A exposição Claudio Cesar – O Que Muitos Não Viram ganha o Espaço Cegás de Cultura a partir desta quinta (10). Com lançamento de livro e obras inéditas, mostra resgata o legado do artista radicado no Ceará, que transformou sonhos e memórias em telas vibrantes
Sâmya Mesquita
samyamesquita@ootimista.com.br
Quem conheceu Claudio Cesar sabe: ele não era um artista comum. Dono de uma energia contagiante e uma criatividade que desafiava o óbvio, o pintor e escultor — que deixou o Rio de Janeiro para se tornar um dos nomes mais expressivos da arte cearense — ganha homenagem na exposição Claudio Cesar – O Que Muitos Não Viram, que abre nesta quinta-feira (10), no Espaço Cegás de Cultura. A mostra reúne 30 obras, algumas nunca exibidas, acompanhadas do lançamento de um livro homônimo, resgatando a trajetória do artista que transformou sonhos, memórias e até absurdos em arte.
“Claudio personificava a espontaneidade, impulsionado por uma urgência de expressão que parecia pressagiar a brevidade de seu tempo entre nós. Suas criações eram uma extensão autêntica de si, desenhando um universo de absurdos”, afirma a curadora Andréa Dall’Olio Hiluy, que foi amiga próxima do artista. “Quando ele descobriu a doença, nos aproximamos ainda mais. Foi quando ele nos pediu, de forma muito emocionada, que cuidássemos de seu legado artístico — e, principalmente, de sua obra-prima, que é a filha dele, Renata Guimarães, hoje presidente do Instituto Claudio Cesar. Desde então, assumimos esse compromisso de manter viva sua memória”.
A exposição é realizada pelo instituto, através da missão afetiva de Renata. Ela também fala ao Tapis Rouge sobre a missão de preservar o legado do artista: “O Instituto Cláudio Cesar nasce como uma forma de manter viva a memória do meu pai. Não só do artista que ele foi, mas do pensamento, da criatividade e da forma única com que ele enxergava o mundo. Ele sempre acreditou que a arte era um caminho de transformação, de expressão verdadeira. Para mim, como filha, preservar esse legado é uma forma de seguir conectada com ele. Foi como consegui transformar a saudade em movimento”.
Esta não é a primeira exposição in memoriam do artista. No ano passado, Claudio Cesar, Fabricando Elefante Todos os Dias aconteceu no Espaço Cultural Unifor. E o que diferencia as mostras? Andréa, que fez a curadoria das duas, explica: “Não criamos uma ordem cronológica rígida: preferi criar diálogos entre as peças. Incluí ainda trabalhos que nunca foram expostos, como uma tela de 2018, e resgatei outras que o público não viu na Unifor”.
O livro é outro destaque do evento. Com 156 páginas organizadas por Veridiana Brasileiro, a publicação traz fotos, textos e depoimentos que revelam o lado menos conhecido do artista. “Claudio criava personagens recorrentes e tecia narrativas lúdicas sobre suas vivências, revisitava temas da infância e fundia-os com tramas complexas, desafiando a fronteira entre o real e o imaginário”, explica a artista. A obra será distribuída gratuitamente no dia da abertura, com a divulgação de um site dedicado ao acervo do artista.
Ceará como inspiração
Radicado em Fortaleza desde 1980, Claudio Cesar encontrou no sol e nas cores locais uma fonte inesgotável de inspiração. As telas vibrantes do artista retratam desde paisagens e flores até São Francisco de Assis, sempre com toques de humor e poesia. “Ele era intenso em tudo. Quando se apaixonava por um tema ou pessoa, isso virava arte, como os fuscas, as Monalisas e até meu cachorrinho, que viraram personagens de suas obras”, brinca Andréa.
Além das telas, a exposição recria o ateliê do artista, com pincéis, tintas e obras inacabadas, e exibe um vídeo inédito gravado semanas antes de sua morte. “Ele queria que sua chama não se apagasse”, emociona-se a curadora. E, pelo visto, essa razão ainda ecoa em traços, cores e histórias que muitos, agora, poderão ver.
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Exposição e lançamento do livro Claudio Cesar – O Que Muitos Não Viram
Nesta quinta-feira (10), a partir das 18h30
Visitação até 18 de junho de 2025. De segunda a sexta-feira, de 8h às 17h
No Espaço Cegás de Cultura. Avenida Washington Soares, 6475, José de Alencar
Informações pelo telefone (85) 3266.6900 e pelo Instagram @institutoclaudiocesar
Gratuito e acessível