Unindo arte urbana e artesanato indígena, a exposição “Graffitigrafismo Amazônico” chega à CAIXA Cultural Fortaleza. A mostra, assinada pelo artista amazonense Raiz Campos e a Associação dos Artesãos de Novo Airão (AANA), será acompanhada por roda de conversa, visita guiada e oficinas gratuitas
Uma imersão singular no universo da arte amazônica será oferecida ao público fortalezense na CAIXA Cultural Fortaleza com a exposição Graffitigrafismo Amazônico. Aberta para visitação entre 5 de outubro e 15 de dezembro, a mostra, criada pelo artista Raiz Campos, em parceria com a Associação dos Artesãos de Novo Airão (AANA), celebra a fusão do contemporâneo urbano com o tradicional indígena. Em conjunto com a exibição, um dia antes da abertura oficial, na sexta-feira (4), o equipamento cultural realiza também uma roda de conversa com Raiz Campos e Marcos Baré, presidente da (AANA), além de uma visita guiada. Já no dia da abertura oficial, serão realizadas oficinas gratuitas de “Artesanato Baré” e “Stencil Amazônico”.
“A exposição apresenta uma fusão inovadora unindo duas técnicas essenciais para minha trajetória: o grafite e o artesanato indígena. Cresci em uma reserva – Waimiri Atroari – até os 18 anos e tive o privilégio de vivenciar a cultura indígena de perto, o que influenciou minha arte e filosofia. Ao longo da minha carreira, especializei-me em grafite e, nesta exposição, trago essa fusão para o público. A exposição valoriza tanto o grafite quanto as grafias indígenas, resultando numa homenagem à cultura e aos artesãos que mantêm vivas essas tradições”, conta o criador Raiz Campos.
Obras
Trazendo à tona elementos simbólicos da cultura amazônica, a exposição é composta por oito obras em esteiras indígenas grafitadas e uma instalação que usa latas de spray chamada “Aturá”, além de uma assinatura artística em grafite de Raiz. O artista destaca entre as peças dois fortes símbolos da fauna brasileira, como as representações de duas onças, que simbolizam o mundo físico e espiritual, e uma rara arara, vista como mensageira dos deuses. Ainda segundo Campos, os trabalhos expostos também homenageiam as famílias de artesãos de Novo Airão e figuras importantes como Dona Alberta, fundadora da (AANA), e seu filho, Marcos Baré.
“O destaque dessa mostra é a homenagem que faço aos artesãos, como Marcos Baré e sua família. Além de retratar esses artistas, trago elementos da fauna amazônica, que simbolizam tanto o lado físico quanto o espiritual da floresta. A curadoria foi orientada pela minha vontade de dar visibilidade aos artesãos e à importância da preservação da cultura e da natureza amazônica”, pontua o amazonense.
Para a concepção e realização das obras, Raiz utiliza-se de um conceito autoral batizado de ‘graffitigrafismo’. Com o método, que aplica a linguagem do grafite sobre artesanatos indígenas, como esteiras de quase quatro metros e cestos, o artista rompe com barreiras artísticas. Sua técnica inovadora combina diferentes traços, criando um diálogo visual entre o passado e o presente e uma reflexão sobre a identidade e a tradição.
“O conceito surgiu de um sonho no qual eu pintava um mural de grafite sobre uma esteira indígena. Isso me inspirou a unir o grafite urbano com o artesanato indígena, criando uma nova forma de expressão. Desde então, venho trabalhando nessa fusão de técnicas, elevando a esteira do chão para a parede e transformando-a em uma tela para a arte urbana. O “graffitigrafismo” é essa união entre o ancestral e o contemporâneo, o indígena e o urbano”, revela o artista.
O toque
Além de apreciar visualmente as obras da mostra, o público também é convidado a tocá-las e sentir a textura da fibra trançada das esteiras artesanais – características de etnias amazônicas advindas do Alto Rio Negro, nomeadas de “tupés”. Aliando a experiência sensorial única à inclusão, a exposição contará também com textos em braille, permitindo que pessoas com deficiência visual possam apreciar a arte de Raiz Campos de forma completa.
“Tocar nas obras permite uma conexão mais profunda com os materiais e o trabalho dos artesãos. As fibras naturais são o resultado de um processo manual árduo, e sentir esse acabamento aproxima as pessoas da realidade dos artesãos. Acredito que essa interação enriquece a experiência, permitindo que o público absorva a energia e o significado por trás das peças”, discorre Campos.
Oficinas
Com vagas já esgotadas, as oficinas “Artesanato Baré” e “Stencil Amazônico” permitirão que os visitantes explorem sua criatividade e conheçam mais sobre as técnicas utilizadas nas obras. De acordo com Campos, na primeira oficina, ministrada por Marcos Baré, os visitantes aprenderam sobre o processo de produção das esteiras, desde a extração das fibras até o trançado. “Os participantes poderão praticar e levar para casa uma peça produzida como lembrança”, complementa.
Já a segunda oficina será conduzida pelo próprio artista e autor da exposição. Raiz ensinará a técnica do estêncil amazônico, um processo inspirado nos grafismos indígenas. Os participantes poderão criar suas próprias obras e levar suas criações para casa também. “As oficinas são uma oportunidade de compartilhar conhecimento e valorizar essas tradições”, destaca.
Serviço:
Exposição Graffitigrafismo Amazônico
CAIXA Cultural Fortaleza (Av. Pessoa Anta, 287, Praia de Iracema)
Abertura sábado (4), às 19h
Visitação entre 5/10 e 15/12, aberta de terça a sábado, das 10h às 20h, e domingos e feriados, das 10h às 19h
Entrada gratuita
Informações: (85) 3453-2770 / Site da CAIXA Cultural / @caixaculturalfortaleza