Entrando no espírito de solidariedade do Natal, Tapis Rouge apresenta a trajetória da Fundação Social Raimundo Fagner, que usa a música para transformar a vida de crianças e adolescentes em Fortaleza e Orós
Sâmya Mesquita
samya@ootimista.com.br
Natal é tempo de repensar prioridades, de entender o que realmente é importante, tanto para si quanto para o mundo que nos cerca. E, sem dúvidas, é nesta época que mais se voltam as atenções a instituições que apoiam causas sociais. Uma delas é a Fundação Social Raimundo Fagner, fundada em 2000 pelo músico e compositor que dá nome à iniciativa, com objetivo de promover o desenvolvimento humano, o pensamento artístico e a percepção estética de crianças e adolescentes matriculados na rede pública de ensino.
A FRFagner atua nas cidades de Fortaleza e Orós, cidade natal do artista, a 350 km da capital. A instituição atende a cerca de 400 jovens, com idade entre 7 e 17 anos, em situação de risco social, pobreza e exclusão. Através do projeto “Aprendendo com Arte”, os jovens participantes do projeto têm a oportunidade de desenvolver talentos, expressar emoções e se relacionar com o mundo de forma mais criativa e crítica. Outro projeto consiste na realização de cursos e oficinas que fazem uso de novas abordagens pedagógicas e metodológicas, ondes os participantes apresentam como resultado os grupos de flauta, vocal e violão, bem como as aulas de literatura e teatro. Alguns espetáculos realizados foram Bumba-Meu-Boi, Romeu e Julieta, A Princesa e o Sapo e um concerto com músicas ibero-americanas dos séculos XVI a XVIII.
Para o maestro Eduardo Saboya, coordenador pedagógico da Instituição, o projeto “Aprendendo com Arte” prioriza trabalhar sociabilidade e humanismo através da música erudita. “Dentro desses 23 anos em Orós e 20 anos aqui em Fortaleza, nós temos uma história muito grande. É muito importante mostrar o que nós fazemos diariamente na fundação”, afirma.
“Hoje, sabemos como é complicada a vida do jovem. Estão sempre por aí ociosos e acabam aprendendo coisas que não vão contribuir para a sua vida. A instituição está aqui para mostrar que eles podem sonhar, que podem ter um futuro diferente”.
O trabalho da FRFagner já foi reconhecido por diversos prêmios, como o Prêmio Escola Viva, o prêmio de apoio a pequenos eventos e Ponto de Valor, do Ministério da Cultura, o Criança Esperança, da TV Globo, o Prêmio Itaú/Unicef, o Programa Escola Associada à Unesco, entre vários outros. Mas mais do que o reconhecimento, vale ressaltar a importância na vida dessas crianças que encontram na música novas perspectivas que vão além da própria Arte, como reforça o maestro: “A Fundação Raimundo Fagner não forma músicos: ela é uma escola para a vida, que ensina além de uma nota musical. Tanto que temos vários alunos formados em Administração, em Pedagogia, em Informática… Um lugar de terceiro setor faz muito pela sociedade, ajudamos o bairro a pulsar a cultura, arte, cuidado e generosidade. Então esse é o nosso papel, porque atingindo cada criança a gente atinge a família também”.
Sonhos formam cidadãos
Aline Sêda, mãe da Ana Maria e da Ana Gabriele, diz que fazer com que suas filhas participassem da FRFagner foi quase natural, já que moram perto da sede de Fortaleza. “A fundação foi muito importante nestes cinco anos que minhas filhas estão lá. Ana Gabriele se descobriu amante da leitura através das aulas de literatura. Já a Ana Maria descobriu sua paixão pelo teatro”, afirma. As meninas também fazem aulas de Coral.
Para o futuro, a mãe vê um caminho promissor, independentemente da carreira que sigam. E se o maestro disse que o objetivo da instituição é fazer com que as crianças sonhem, Aline reforça esse compromisso, quase em uníssono, como um Coral de vozes que luta para o bem-estar social. “Vejo elas conseguindo realizar seus sonhos, pois na Fundação as crianças aprenderam que devemos correr atrás dos nossos sonhos respeitando o próximo e tendo empatia”.
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Doações para a manutenção das atividades da Fundação podem ser feitas através do site www.frfagner.org.br