Em entrevista ao programa “Roda Viva” na última segunda-feira (3), Camila Pitanga abriu o jogo sobre sua experiência como a vilã Lola na série “Beleza Fatal”, produção da Max, e confirmou seu retorno à TV Globo na próxima novela das sete, “Dona de Mim”. A atriz admitiu que enfrentou dificuldades para entender a complexidade da personagem, uma influencer digital que personifica o capitalismo despudorado e a busca pela beleza a qualquer custo. “Eu tive uma certa dificuldade… Que vida é essa? Ela é o capital bem despudorado, vendendo um tipo de beleza”, refletiu Camila.
A personagem Lola, segundo a atriz, representa uma crítica à indústria da beleza e aos riscos associados a procedimentos estéticos invasivos. “A Lola é o pior disso, é o capital querendo ganhar dinheiro. Ela é agressiva no mercado e no marketing. Você vê na cara dela, é toda esticada. É tudo muito artificial”, explicou Camila, destacando que a artificialidade da personagem reflete uma realidade cada vez mais aceita na sociedade. A atriz também expressou preocupação com os riscos de vida envolvidos em procedimentos estéticos, defendendo a necessidade de maior regulação no setor.
Questionada sobre o desafio de interpretar uma vilã na era do politicamente correto, Camila destacou que Lola não foge de polêmicas. “Mas a Lola fala”, afirmou, lembrando que a personagem carrega uma estética de ataque e ironia que a torna irresistível. Para construir a personalidade de Lola, a atriz buscou inspiração em referências como o documentário “Um Lugar ao Sol” (2008), que retrata o comportamento de pessoas ricas. “Eu confesso que tive muita dificuldade de entender a Lola, de aceitar ela. Com o tempo, fui entendendo que é uma mulher que viveu muitas violências”, explicou.
Volta à Globo
Camila também comentou sobre o novo modelo de contratos por obra, que permite maior liberdade para atores trabalharem em diferentes plataformas. “Está sendo muito bom voltar com Rosane Svartman, com pessoas que eu admiro”, disse, referindo-se à sua volta à Globo. A atriz destacou ainda o orgulho de atuar como produtora executiva na Max e a importância de explorar novos projetos no streaming, sem abrir mão de oportunidades na TV aberta.
Por fim, Camila refletiu sobre as mudanças no audiovisual em relação à representação de mulheres negras. “De 2007 para cá, processualmente é isso mesmo. É trabalhar, pesquisar, estudar referências”, afirmou, lembrando de sua personagem Bebel, em “Paraíso Tropical”. A atriz celebrou o fato de que a presença de atores negros nas novelas não é mais uma exceção, mas uma realidade que inspira e abre portas para novas narrativas.
Confira a entrevista completa: