Repetindo parceria de longa data com as atrizes Fernanda Torres e Fernanda Montenegro, Walter Salles lança nos cinemas nacionais o já aclamado filme Ainda Estou Aqui. Indicação brasileira para uma vaga no Oscar, obra aborda temas como perda, resiliência e coragem
Onivaldo Neto
onivaldo@ootimista.com.br
Após passar por diversos festivais internacionais de cinema, como a 81ª edição do festival de Veneza, Ainda Estou Aqui, aguardado longa-metragem do diretor Walter Salles, chega às telonas brasileiras nesta quinta-feira (7). Com participação de Fernanda Montenegro e protagonismo de Fernanda Torres, o longa é tido como a “grande esperança do Brasil no Oscar de 2025”, uma das mais importantes premiações da sétima arte. Classificada como drama e suspense, a produção conta com roteiro de Murilo Hauser (A Vida Invisível, 2019) e Heitor Lorega (O Marinheiro das Montanhas, 2021).
Trama
Ambientado no Rio Janeiro, durante o endurecimento da ditadura militar no início de 1970, o filme narra a comovente história de Eunice Paiva, interpretada em diferentes fases da vida por Fernanda Torres e Fernanda Montenegro, filha e mãe fora da ficção. Uma mulher comum, a personagem se vê diante de uma tragédia que abalaria qualquer família. Com a prisão e o posterior desaparecimento de seu marido, Rubens Paiva, um importante político da época, vivido por Selton Mello, Eunice é forçada a abandonar a vida como a conhecia. De uma dona de casa dedicada e pacata, ela se transforma numa mulher forte e determinada, tornando-se símbolo da resistência e da luta por justiça. A partir desse momento, a fragilidade da democracia e a brutalidade da ditadura militar se fazem presentes em seu dia a dia.
Com grande elenco, a produção também conta com Antonio Saboia como Marcelo Rubens Paiva, Guilherme Silveira como Marcelo Rubens Paiva (criança), Valentina Herszage como Vera Paiva (jovem), Maria Manoella como Vera Paiva (adulta), Marjorie Estiano como Eliana Paiva (adulta), Luiza Kosovski como Eliana Paiva (jovem), Gabriela Carneiro da Cunha como Nalu Paiva (adulta), Bárbara Luz como Nalu Paiva (jovem), Cora Mora como Maria Beatriz Facciolla Paiva (criança), Olívia Torres como Maria Beatriz Facciolla Paiva (adulta), Maeve Jinkings como Dalva Gasparian, Dan Stulbach como Baby Bocayuva, Humberto Carrão como Félix, Isadora Ruppert como Laura Gasparian, Pri Helena como Maria José (Zezé) e mais.
Oscar 2025
Adaptação cinematográfica do livro autobiográfico de Marcelo Rubens Paiva, Ainda Estou Aqui foi a produção nacional escolhida pela Academia Brasileira de Cinema para concorrer a uma vaga na categoria ‘Melhor Filme Internacional’ no Oscar 2025. Conforme análises recentes de críticos e veículos especializados em cinema, as chances da produção conquistar a vaga são grandes – as melhores que o Brasil já teve em anos. No entanto, o caminho até a indicação final é longo e repleto de desafios. O longa está competindo com filmes de diversos países, todos com o mesmo objetivo. Membros da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas (AMPAS) analisarão as produções e escolherão as que se destacaram.
Além da categoria de Melhor Filme Internacional, a equipe do filme vem realizando campanha para que outras categorias sejam consideradas, como Melhor Atriz (Fernanda Torres), Melhor Roteiro Adaptado (Murilo Hauser e Heitor Lorega), Melhor Ator Coadjuvante (Selton Mello), Melhor Direção (Walter Salles), Melhor Montagem (Affonso Gonçalves) e até mesmo Melhor Filme.
“É bom, mas não é tudo!”
Durante entrevista coletiva realizada na 48ª Mostra Internacional de Cinema, em São Paulo, Fernanda Torres compartilhou os sentimentos sobre o sucesso de Ainda Estou Aqui e a expectativa por uma possível indicação ao Oscar de 2025. A atriz, que interpreta a protagonista da película na primeira fase, celebrou o impacto da obra e a repercussão que ela tem alcançado. “As pessoas se identificam com a história da Eunice, com a luta dela. E isso é muito gratificante para mim como atriz e para toda a equipe”, declarou. Ao falar sobre as chances do filme na premiação, Fernanda mostrou-se otimista. “Eu acho que o filme tem grandes chances de estar entre os filmes estrangeiros [indicados ao Oscar]. Estamos trabalhando para, talvez, outras categorias. Mas o filme, ele já é um acontecimento pra gente, ele já está no mundo, ele já é uma porta de entrada para o mundo. Então, o Oscar, ele é muito importante por várias questões, mas ele não é a medida de tudo. Eu não queria que no final todo mundo acabasse, ‘aaahhh’. Sabe, quando as pessoas falam do prêmio da mamãe [Fernanda Montenegro, indicada ao Oscar de Melhor Atriz por Central do Brasil] eu tento explicar que, quando um ator brasileiro, falando português, é nomeado, ele já ganhou, pode estourar champanhe, vai pra lá [cerimônia de entrega do Oscar] sem expectativa porque não vai levar [o prêmio]… só explicar para as pessoas já ficarem contentes”, desabafou Fernanda Torres.
assista ao trailer:
serviço
Ainda Estou aqui
Estreia nesta quinta-feira (7)
Drama/Sunpense – 2h 17m
Classificação indicativa 14 anos