Hoje (27), dia em que a coreógrafa Pina Bausch completaria 80 anos, o Porto Iracema de Artes exibe a montagem “Ausência”, resultado da residência artística realizada em 2019 com o diretor assistente da Tanztheater Wuppertal, Daphnis Kokkinos
Naara Vale
naaravale@ootimista.com.br
“O que você faz de melhor? O que você faz quando você está triste?” A partir de questões desse tipo, a bailarina alemã Pina Bausch (1940 – 2009) revolucionou o mundo das artes. Ao fazer tais provocações aos seus bailarinos, a coreógrafa incitava-os a se expressarem, a construírem falas através do corpo e tornava-os protagonistas de suas danças. Para o público acostumado à dança clássica, o método e os espetáculos que resultavam dele fizeram de Pina Bausch um dos maiores nomes da dança do Século XX.
Criando um estilo próprio, sua técnica originou a dança-teatro, ainda hoje difundida pelo mundo através da companhia Tanztheater Wuppertal Pina Bausch, da qual esteve à frente ao longo de 36 anos, até 2009, ano em que foi vencida por um câncer de pulmão. Em 2019, quando se completaram 10 anos da morte da coreógrafa, Fortaleza foi a única cidade brasileira a ter a honra de receber o bailarino e diretor assistente da Tanztheater Wuppertal, Daphnis Kokkinos, para uma residência de duas semanas com 22 bailarinos brasileiros, em sua maioria cearenses.
O resultado dessa imersão foi a montagem “Ausência”, que a Escola Porto Iracema de Artes exibe a partir das 10h de hoje (27), dia em que Pina estaria completando 80 anos. O registro audiovisual, que tem cerca de 1h30 de duração, ficará disponível no YouTube do Porto Iracema das Artes até as 10h desta terça-feira (28). A residência foi uma parceria entre a Porto Iracema das Artes, Vila das Artes, Theatro José de Alencar e Bienal Internacional de Dança do Ceará.
No vídeo, os 22 bailarinos apresentam suas respostas às questões e provocações feitas por Daphnis Kokkinos ao longo da residência, tal qual o processo criativo de Pina Bausch. “São provocações que ele foi fazendo ao longo das duas semanas e isso acabou gerando uma pesquisa de movimento”, explica Carolina Wiehoff, coordenadora do Programa de Dança da Escola Porto Iracema das Artes. “Ele vai usando a movimentação que cada bailarino criou de acordo com a sua personalidade, com a sua história, e foi fazendo uma dramaturgia, criando sentido”, completa.
Formado em dança, teatro e circo, bailarino Rafael Abreu, de 31 anos, foi um dos selecionados para participar da residência “10 anos sem Pina”. Iniciado na dança aos 11 anos através do projeto Edisca, em 2019 ele viveu o que chama de “realização de um sonho”. “Essa vivência foi transformadora, muito rica em detalhes. Foi uma experiência ímpar dentro da cidade de Fortaleza”, define o bailarino, que exaltou, especialmente, o profissionalismo do coreógrafo de Pina e a possibilidade de se expressar livremente. “Ele sempre dava esse lugar de ‘você é o protagonista’. Ele não nos limitava”, pontua.
SERVIÇO
Porto Iracema das Artes exibe por 24 horas “Ausência”, espetáculo realizado em residência “10 anos sem Pina”
De 10h de hoje (27) até as 10h de amanhã (28)
YouTube do Porto Iracema das Artes