Deixar para cuidar das rugas só depois que elas aparecem? A geração Z diz “não” à regra. Especialistas explicam por que o botox preventivo virou febre entre os jovens e como ele promete redefinir o envelhecimento com naturalidade
Sâmya Mesquita
samyamesquita@ootimista.com.br
Se antes os 30 anos eram o marco para começar a se preocupar com rugas, hoje essa conversa já chegou — e ficou — nos grupos de WhatsApp da geração Z. O botox preventivo, técnica que usa doses estratégicas de toxina botulínica para frear o envelhecimento antes que as linhas de expressão virem marcas permanentes, virou o “skincare dos injetáveis” para uma geração que prefere prevenir do que remediar.
Nélio Novaes (CD – CE 10164), dentista e especialista em harmonização facial, diz ao Tapis Rouge que “nos últimos tempos a procura no consultório tem sido por jovens adultos, entre 23 e 33 anos.
Antes, o botox era coisa dos 40+”. Já para Filipe Martins (CRO-CE 6601), doutor em odontologia e especialista em harmonização orofacial, a mudança veio com a influência das redes sociais e a quebra de tabus. “Os jovens hoje veem a estética como parte da saúde, igual à academia ou à alimentação balanceada”, completa.
Mas como exatamente o botox preventivo difere do tradicional? A resposta está na dosagem e no timing. Enquanto o uso corretivo age sobre rugas já instaladas, o preventivo atua como um “freio de arrumação” para músculos que, com movimentos repetitivos, poderiam criar vincos no futuro. “Aplicamos doses menores e mais distribuídas, especialmente no terço superior da face. Isso mantém a expressividade, mas reduz a força que forma as rugas dinâmicas”, explica Novaes. O resultado a longo prazo, segundo Martins, é uma pele que envelhece em câmera lenta: “Postergamos rugas profundas e reduzimos a necessidade de correções agressivas no futuro”.
Naturalidade
Não é preciso esperar aparecer o primeiro “pé de galinha” para procurar o especialista. Linhas dinâmicas, aquelas que surgem ao franzir a testa ou sorrir e demoram a sumir, o histórico familiar de envelhecimento precoce e até hábitos nocivos, como estresse ou exposição solar, frequentemente são alertas. “Tabagismo e sol aceleram o processo. Quem tem esses fatores pode precisar começar mais cedo”, diz Nélio Novaes. Mas atenção: naturalidade é a palavra-chave. “O protocolo ideal avalia força muscular e padrão de expressão. A meta é suavizar, não apagar a identidade do rosto”, acrescenta Filipe Martins.
O futuro é regenerativo
Aqui vai um bônus que poucos conhecem: embora o botox não seja um bioestimulador, ele cria um terreno fértil para a pele se regenerar. “Ao reduzir microtraumas musculares, evitamos a degradação do colágeno existente”, esclarece Martins e Novaes complementa: “Estudos mostram que a pele se regenera melhor num ambiente sem contrações repetitivas”. Para potencializar o efeito, muitos pacientes combinam o procedimento com bioestimuladores ou ultrassom microfocado — tendências que, segundo os especialistas, dominarão a harmonização facial nos próximos anos.
Apesar do sucesso do botox preventivo, a aposta para o futuro está em técnicas que estimulem a autorregeneração da pele. “Exossomos, polidesoxirribonucleotídeo [PDRN] e ultrassom já são usados para ativar colágeno natural. A toxina continuará importante, mas em protocolos integrados”, prevê Filipe Martons. Por isso, essa geração que cresceu vendo influencers falando de ácido hialurônico no TikTok deve seguir firmemente uma máxima confirmada por Nélio Novaes: “A prevenção sempre será melhor do que tratar um problema já instalado. Isso não só vale para harmonização facial, mas em todas as áreas da saúde”.