Com obra criada para exibição em Fortaleza, Galeria Multiarte recebe exposição “Dinheiro Vivo”, de Vik Muniz

Abordando temas como meio ambiente e preservação, “Dinheiro Vivo”, exposição do artista Vik Muniz, abre para visitação nesta quinta-feira (27), na Galeria Multiarte. Mostra contará com obra inédita, criada especialmente para exibição na capital cearense

Onivaldo Neto
onivaldo@ootimista.com.br

Vik Muniz, um dos artistas brasileiros mais prestigiados internacionalmente, apresenta em Fortaleza a exposição “Dinheiro Vivo”. Abrigada na Galeria Multiarte, a mostra estará aberta para visitação a partir desta quinta-feira, 27. Dividida em dois grupos de trabalho, a seleção conta com 15 obras feitas exclusivamente de pedaços de cédulas de real destinadas ao descarte e cedidas ao artista pela Casa da Moeda. Para a temporada em Fortaleza, que segue até 30 de maio, o artista plástico criou uma obra inédita, a partir de uma pintura do pintor alemão Johann Moritz Rugendas. A Multiarte, a Galeria Nara Roesler, que representa Vik Muniz, e o próprio artista assinam a curadoria da exposição.

“(…) sua obra consegue dialogar com todos os públicos, idades e origens. A exposição irá impactar o visitante não só pela sua estética ou acabamento primoroso que Vik dá nos seus trabalhos, mas porque esse ‘jogo’ que ele cria entre imagens icônicas, o uso disruptivo do papel moeda como meio e o impacto que a fauna e a flora têm em sua obra estão acima dos valores que um dia esse papel moeda poderia ter”, exalta Victor Perlingeiro, diretor da Multiarte.

As obras

O incêndio que assolou o Museu Nacional em setembro de 2018, no Rio de Janeiro, fomentou a realização das obras de “Dinheiro Vivo”. Após visitar a instituição e tentar levantar fundos para sua restauração, Vik Muniz foi convidado para uma visita à Casa da Moeda. No órgão, foi oferecido ao artista o material principal da mostra, o dinheiro triturado. “Fiquei sentado olhando aquele material fantástico presenteado pela Casa da Moeda. Todo mundo tem uma experiência tátil com esse material. Todo mundo já pegou, já usou dinheiro. É um material que vem carregado de referências, de experiências pessoais”, revela o artista.

Com sua abordagem inovadora e reflexiva, a exposição está dividida em dois grupos. A primeira parte utiliza as cédulas de real descartadas para recriar animais que estampam as notas e paisagens brasileiras do século XIX. Nessa seleção da exposição, o público poderá apreciar obras como “Tartaruga-marinha”, “Garça”, “Arara”, “Mico-leão-dourado”, “Onça-pintada”, “Garoupa” e “Lobo-guará”, todas produzidas em 2022. Cada animal foi meticulosamente recriado com cédulas de diferentes valores, desde 2 até 200 reais.

A única nota que Vik não usou na mostra foi a de um real, já foi retirada de circulação. Apesar disso, foi justamente a falta da “cédula do beija-flor” que levou o artista a refletir sobre a origem do papel-moeda, a relação com as árvores e o impacto do desmatamento. A ponderação inspirou a segunda parte da exposição, onde o artista recria paisagens brasileiras registradas pelos “artistas viajantes” do século XIX, com destaque para as obras do pintor alemão Johann Moritz Rugendas. “A coisa ficou mais no plano ecológico, porque eu não parei de pensar nesse material como tendo sido vivo um dia. (…) o dinheiro como tema, como material, são vetores de uma complexidade incrível”, conta Vik.

Dentre os trabalhos deste grupo estão: “Vista da costa da Bahia, (2022)”, “Serra Ouro Branco, (2022)”, “Mata virgem perto de Manqueretipa, (2022)” “Praia Rodrigues, (2022)”, todas feitas a partir de Johann Moritz Rugendas. As obras têm impressão a jato de tinta em papel archival.

Obra para Fortaleza

2503tr1301_5c_Easy Resize.com
Paisagem no interior da mata tropical no Brasil com figuras (2025), a partir de Johann Moritz Rugendas

Apesar de ter nascido na capital paulista, em 1961, Vik Muniz carrega sangue cearense nas veias. O pai do artista, Vicente Lopes Muniz, nasceu em Santa Quitéria, Interior do Ceará. Reforçando essa ligação com o Estado, o artista criou especialmente para a exposição em Fortaleza uma obra inédita, batizada de “Paisagem no interior da mata tropical no Brasil com figuras, a partir de Johann Moritz Rugendas (2025)”. A pintura original de Rugendas, feita em 1842 em tela sob óleo, conta com 46 x 36 cm e estará na exposição, ao lado da recriação de Vik Muniz. A obra pertence a uma coleção particular de São Paulo.

“Ter essa individual em Fortaleza consolida a Multiarte como uma galeria que busca conectar o público a artistas de relevância internacional, como Vik, que tem feito exposições nos museus mais prestigiados do mundo, e está presente em coleções institucionais de grande importância, como o Pompidou, em Paris, Reina Sofía, em Madri; Museum of Contemporary Art, em Tóquio; Guggenheim e Whitney Museum, em Nova York, e a Tate Gallery, em Londres. Dessa forma, buscamos fortalecer o circuito artístico regional e nacional”, comenta Victor Perlingeiro.

serviço

Exposição Vik Muniz – Dinheiro Vivo
De 27 de março a 30 de maio de 2025
Visitação de segunda a sexta-feira, das 10h às 18h, e aos sábados, das 10h às 16h.
Multiarte – Rua Barbosa de Freitas, 1727, Fortaleza
Contatos: (85) 3261.7724 / galeriamultiarte@uol.com.br
Entrada gratuita

RELACIONADOS

PUBLICIDADE

POPULARES