Projeto Diálogos traz para debate o escritor Fabrício Carpinejar, hoje (16), e o líder indígena Ailton Krenak, amanhã (17), no Cineteatro São Luiz. Ao O Otimista, Carpinejar falou sobre o tema da conferência, que discutirá o lugar da pessoa idosa na sociedade
Danielber Noronha
danielber@ottimista.com.br
De 1940 até 2019, a esperança de vida do brasileiro aumentou em 31,1 anos. É o que diz o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Diante do aumento do tempo de vida da população, surge um questionamento: qual o lugar da pessoa idosa no atual contexto social? Este é um dos temas de mais uma edição do projeto literário Diálogos Contemporâneos, realizado pela Associação dos Amigos do Cinema e da Cultura (AACIC), no Cineteatro São Luiz. O convidado de hoje (16) é o escritor e jornalista Fabrício Carpinejar. Ele profere a conferência com tema “O envelhecimento e o espaço social dos que não são mais jovens”, a partir das 19 horas, com acesso gratuito.
Amanhã (17) é a vez do escritor, ambientalista e líder indígena Ailton Krenak, que encerra o projeto em Fortaleza, no mesmo horário, com a conferência sobre “A cultura do descarte: sociedade de consumo, meio ambiente e o futuro da humanidade”. Além dos debates abertos ao público, os convidados participarão de ações de formação em escolas da rede pública da Capital.
Luto e lições de vida
Na palestra de Carpinejar, será abordado o livro Depois é Nunca. “É uma obra que enfoca a despedida e o quanto apressamos o luto e como ele nos incomoda, porque não sabemos lidar com a perda do outro. Vivemos numa sociedade maquiada, eufórica, onde colocamos para debaixo do tapete toda e qualquer melancolia”, define. Para trabalhar com os alunos do Liceu de Messejana, o escolhido foi Coragem de Viver, onde o escritor presta homenagem à mãe e apresenta histórias e fábulas que ela utilizava como recurso para superar adversidades da vida.
Olhar com empatia
Adentrando ao tema da conferência de logo mais, que aborda a figura do idoso na sociedade, o também jornalista diz ser preciso ressignificar o papel dos avós na educação dos filhos. “Não temos como defender o envelhecimento saudável se as famílias afastam os avós do convívio mais próximo. Os avós são alicerces da educação, do respeito. Esse neto que convive com os avós entenderá a lentidão de uma outra forma, como sendo sentido de calma, de maturidade no olhar”, direciona.
Carpinejar aponta que, em partes, o etarismo – discriminação contra pessoas baseadas em estereótipos de idade – vem do fato de que as pessoas depositam nos idosos o medo da morte e do fim. “Estar com os velhos é reconhecer os nossos próximos limites. Eles acabam sendo estigmatizados por coisas simples, como o fato de repetirem a mesma história, mas os adolescentes fazem isso o tempo todo. Para os velhos é caduquice, para os jovens é natural. Não entendo essa valorização diferente”, provoca.
Outro passo que pode ajudar na inclusão da pessoa idosa é o ato da escuta. Fabrício Carpinejar destaca que outras conquistas precisam ser exaltadas, para além da produtividade e das longas rotinas de trabalho. “Nós destacamos excessivamente o tempo funcional, a carreira, e não a extensão amorosa e afetiva do conhecimento”, frisa. Ele indica também um experimento aos leitores do O Otimista: “Que cada leitor faça uma pergunta a si mesmo: onde estará daqui a 30 anos? E, em seguida, onde estarão os irmãos e os amigos? Por último, onde estarão os pais daqui 30 anos?”, indica. O objetivo, explica, é fazer com que as pessoas mudem o foco de suas prioridades. “Assim, você não irá procrastinar afetos. A pessoa passa a vida procurando sucesso profissional quando nem conseguiu êxito familiar e pessoal”, completa.
Serviço
Fabrício Carpinejar no Diálogos Contemporâneos
Hoje (16), às 19 horas
No Cineteatro São Luiz (Rua Major Facundo, 500 – Centro, Fortaleza/CE)
Acesso gratuito, por ordem de chegada (sem retirada de ingresso)
Mais: @amigoscult