Cineteatro São Luiz passa por serviços de restauração nas áreas internas e externas

Dez anos após a reinauguração, Cineteatro São Luiz passa por um novo ciclo de cuidados, unindo tradição e formação. Tapis Rouge, que acompanhou parte do processo de conservação e restauro detalha as etapas

Sâmya Mesquita
samyamesquita@ootimista.com.br

É difícil encontrar um fortalezense que não tenha alguma história com o Cineteatro São Luiz. De uma visita para assistir a um filme na infância a um show após sua reinauguração, o espaço é um ícone cultural com quase um século de história. Para celebrar esse marco e garantir a preservação do patrimônio, o espaço passa por um processo de conservação e restauro desde o final de dezembro do ano passado, que se estenderá até a segunda quinzena de fevereiro próximo. A ação, uma parceria entre o Cineteatro e a Escola de Artes e Ofícios Thomaz Pompeu Sobrinho (EAOTPS), promete revitalizar o espaço sem interromper totalmente as atividades, que seguirão com atrações externas e virtuais.

Garantia de preservação

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(Foto: Edimar Soares)

Esta é a primeira grande intervenção desde a reabertura, em 2015, quando o projeto original do São Luiz foi resgatado, reintegrando o palco à sala de cinema e consolidando sua identidade como um cineteatro. A compra do espaço pelo Governo do Ceará em 2011 marcou o início de um criterioso trabalho de restauração e reforma, abrangendo desde a arquitetura até a readequação conceitual das ações. “O Cineteatro tem tido, ao longo desses dez anos, todo um compromisso com a sua preservação e a sua conservação”, afirma José Alves Netto, diretor-geral do Cineteatro São Luiz. “Desde a inauguração, a gestão pensa o tempo todo em manter o São Luís como ele é, como ele está, como ele foi entregue”, completa.

Diferente dos dias de espetáculo, o espaço está tomado por vigas, lonas e poeira: nada incomum para uma reforma dessa magnitude. As intervenções abrangem áreas internas e externas, desde as portas de entrada e o piso de mármore do foyer, até a sala principal. Na área de espetáculos, a manutenção do ar-condicionado e o restauro das paredes laterais, com seus elementos em baixo e alto-relevo coloridos, serão prioridades. “Observamos que o desgaste [de uma das colunas laterais] estava muito acentuado e precisava de uma intervenção rápida para fazer essa correção”, diz o diretor, explicando que se tratava de uma infiltração e que, se não fosse corrigida a tempo, poderia danificar toda a estrutura do cineteatro: “O São Luís é um equipamento público do Estado do Ceará, um bem tombado, e temos o compromisso de manter esse equipamento funcionando bem”.

Ensino e restauro

O projeto se divide em etapas, começando com a identificação das causas dos danos e a preparação dos espaços. Em seguida, os alunos do Curso de Aperfeiçoamento em Conservação e Restauração da EAOTPS entram em cena, realizando o mapeamento, as análises e as ações restaurativas. Maninha Morais, gestora executiva da EAOTPS, ressalta que o “namoro” da escola com o cineteatro é antigo e que, por isso, houve tempo o suficiente para planejar a execução do projeto. “Temos uma equipe especial para esse trabalho, que requer muito cuidado e conhecimento técnico. Nos preparamos, selecionamos alunos com capacitação e realizamos um curso de segurança do trabalho com todos os participantes”, pontua. “A escola tem crescido com essa possibilidade de estar mais ligada diretamente aos acervos culturais do nosso Estado”, declara: “Estar aqui no São Luís para realizar um trabalho dessa magnitude é um presente, porque é a gente poder restaurar e recuperar parte das nossas histórias, das nossas memórias”, finaliza a gestora.

Os alunos presentes na reforma já possuem experiência em restauro, como é o caso de Raquel Julião, biblioteconomista e aluna do curso. “Fiz o [curso] de iniciação e fiz outro de parietal [para restaurar de pinturas em paredes]. E hoje estou aqui nesse que é o aperfeiçoamento”, conta. “É gratificante porque é um equipamento que faz parte da história da nossa cidade, que nossos pais conhecem”.

Enquanto o São Luiz se renova, a programação segue ativa com atividades externas na Praça do Ferreira e atrações virtuais no YouTube, incluindo shows musicais e podcasts. Depois de pronto, poderemos celebrar os dez anos de reinauguração e um século de história na cultura cearense.

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