Exposição “Habitantes”, de Celso Oliveira, explora a diversidade étnica do Brasil e da América Latina

Exposição Habitantes abre para visitação gratuita amanhã (14), no Museu da Cultura Cearense, reunindo 60 fotografias de Celso Oliveira. Mostra explora a diversidade étnica do Brasil, com foco no Nordeste, e outros países da América Latina 

Danielber Noronha 

danielber@ootimista.com.br

Desde os primórdios, a humanidade caminha para explorar e achar seu lugar no mundo, povoando os quatro cantos do planeta. Quem também tomou para si esta missão foi o fotógrafo Celso Oliveira. Munido das lentes de uma câmera e de um olhar refinado pelas quase cinco décadas de profissão, ele percorreu o Brasil e o Exterior, registrando cenas das mais diversas, mas que registram, acima de tudo, gente – no sentido mais plural da palavra. Parte desses achados estão compilados na exposição Habitantes, que abre para visitação a partir de amanhã (14), a partir das 18 horas, no Museu da Cultura Cearense, situado no Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura.

A mostra é composta de 60 fotografias em tamanhos variados e outras 250 exibidas no formato de projeção. Esta foi uma iniciativa encontrada pelo fotógrafo para dar maior vazão à produção, pensada para celebrar os 48 anos de vida dedicados ao ofício da fotografia. “O processo [de seleção] foi bastante longo, levei algo em torno de seis meses. Fiz uma seleção que começou com 2.500 fotos, depois cheguei a 250, 80 em seguida, até chegar nessas 60 selecionadas. As outras em projeção foram para abarcar mais trabalhos e quem gostar de fotografia, com certeza, vai gostar de ver”, explica. A comemorativa exibição conta com o apoio institucional da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará (Secult-CE), por meio do edital Mecenas. Visitação gratuita do público pode ser feita até março de 2023, nas duas salas do equipamento do Dragão do Mar.

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(Fotos: Celso Oliveira/Divulgação)

Retratos multiculturais
As fotos dispostas aos visitantes amarram um período que vai de 1975 a 2022, retratando diversos lugares do Ceará, bem como de vários estados brasileiros, e até de outros países da América Latina. Em comum, elas trazem a leitura de Celso sobre a identidade cultural dos povos latino-americanos em processos de andanças e de reconhecimento dos territórios, cujo intuito é apresentar “um grande apanhado em que dá para compreender as dimensões do meu olhar”, conforme explica o fotógrafo e também curador de Habitantes.

Ao Tapis Rouge, ele compartilha a mais inusitada das histórias curiosas por trás das fotografias presentes na exposição. Essa em questão ocorreu no Oiapoque, município do Amapá, no Norte brasileiro. “Esta tem uma menina, por volta dos 12 anos de idade. Ela está andando de bicicleta em um sentido da rua e eu estou em outro. A vejo abraçada com uma coisa, mas penso ser um bicho de pelúcia. Só depois de bater a foto, é que vejo se tratar de um macaco. Eu tomo um susto enorme, por vê-la praticamente abraçada com o animal, e ela também, pela minha reação. Foi interessante e curioso”, resgata o expositor.

A trajetória, contudo, está longe de ter apenas flores pelo caminho. Carioca de nascimento e cearense de coração, onde reside há 42 anos, Celso Oliveira se aventura no mundo da fotografia desde os 14 anos. Parte desse tempo, dedicou forças aos fotojornalismo e só passou a enxergar a foto como arte na vida adulta, depois dos 30 anos. Desde então, comenta, tem sido um desafio viver dela num País que deixa a desejar nos investimentos para o setor. Porém, como bom brasileiro, não foge à luta. “É difícil viver de arte no País, principalmente no Nordeste. Mas insisti e, hoje, tenho uma vida gostosa de viver, embora com seus sobressaltos, como a de todo brasileiro”, acrescenta. Por outro lado, é nesta batalha, regada de coragem e felicidade, que ele encontra coragem para seguir. “A fotografia traz alegria. Boa parte das obras desta exposição são únicas, foi tirada apenas uma fotografia. É muita emoção reunida na captura de um momento e isso me faz querer continuar”, completa.

Serviço
Exposição Habitantes
Abertura amanhã (14), das 18h às 20h
No Museu da Cultura Cearense – Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura  (R. Dragão do Mar, 81 – Praia de Iracema, Fortaleza – CE);
Horário de visitação: de terça à sexta das 9h às 18h (com entrada somente até às 17:30h); sábados, domingos e feriados das 13h às 18h (com entrada até às 17:30h)
Acesso gratuito

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