Atriz Ana Carbatti apresenta as últimas sessões do monólogo Ninguém Sabe meu Nome, na CAIXA Cultural Fortaleza. Ao Tapis Rouge, ela fala sobre importância do combate ao racismo, tema central da montagem, através da potente ferramenta que é o teatro
Danielber Noronha
danielber@ootimista.com.br
Em meio ao mês da Consciência Negra, a atriz Ana Carbatti se despede de Fortaleza neste fim de semana, encerrando temporada exitosa com o espetáculo Ninguém Sabe meu Nome, na CAIXA Cultural Fortaleza. As últimas apresentações na capital cearense vão de hoje (8) até domingo (10), com ingressos à venda na bilheteria do local por R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia, incluindo clientes CAIXA).
No monólogo, que rendeu à artista indicações aos prêmios Shell e APTR, o racismo e a maternidade se entrelaçam para falar de temas pujantes no contexto social atual, onde a mãe se encontra num dilema ao falar sobre questões raciais com o filho.
“A mensagem principal que o espetáculo passa é que a responsabilidade do fim do racismo depende da sociedade toda. Essa não é uma responsabilidade da pessoa negra porque o racismo não foi inventado pela pessoa negra, muito pelo contrário. Então, enquanto as pessoas brancas e não negras não identificarem essa responsabilidade e tomarem para si, a gente não vai caminhar. A gente precisa de ação. As pessoas negras precisam de aliados, agentes ativos”, provoca a atriz em entrevista exclusiva ao Tapis Rouge.
Ana divide a dramaturgia do espetáculo com Mônica Santana e sobe ao palco sob a direção de Inez Viana e de Isabel Cavalcanti. Segundo ela, as mãos femininas na construção do produto foram fundamentais para acrescentar as camadas e sutilezas necessárias à personagem. “A força feminina é muito importante para a construção desse País. E é muito bom que a gente tenha a possibilidade de trabalhar com mulheres em funções de liderança. Eu sou produtora, sou atriz do espetáculo, sou autora do texto, tenho o apoio da Mônica Santana na dramaturgia, a direção de Inês Viana e Isabel Cavalcanti, produção da Cavaida Cultural, empresa de produção formada por duas mulheres LGBT, com cenário também feito por duas mulheres. […] É um deleite, sem sombra de dúvida”, celebra.
Troca com o público
A todo momento, o público será convidado a imergir ainda mais no enredo do espetáculo, se debruçando sobre questões emocionais e sociais com toques de humor, buscando criar empatia e reflexão a respeito das problemáticas apresentadas. “Ninguém Sabe meu Nome é um espetáculo interativo. Não se preocupem, ninguém vai ser chamado para subir ao palco, tirar a roupa, fazer piruetas, nada do tipo, mas é interativo. É um espetáculo que chama a participação do público muito ativamente”, antecipa.
Ainda de acordo com a realizadora, a participação de Fortaleza tem sido ímpar na trajetória do espetáculo que ganhou vida e estreou em 2022. “A receptividade do público de Fortaleza foi incrível. A resposta para a gente tem sido muito boa, porque as pessoas têm respondido muito abertamente e saem emocionadas e muito mexidas com a peça. Para a gente isso é o mais importante”, complementa.
Espaço de debates
Na busca cada vez maior – e necessária – por representatividade, Ana Carbatti chama atenção para o poder democrático exercido pelo teatro, espaço onde, no olhar dela, é possível “ampliar temas e diversificar conversas”. Não à toa, no sábado (9), às 16h, ocorre o debate “CO-VÍTIMA – uma questão de saúde pública”, que abordará os impactos do racismo sob uma perspectiva territorial. A atividade, gratuita, será com Cicera Barbosa, educadora popular engajada nas questões raciais, de gênero e nos movimentos de memória, verdade e justiça. Professora de História da Rede Estadual do Ceará desde 2010, Cicera Barbosa também é especialista em Educação para relações Étnico-Raciais.
“A gente nunca pode esquecer que teatro é entretenimento, mas também é uma arena de ação política, não a política partidária, mas uma arena de política social, onde tanto o público quanto os artistas fazem uma comunhão muito importante e muito determinante na construção da nossa sociedade, na cultura de um país, especificamente nesse assunto. Porque no teatro a gente pode colocar quantos corpos pretos a gente quiser e pode colocar todos eles terem ação física e efetiva”, finaliza.
serviço
Espetáculo Ninguém Sabe Meu Nome
Local: Av. Pessoa Anta, 287, Praia de Iracema
De 8 a 10 de novembro (sexta-feira a domingo)
Horários: sexta e sábado às 20h; domingo às 19h
Ingressos: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia – incluídos clientes CAIXA) na bilheteria da CAIXA Cultural
Debate Temático “CO-VÍTIMA – uma questão de saúde pública”
No Teatro da CAIXA Cultural Fortaleza
Neste sábado (9), às 16h