Brasileiro que fez parte do “Cowboy Carter”, coroado como “Álbum do Ano” no Grammy, fala da experiência de trabalhar ao lado de Beyoncé

Além dos grandes astros, o Brasil esteve representado no Grammy 2025 por Daniel Pampuri e Matheus Braz, que trabalharam no disco Cowboy Carter, consagrado como Álbum do Ano. Ao Tapis Rouge, Braz revela detalhes dos bastidores da produção ao lado de Beyoncé

Onivaldo Neto
onivaldo@ootimista.com.br

O primeiro domingo de fevereiro ficou marcado pela reunião de grandes astros e estrelas da música na Crypto.com Arena, em Los Angeles, durante a cerimônia de premiação da 67ª edição do Grammy Awards. Além de performances impactantes, homenagens às vítimas dos incêndios em LA e diversas surpresas, o Grammy 2025 entrou para história ao consagrar a cantora Beyoncé com a maior honraria da noite com a vitória na categoria de Álbum do Ano, pelo aclamado disco country Cowboy Carter (2024). A conquista do gramofone dourado pela artista teve um sabor especial para o Brasil. Isto porque dois brasileiros, Daniel Pampuri e Matheus Braz, foram oficialmente creditados pela organização do Grammy como vencedores da categoria, graças às contribuições como engenheiros de som no disco em questão.

Pampuri foi o primeiro a estabelecer uma parceria com Beyoncé. O engenheiro de som trabalhou na captação de áudio das apresentações da cantora no Coachella, que resultaram no documentário musical Homecoming (2019). Já o carioca Matheus iniciou colaboração com a norte-americana em 2021, participando da produção da faixa Be Alive, da trilha sonora do filme King Richard: Criando Campeãs (2021). Em entrevista ao Tapis Rouge, Matheus Braz conta que entrou na equipe da Grammy Winner de forma inesperada, após uma mudança de Estado.

“Foi uma grande coincidência eu acabar onde estou. Estava trabalhando no QUAD Studios, em Nova York, por um tempo e decidi me mudar para Los Angeles [na Califórnia] com a minha esposa. Na mesma semana que ia chegar em LA sem ter achado nenhum estúdio que queria me contratar, o dono do QUAD estava falando com o Stuart White [engenheiro principal d Beyoncé] e descobriu que ele estava procurando por um assistente. Batemos um papo e fui contratado logo depois”, revela o brasileiro.

Desde então, Braz chegou a contribuir também para diversos outros projetos da cantora, como o álbum Renaissance (2022), a Renaissance Tour (2023) e o filme Renaissance: A Film by Beyoncé (2023). Os trabalhos, segundo o engenheiro, deixaram uma marca positiva nele devido ao contato mais próximo com os fãs da cantora. “A turnê de Renaissance e o filme são destaques com certeza. Foi a primeira vez que eu tive a chance de interagir e ver os fãs dela em. Ver a reação de todo mundo ao nosso trabalho foi muito especial”, comenta.

Cowboy Carter

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Beyoncé venceu duas categorias com o álbum Cowboy Carter, incluindo Álbum do Ano (Foto: Divulgação)

Além de proporcionar a Beyoncé o seu primeiro gramofone de Álbum do Ano, o disco Cowboy Carter também colocou o nome da cantora na história mais uma vez. Após a cerimônia do Grammy de 2025, a texana, que já era a pessoa mais premiada pela The Recording Academy, se tornou a primeira artista negra a vencer um Grammy em uma categoria country em meio século e a primeira mulher negra a ganhar a principal categoria da premiação neste século. Tais feitos carregam uma grande importância para a comunidade de pessoas negras dentro e fora dos Estados Unidos.

Parte dessa conquista, Braz conta que sua participação criativa e técnica foi crescendo gradativamente, chegando a trabalhar diretamente com Beyoncé. “Trabalhei desde o começo do álbum. Mas no começo eu era assistente do Stuart e com o tempo, melhorei como engenheiro e ganhei a confiança do time até o dia em que comecei a gravar a Beyoncé e trabalhar mais diretamente com produtores e compositores”, relata o engenheiro, que também estará presente na turnê mundial de divulgação do disco, a Cowboy Carter Tour.

O engenheiro compartilha sua reação ao descobrir que o álbum havia ganhado o mais cobiçado gramofone da premiação. Matheus compareceu à cerimônia e vibrou da plateia quando o disco foi anunciado como o ganhador da categoria. “Minha reação foi meio que entrar num estado de choque. Só me lembro que comecei a bater palmas pra ela com o resto do pessoal no evento. Só caiu mesmo a ficha quando cheguei em casa de noite. Queria muito que a gente ganhasse, mas não esperava”, declara.

Logo após a vitória, os nomes de Matheus e Daniel estampavam as páginas de notícias do Brasil, destacando suas participações no disco. Sobre esse reconhecimento a nível nacional Matheus comenta: “É um sentimento muito estranho. É uma mistura de orgulho e medo ao mesmo tempo. O normal para mim é ser a pessoa atrás do computador, fazendo meu trabalho quietinho”, diz.

Cena internacional

Embora seus principais trabalhos sejam com a cantora Beyoncé, o engenheiro também acumula em seu currículo colaborações com outros artistas internacionais. Dentre eles, Braz destaca os rappers Travis Scott e Childish Gambino, cantores de grande sucesso e relevância mundial. Já em relação aos artistas brasileiros, Matheus expõe que trabalhou com poucos. No entanto, expressa o desejo de ampliar sua atuação na cena artística do Brasil. “A fazer parte do trabalho de mais artistas brasileiros! Acabei de trabalhar com o Alê, um artista do Rio de Janeiro”, afirma.

Ao comentar sobre a influência da música brasileira no cenário internacional, o engenheiro ressalta o interesse crescente de músicos estrangeiros pelas referências do Brasil. Matheus salienta ainda como a riqueza cultural e a diversidade rítmica do País têm conquistado espaço e admiração no mercado americano. “Com certeza! Mais e mais artistas aqui [nos Estados Unidos] usam artistas e bandas brasileiras como referência. O Brasil possui um corpo de trabalho cheio de cultura e ritmos que os americanos adoram”, enfatiza.

 

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