Alimentos: higienizados, de molho ou que não podem ser lavados antes do preparo

A limpeza dos alimentos que comemos é importante, mas será que todos precisam ser lavados antes do preparo? Especialista explica quais alimentos devem ser higienizados, deixados de molho ou não podem ser sequer molhados

Sâmya Mesquita
samya@ootimista.com.br

O hábito de lavar frutas, verduras e até grãos, assim que chegam do supermercado, não é novidade em muitas das casas brasileiras. O que antes era recomendação de vó, hoje mostra a preocupação com a biossegurança e a saúde.

Ao Tapis Rouge, a nutricionista Natália Aquino fala que alguns alimentos precisam ser lavados e outros devem ficar de molho, mas alguns não podem ser colocados debaixo d’água em hipótese alguma. Isso porque os riscos de contaminação são reais. “Uma série de doenças podem ser transmitidas por alimentos contaminados, podendo causar sintomas como diarreia, vômito, febre e, infelizmente, até a morte. Crianças e idosos são as populações mais vulneráveis”, afirma.

O que lavar

Frutas e verduras em geral devem ser lavadas em água corrente para retirar a sujidade, como areia, e depois deixadas de molho, em água clorada, por alguns minutos, para a desinfecção. Cogumelos também podem ser lavados, mas ingeridos imediatamente depois, para não alterar o seu sabor. Frutas secas podem ser lavadas, mas com pouca água.

Deixando de molho

Para a nutricionista clínica, “os alimentos que precisam ficar de molho, em solução clorada, são os que a gente consome crus. É necessário ficar de molho para a desinfecção, que é a redução de microorganismos, a fim de garantir qualidade higiênico-sanitária”. O indicado, portanto, é o uso de soluções à base de hipoclorito de sódio.“Há várias opções no mercado. A água sanitária é a que tem melhor custo-benefício. Sempre se deve olhar no rótulo se a água sanitária pode ser usada para desinfecção de alimentos”. O produto é distribuído gratuitamente nos postos de saúde. Mas uma alternativa mais cara e igualmente eficiente é o desinfetante para hortifrutícolas, vendido em supermercados. “Aqueles líquidos são desinfetantes, fazem o mesmo papel da água sanitária”, explica. Mas uma regra deve seguir a escolha do produto. “Para fazer a solução de água clorada, a água sanitária não pode ter perfume ou alvejante”.

O processo de limpeza, com a água do molho, é simples. Após lavar com água corrente — sem o uso de detergente, pois é um derivado de petróleo, que gera substâncias cancerígenas — é indicado colocar os alimentos em uma imersão de água com o produto. Depois de 15 a 30 minutos, as hortaliças precisam ser enxaguadas em água corrente e, depois, secas. Esta etapa da secagem, inclusive, é importante para que as verduras não murchem rapidamente. “Seque bem com papel toalha e armazene em pote limpo, fechado na geladeira”, explica a especialista.

Frutas e verduras precisam ficar de molho, mas no caso do feijão e alguns grãos, como lentilha e grão-de-bico, esse período imerso na água é essencial, variando de duas a doze horas (no caso dos feijão). Isso porque ajuda a eliminar os fitatos, substâncias encontradas na casca das leguminosas que impedem a absorção de alguns nutrientes no nosso organismo e causam flatulência.

O que não lavar

Nem tudo deve ser colocado debaixo d’água, entretanto. “Não devemos lavar as carnes (frango, carne vermelha, peixe), pois a lavagem pode espalhar microorganismos, além de só a água não ser suficiente para eliminar os microrganismos”, afirma Natália. A solução, neste caso, é cocção para reduzir patógenos em qualquer tipo de cozimento.

Outro alimento que não precisa ser lavado é o ovo. “Só devem ser bem cozidos para evitar a salmonelose”. Já o arroz, se adquirido nos supermercados e outros grandes centros de vendas de alimentos, também não precisa ser lavado. Isso porque, em geral, a indústria alimentícia prepara o produto para o consumo imediato sem precisar passar pela água. Mas para tirar todas as dúvidas, é imprescindível ler as instruções da embalagem. “O arroz já costuma ser vendido livre de resíduos, como restos de cascas e pedaços de palhas. E com a cocção, vão ser eliminados potenciais contaminantes que não vemos a olho nu. O alimento ficará seguro para o consumo”, explica.

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