Filme brasileiro “Ainda Estou Aqui” conquista três indicações ao Oscar 2025, incluindo a inédita de Melhor Filme

Entre surpresas e esnobados, o Oscar 2025 revelou os indicados, com o cinema brasileiro deixando mais uma vez sua marca na história da premiação com Ainda Estou Aqui levando três indicações, incluindo Melhor Filme, principal categoria da noite

Onivaldo Neto
onivaldo@ootimista.com.br

Grandes atores, atrizes, diretores e profissionais do cinema mundial se encontrarão no próximo dia 2 de março, em Los Angeles, na cerimônia da 97ª edição do Oscar. Neste ano, o evento, um dos mais importantes da sétima arte, contará com representantes brasileiros de peso. Isto porque, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood revelou, nesta quinta-feira (23) a lista oficial de indicados ao prêmio. Dentre eles, está o longa Ainda Estou Aqui, dirigido por Walter Salles. A produção nacional recebeu nada menos que três indicações entre algumas das categorias principais da premiação, são elas: Melhor Filme Internacional e Melhor Filme, sendo esta a primeira vez na história que um filme brasileiro figura em tal categoria – a mais importante do Oscar -, e Melhor Atriz, onde concorre Fernanda Torres. Além disso, Ainda Estou Aqui consagra o cineasta Walter Salles, sendo este o terceiro trabalho dele indicado à premiação.

A película disputa a principal estatueta da noite, a de Melhor Filme, com outros grandes títulos, incluindo Anora, A Substância, Nicek Boys, Conclave, Duna Parte Dois, Emilia Pérez, O Brutalista, Um Completo Desconhecido e Wicked. Em Melhor Filme Internacional, Ainda Estou Aqui compete a preferência dos críticos com Flow (Letônia), Emilia Pérez (França), The Girl With The Needle (Dinamarca) e The Seed Of The Sacred Fig (Alemanha).

Já Fernanda Torres, que deu vida à advogada e ativista Eunice Paiva em Ainda Estou Aqui, disputa a estatueta com Cynthia Erivo, por Wicked, Karla Sofía Gascón, por Emilia Pérez, Mikey Madison, por Anora, e Demi Moore, por A Substância. Através de um vídeo, publicado nas redes sociais, Fernanda, visivelmente emocionada, agradeceu pela indicação. “Não tenho o que dizer. Quero agradecer ao Walter, a generosidade que ele teve comigo nesse filme. Ao Selton e toda equipe do filme. Acima de tudo, queria agradecer a Eunice Paiva, que está por trás disso tudo. (…) eu jamais vou esquecer, é uma coisa histórica e emocionante para mim. Estou feliz e muito orgulhosa”, declarou.

Baseado no livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva sobre a história de sua família, Ainda Estou Aqui é uma coprodução Brasil-França, sendo o primeiro filme original Globoplay, com distribuição da Sony Pictures. Ambientado no Rio de Janeiro da década de 1970, o longa retreta um Brasil que lida com o endurecimento da ditadura militar, convidando o público a acompanhar a família Paiva: Rubens, Eunice e cinco filhos, que vivem de celebrações à beira-mar, até que um dia Rubens Paiva é levado por militares à paisana e desaparece. Eunice – cuja busca pela verdade sobre o destino de seu marido se estenderia por décadas – é obrigada a se reinventar e traçar um novo futuro para si e seus filhos.

O filme segue em cartaz nos cinemas brasileiros e já ultrapassou a marca de três milhões de espectadores no País.

Leia mais: Confira a lista completa de indicados ao Oscar 2025 

Tal mãe, tal filha

A nomeação de Fernanda Torres a coloca em uma seleta posição. A artista é a segunda brasileira a concorrer como Melhor Atriz no Oscar, seguindo os passos de sua mãe, Fernanda Montenegro, indicada ao Oscar pela brilhante atuação em Central do Brasil (1998), também dirigido por Walter Salles. Central do Brasil foi, inclusive, o último filme brasileiro indicado na categoria de Melhor Filme Internacional (anteriormente conhecida como Melhor Filme Estrangeiro). Repetindo parceria com o cineasta, Fernanda Montenegro faz uma participação especial em Ainda Estou Aqui, interpretando Eunice Paiva na velhice.

Além disso, essa é apenas a segunda vez na história do Oscar que mãe e filha são indicadas à principal categoria de atuação. A primeira vez ocorreu com Judy Garland, indicada por Nasce Uma Estrela (1954), e sua filha, Liza Minnelli, que venceu o Oscar de Melhor Atriz por Cabaret (1972). Se Fernanda Torres não levar a estatueta, as brasileiras serão a única dupla a não ganhar um Oscar.

Outros destaques

7y7a3199_Easy Resize.com
Emilia Pérez foi indicado em 13 categorias (Foto: Divulgação/Netflix)

Saindo das glórias brasileiras, a edição deste ano traz diversos destaques, como o caso do musical policial francês Emilia Perez, do diretor Jacques Audiard, que lidera o número de indicações, com 13 no total. Com o feito, o longa passa a ser o filme em língua não inglesa com mais nomeações na premiação, superando o recorde estabelecido pelos sucessos O Tigre e o Dragão (2000) e Roma (2018). Outra conquista inédita atribuída ao filme é a indicação de Karla Sofía Gascón a Melhor Atriz. A artista passa a ser a primeira pessoa abertamente transgênero nomeada ao Oscar de atuação.

Outros bem posicionados são o drama de época O Brutalista e a adaptação de Wicked, ambos com 10 indicações cada. As produções Conclave e Um Completo Desconhecido figuram em oito categorias cada, enquanto Anora garantiu seis. Na categoria de Melhor Direção, a francesa Coralie Fargeat, indicada pelo filme A Substância, se sobressai como a única mulher nomeada este ano, sendo a 10ª diretora a disputar o prêmio na história da premiação.

Os esnobados

MariaCallas_17_Easy Resize.com
MariaCallas_17_Easy Resize.com

Apesar de momentos históricos, a lista de indicados ao Oscar 2025 também trouxe algumas surpresas e os “esnobados” de Hollywood. Nomes consagrados como Angelina Jolie e Nicole Kidman, que eram apontadas como possíveis concorrentes de Fernanda Torres na categoria de Melhor Atriz, ficaram de fora da disputa. Jolie era cotada por sua atuação em Maria Callas, filme do diretor chileno Pablo Larraín. Nicole Kidman, por sua vez, era cogitada na categoria pelo desempenho em Babygirl.

Outra ausência notável foi a de Selena Gomez, apesar do filme Emilia Pérez ter liderado as indicações. A performance da artista, cotada para a categoria de Atriz Coadjuvante, não foi reconhecida pela Academia. Além das atrizes, outros nomes de peso como Denzel Washington, cotado para Melhor Ator Coadjuvante por Gladiador II, Pamela Anderson e Daniel Craig também não figuraram entre os indicados.

Na categoria de direção, Jon M. Chu, diretor de Wicked, e Edward Berger, diretor de Conclave, foram ausências notáveis na lista. Já entre os filmes que não receberam o reconhecimento esperado, destacam-se Rivais, dirigido por Luca Guadagnino, que ficou completamente de fora das indicações, e Gladiador II, que, apesar da expectativa, recebeu apenas uma indicação para Melhor Figurino.

 

RELACIONADOS

PUBLICIDADE

POPULARES