O hit Evidências ganha adaptação para o cinema, numa comédia romântica protagonizada por Fábio Porchat e Sandy Leah. Evidências do Amor estreia em circuito nacional na próxima semana, mas O Otimista assistiu ao filme em primeira mão
Émerson Maranhão
emerson@ootimista.com.br
Evidências, a canção, é um dos raros produtos da indústria cultural brasileira contemporânea que flerta com a unanimidade. De Chitãozinho e Xororó, que lhe deu fama, a Maria Bethânia, que lhe emprestou insuspeito verniz sofisticado, a composição de José Augusto e Paulo Sérgio Valle já ultrapassou uma centena de gravações e sagrou-se um autêntico hino da boemia, com seu refrão entoado a plenos pulmões, em bares, festas e karaokês, madrugadas adentro, País afora.
Tal condição privilegiadíssima é sedutora, sem dúvida, para lhe levar às telas do cinema. É a esta missão que o diretor Pedro Antonio se dedica em Evidências do Amor, longa protagonizado por Fábio Porchat e Sandy Leah, que estreia em circuito nacional na próxima semana.
Não que o formato seja novo. O clássico Veja Esta Canção (1994), de Cacá Diegues, e os recentes Eduardo e Mônica (2022), de René Sampaio, e Saudosa Maloca (2024), de Pedro Soffer Serrano, para ficar em apenas três casos, são exemplos do quão recorrentemente nosso cinema busca inspiração nas letras e acordes de nosso cancioneiro.
Nesta adaptação de Evidências, Pedro Antonio e sua equipe de roteiristas (formada por Luanna Guimarães, Alvaro Campos e Fabio Porchat, além do próprio diretor) optaram pelo gênero “comédia romântica”. Na tela, acompanhamos as idas e vindas do relacionamento entre Marco Antônio (Porchat) e Laura (Sandy), que se conhece num karaokê cantando… Evidências!
Após o término, Marco descobre que passou a viver aprisionado nas lembranças ruins do namoro, para onde é levado misteriosamente sempre que ouve – ainda que casualmente – tal canção. E passa a buscar uma saída para este “castigo”, envolvendo-se, por óbvio, em diversas situações cômicas. Basicamente esta é a trama do filme.
E também um de seus problemas. Ainda que seja explicitamente inspirado nos congêneres norte-americanos, em Evidências do Amor, a comédia se sobrepõe ao romantismo. Em tese, há mais motivos para rir do que para torcer pelo final feliz do casal.
E quando sublinho o “em tese” é devido ao fato da qualidade questionável do humor impresso na tela. Que não se espere sutileza ou refinamento nas piadas ou cenas supostamente engraçadas. Não há. O que há, na verdade, é um humor raso, sem muita elaboração, que mira o riso fácil.
Aqui, no entanto, cabe uma ressalva. Na sessão do filme fechada para convidados, em que O Otimista o assistiu, tais piadas fizeram efeito. Não foram poucos os espectadores que riram na cena em que Marco tira a roupa no meio de uma festa e mostra as nádegas ou quando um personagem anuncia que José Augusto teve um infarto enquanto cantava “Agora aguenta coração” em um programa de TV. Vá entender!
Talvez, na verdade, esteja aí a chave para entender, de fato, as intenções do diretor. Mesmo com um roteiro repetitivo (são infindáveis os retornos às brigas do casal), personagens estereotipados e monocromáticos, e atuações superficiais (Porchat está excelente no papel de Porchat, como direito às gags e maneirismos com que costumamos vê-lo em seu programa na TV), Evidências do Amor tem a pretensão de falar ao grande público, de atingir multidões, assim como a canção que lhe deu mote.
Provavelmente o fará, posto que todos os acessos lhe foram simplificados ao extremo e o filme é tecnicamente bem executado. Mas arrisco dizer que também o faria se seu realizador não minimizasse a capacidade do espectador nem o poder da história que tem em mãos, como o mostram bem as primeira e última sequências do filme, procurando justificar o que já está mais que justificado.
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Em alta
Entra em circuito comercial hoje (4) o suspense Uma Família Feliz. Dirigido por José Eduardo Belmonte, o filme é protagonizado por Grazi Massafera e Reynaldo Gianecchini, e tem ótimo roteiro assinado por Raphael Montes. Vale conferir!
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Em baixa
Licença para Enlouquecer, comédia estrelada por Mônica Carvalho, Danielle Winits e Michele Muniz e dirigida por Hsu Chien. Cheia de inconsistências dramáticas e inverossimilhanças, a produção também estreia nesta quinta. Muito difícil!
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