria
contagiante do povo daqui”.
João Pimenta entra no elenco da sequência como um mecânico que se junta à trupe dos protagonistas. O baiano também compartilha sua visão sobre a produção e celebra o clima de colaboração que permeia as filmagens. “A comédia aqui é mais viva, a gente cria juntos. Quando surge uma piada na hora, vamos lá e incorporamos”, comenta. Para o ator e comediante, a força do cinema nordestino está em sua genuinidade e na forma como se reconecta com as raízes da região, algo que os filmes de Halder conseguem transmitir com maestria.
Falcão retorna ao papel de “Chinês do Paraguai”, um personagem que no primeiro filme era marcado pela traição, mas que nesta sequência se vê em uma jornada de redenção e sabedoria. “Agora ele é mais filosófico, menos grosseiro. Senti que ele amadureceu”, diz. O ator e cantor, que já tem uma longa trajetória no cinema, destaca o processo de aprendizagem ao lado de Halder Gomes e sua evolução como profissional, que culmina no entendimento de que a produção é importante para quebrar estereótipos: “Precisamos mostrar quem realmente somos, e não o que querem que sejamos. Agora, é a nossa vez de mandar [a nossa cultura] para fora e mostrar que temos qualidade”.
João Pedro Frota inicia a caminhada no universo cinematográfico em Shaolin 2. Ao lado de nomes consagrados, o ator mirim está experimentando o mundo da atuação e levando um pouco de seu universo marcado pela luta e pelo Kung Fu. “Estou amando essa experiência. Estou interpretando o Micróbio, o maior fã do Shaolin. É muito legal porque eu admiro esse personagem e tento imitar o que ele faz”, conta. Representando a nova geração de atores cearenses, João Pedro leva a sério o desafio de unir a arte marcial e a profissão de ator à formação escolar: “O estudo sempre vem primeiro. Tô buscando cada vez mais melhorar como ator e pessoa”.
Fabio Goulart, que retorna ao papel de Tora Pleura, também traz uma reflexão sobre a evolução dos personagens no filme. Em Shaolin de Sertão, seu personagem era um vilão, mas agora é o protetor de Shaolin. “A evolução do meu personagem reflete a evolução da própria franquia”, diz. O lutador também é crítico em relação ao cinema feito fora do Nordeste: “Em São Paulo, o cinema está muito preso à mesmice. Aqui, temos cenários incríveis, como Quixadá, que dão um frescor às produções”.
Samuel Girão, dublê e coreógrafo de ação, tem a trajetória moldada pela adrenalina e pela precisão. “Nas lutas, é o ator quem se prepara, mas quando o trabalho exige algo mais arriscado, sou eu quem entra em cena. E isso não é só para proteger o ator, mas para garantir a segurança de todos durante as filmagens”, explica. Sua habilidade, forjada em treinamentos como o parkour, ajudou a formar uma equipe de dublês locais que garantem a profissionalização do setor em produções cearenses.