O Enfermeiro da Noite, novo filme da Netflix, conta a história real de um enfermeiro que matou mais de 300 pacientes em hospitais estadunidenses

Sâmya Mesquita
samya@ootimista.com.br

Imagine ter em suas mãos o poder de parar um assassino em série. É este desafio que a enfermeira Amy precisa encarar em “O Enfermeiro da Noite”, novo filme original da Netflix. Baseado em fatos reais, a produção conta a história de Charlie Cullen, que ganhou os noticiários nos anos 90 por ter matado mais de 300 pacientes ao longo de 16 anos trabalhando em hospitais estadunidenses. O filme estreia nesta quarta-feira (26).

Amy, interpretada pela premiada Jessica Chastain (“It: A Coisa”, “A Hora Mais Escura” e “Interestelar”) é uma enfermeira sobrecarregada com o trabalho e a criação de seus dois filhos. Além disso, possui um problema congênito no coração que a impede de exercer plenamente suas funções. Mas quando Charlie Cullen, interpretado por Eddie Redmayne (“A Garota Dinamarquesa”, “Animais Fantásticos” e “A Teoria de Tudo”), chega ao hospital, a amizade que se desenvolve entre os dois acaba por amenizar as dificuldades do dia a dia.

Mas além do jeito introspectivo do novo colega de trabalho, Amy passa a desconfiar que uma série de negligências médicas exercidas pelo enfermeiro, como superdosagem de insulina, são muito mais do que simples descuidos. É quando entra em cena a polícia de Nova Jersey, que tenta investigar a série de “coincidências” em torno dos hospital em que Charlie trabalhou.

Entretanto, o próprio sistema vira cúmplice dos mais de 300 assassinatos cometidos pelo enfermeiro, em 16 anos de profissão. Isso porque, por medo de escândalos, os casos eram abafados por medo de ações judiciais e processos das famílias lesadas, o que permite que os crimes se perpetuem. E quem mais tem a perder é a enfermeira, que tenta conseguir provas para incriminá-lo. É aí que a tensão mora, pois Amy não só tem o condicionamento físico posto à prova como sua família passa a correr perigo.

O lançamento acompanha a onda de interesse em serial killers, tanto pelo crescente do número de podcasts criminais, como o “Modus Operandi”, quanto em lançamentos de séries como “Dahmer” (2022) e “Pacto Brutal: O Assassinato de Daniella Perez”. No caso de “O Enfermeiro da Noite”, diferentemente de outros filmes de suspense envolvendo mortes em série, a tensão deixa de ser externa e se torna quase interna: as mortes não envolvem sangue, o risco do problema de saúde da médica é revisitado a cada nova tentativa de desmascarar o enfermeiro e até o drama envolto na família da personagem deixam a narrativa pesada, perfeita para apreciadores do gênero. Entretanto, a semelhança a outras obras está na paleta de cores escura e esverdeada – reforçada até pela cor do uniforme dos enfermeiros – e no constante sentimento, por parte do espectador, de que todos ali estão cansados, seja física ou psicologicamente.

“O Enfermeiro da Noite” é o primeiro filme de Chastain desde que ela ganhou o Oscar de melhor atriz no início deste ano por “Os Olhos de Tammy Faye”. As promoções destacaram que os dois protagonistas do filme são vencedores do Oscar; Redmayne ganhou o prêmio de melhor ator por Stephen Hawking em “A Teoria de Tudo” de 2014.

O filme é baseado no livro do jornalista Charles Graeber, que fez um relato documental da perseguição a Charlie Cullen num texto recheado de suspense. A direção do filme é do dinamarquês Tobias Lindholm, que esteve à frente dos premiados “A War” (2016) e “Druk: Mais uma Rodada” (2021), além da série “Mindhunter” (2017), que também esmiúça a mente de um assassino em série. O roteiro de Krysty Wilson-Cairns e completam o elenco Nnamdi Asomugha, Kim Dickens, Malik Yoba, Alix West Lefler e Noah Emmerich.

Assista ao trailer:

Serviço:
Filme “O Enfermeiro da Noite”
Streaming: Netflix
Lançamento: Quarta-feira, 26 de outubro
Duração: 2h03min
Classificação indicativa: 14 anos