Vida e obra de Lia de Itamaracá ganham exposição na CAIXA Cultural; artista virá a Fortaleza para show e bate-papo

A CAIXA Cultural Fortaleza apresenta a exposição Lia de Itamaracá – Cirandar é Resistir, mostra que reúne um conjunto de instalações, objetos pessoais e documentos que traçam a trajetória da artista e celebram a contribuição dela para a cultura brasileira

Onivaldo Neto
onivaldo@ootimista.com.br

A cantora, dançarina e compositora Lia de Itamaracá é homenageada na exposição Cirandar é Resistir, aberta para visitação na CAIXA Cultural Fortaleza. Composta por fotografias, música, documentos históricos, instalações imersivas, figurinos, objetos pessoais e registros audiovisuais, a mostra passeia pela vida e a trajetória da artista pernambucana, que se destaca como a cirandeira mais popular do mundo e uma das maiores defensoras do gênero como patrimônio imaterial. A apresentação gratuita fica aberta para visitação até 11 de maio, de terça-feira a sábado, das 10 horas às 20 horas, e domingo, das 10 horas às 19 horas. A cineasta Lia Letícia, a jornalista e escritora Michelle de Assumpção, o produtor cultural Beto Hees e o fotógrafo Ytallo Barreto assinam a curadoria da mostra.

A homenageada

Em entrevista ao Tapis Rouge, Lia de Itamaracá expressa emoção ao ver a própria trajetória celebrada de forma tão especial. Para ela, a mostra representa não apenas o reconhecimento de sua história, mas também uma valorização da cultura e das tradições que sempre carregou. “Ah, é uma alegria muito grande para mim! (…) ver essa exposição me faz sentir muito amada e respeitada. É muito bom receber essa homenagem em vida, ver minha caminhada sendo reconhecida e valorizada. Sempre cantei e dancei ciranda com amor, sem pensar aonde isso ia me levar, e hoje vejo minha história contada desse jeito bonito. Me deixa muito feliz saber que minha cultura, minha música e minha terra estão sendo lembradas e compartilhadas com tantas pessoas”, celebra a artista.

A artista não esconde a emoção ao relembrar a primeira reação ao ver a exposição. A homenagem foi uma surpresa emocionante, um reconhecimento que jamais imaginou receber, segundo Lia. “Eu fiquei muito emocionada! Quando vi a exposição pela primeira vez, lá em São Paulo, foi uma surpresa muito boa. Nunca imaginei que tanta gente teria interesse na minha história, na minha trajetória. Me senti muito orgulhosa de ver minha vida ali, lembrada com tanto carinho. É muito bonito ver as fotos, as músicas, as lembranças de Itamaracá… tudo isso me trouxe muita alegria. Saber que a ciranda, que começou pequenininha lá na ilha, agora chega para tanta gente assim, é uma felicidade imensa”, conta.

A exposição

“[A exposição] é uma celebração da trajetória de uma das maiores artistas da cultura popular brasileira. A mostra propõe um percurso sensorial e reflexivo sobre a vida e a obra de Lia, destacando sua força artística, sua resistência diante do racismo estrutural e sua capacidade de renovar a tradição da ciranda sem perder sua essência. (…) As múltiplas dimensões de Lia: artista, mulher negra, mestra e símbolo de uma cultura tradicional e, ao mesmo tempo, contemporânea, pois que Lia a torna viva e pulsante”, descreve Michelle Assumpção.

Cirandar é Resistir é dividida em três eixos. O primeiro deles, Verde Louco, é apresentado o universo pessoal da artista, revelando a Ilha de Itamaracá como fonte de inspiração e criatividade para ela. O local conta com a instalação imersiva Mar de Lia, na qual, por meio de óculos de realidade aumentada, o público pode vivenciar uma viagem de jangada pela ilha de Itamaracá e participar de uma roda de ciranda. No eixo há ainda a instalação Casa de Lia, que permite aos visitantes conhecer objetos e elementos do universo particular da artista, e um recorte de um projeto Letras da Ilha, da designer Lili Nascimento.

Já o eixo Quem é essa preta? convida o público a refletir sobre identidade, racismo e a força da cultura negra. O ambiente também traz a instalação inédita Sossego de Lia, que transporta o visitante para a Praia do Sossego, local de nascimento da artista. Por fim, no eixo Ciranda no Mundo, os visitantes conhecerão a trajetória de sucesso de Lia, além de interagirem com instrumentos reais da ciranda, observar figurinos, joias e adereços da artista e assistir shows internacionais e espetáculos realizados por ela na instalação Ciranda de ritmos.

De acordo com a curadora, os eixos foram cuidadosamente estruturados para refletir a trajetória e a influência da obra de Lia. Cada um representa um aspecto fundamental da caminhada da artista. “Os três eixos expositivos foram concebidos a partir da própria trajetória de Lia de Itamaracá e das reflexões que sua vida e obra nos provocam. Cada um deles representa um aspecto fundamental de sua caminhada, dialogando entre si para compor um retrato potente da artista”, pontua Michelle.

Mais atividades

Além da exposição, no dia 8 de março a Caixa Cultura Fortaleza receberá Lia de Itamaracá em uma roda de diálogo sobre racismo na cultura popular. Intitulado “Quem é essa Preta?”, o bate-papo também contará com a participação dos curadores da exposição e de outros artistas e gestores culturais convidados. Ao final, Lia se apresentará ao lado do DJ Dolores. Já no dia 9 de março, a artista estará à frente da vivência “Aprendendo a Cirandar”, um encontro pedagógico que proporcionará ao público a oportunidade de aprender mais sobre a ciranda. A atividade culminará com o show Ciranda de Lia, no qual a artista apresentará um repertório tradicional de cirandas e cocos de roda.

serviço

Exposição Lia de Itamaracá – Cirandar é Resistir

Período expositivo: até 11 de maio de 2025

Na CAIXA Cultural Fortaleza, Galerias 1 e 2

Horário de funcionamento: Terça a domingo, das 10h às 18h

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