Gloria Pires fala de seu novo filme e dos desafios de ir além da atuação em seus projetos

Estrela do filme Desapega!, Glória Pires também colaborou no roteiro do longa, que está em cartaz nos cinemas; Ao Tapis Rouge, Glória compartilhou o desejo de ser mais ativa em outras funções nas obras que participa

Thamy Cavalcante
thamy@ootimista.com.br

Em cartaz nos cinemas de todo Brasil como protagonista do filme “Desapega!”, que estreou na semana passada, Glória Pires também participou da elaboração do roteiro do longa. Aos 59 anos, a atriz acumula um número impressionante de trabalhos, entre novelas, minisséries e filmes. Toda essa experiência à frente das câmeras é o que lhe dá confiança para participar de outros aspectos das produções.  “Essa movimentação de começar a produzir, de escrever, atuar nessas frentes é uma movimentação natural, de quem está há mais de 50 anos fazendo isso, observando a vida nos sets, vivendo intensamente essa experiência”, afirma Glória.

Em “Desapega!”, a atriz vive Rita, uma ex-compradora compulsiva, que após sete anos controlada de seu vício, assume a liderança de um grupo de apoio para ajudar outras pessoas com o mesmo problema a dar a volta por cima. Começando um novo romance com Otávio (Marcos Pasquim) e toda trabalhada no equilíbrio, a protagonista está em um ótimo momento de sua vida. Mas quando Duda (Maísa), sua única filha e melhor amiga, revela que tem planos de sair de casa, Rita vai precisar aprender a desapegar para não cair na tentação de uma boa liquidação.

Para contribuir com o roteiro, Glória utilizou experiências pessoais, relembrando momentos como mãe de quatro filhos, Cleo (40), Antônia (30), Ana (22) e Bento (18). Nesta entrevista exclusiva para O Otimista, a atriz deu detalhes da obra e compartilhou os planos para os próximos desafios de carreira.

Tapis Rouge – Como surgiu o convite para participar do filme “Desapega!”?
Glória Pires – O convite para fazer “Desapega!” surgiu logo no início da pandemia. Nós estávamos buscando uma comédia e o principal motivo é que eu gostei muito da ideia de a história girar em torno dos compulsivos, da compulsividade, da ansiedade, todas essas condições da vida moderna, com jovens e idosos. É uma questão que está afetando todo mundo. A acumulação também. São todos sintomas dessa vida moderna, louca, que todos estamos inseridos.

Tapis Rouge – Como foi a experiência de contracenar com a Maísa? 
Glória Pires – Olha, eu tive a ideia de chamar Maisa, porque eu já conhecia a Maisa do trabalho dela com Silvio Santos, da novela Carrossel, e achei que aquela garotinha genial virou uma mulher muito situada, muito pé no chão, e que tem uma comunicação muito ampla com o público jovem. Então, achei que seria a atriz perfeita para trazer essas questões.

Tapis Rouge – Em seus trabalhos mais recentes, no cinema, você tem desempenhado outras funções que não só a de atriz. Em “A Suspeita” você também assina a produção; em “Desapega!” e em “Vovó Ninja” você colaborou no roteiro. A que se deve essa movimentação?
Glória Pires – Essa movimentação de começar a produzir, de escrever, atuar nessas frentes é uma movimentação natural, de quem está há mais de 50 anos fazendo isso, observando a vida nos sets, vivendo intensamente essa experiência. O roteiro é a base de tudo. Ele que vai ditar como essa produção vai se desenvolver, como o diretor vai atuar. É a semente, são as raízes. Então, eu achava que podia contribuir porque participei indiretamente, interpretando, criando essas personagens, tirando essas personagens que eu encontrei, que me encontraram ao longo desse tempo todo, eu percebi algumas coisas que eu achei importante trazer.

Tapis Rouge – Em “Desapega!” existe uma forte relação de amizade entre as personagens Rita e Duda. Fora das telonas, como é sua relação com os filhos? Como mãe, também sentiu dificuldade ao ver os filhos “indo para o mundo”?
Glória Pires – Como eu participei do roteiro, eu pude trazer um pouco da minha experiência nessa questão do ninho vazio, um pouco do que eu vivi, que é mais ou menos parecido com o que todos os pais vivem no momento em que os filhos resolvem voar sozinhos. Eu e meus quatro filhos, a nossa família tem uma relação muito próxima, de muita confiança, de muita liberdade para falar qualquer coisa, todas as dúvidas, todas as questões. Nós temos esse ambiente bem aberto, um diálogo muito bom. Eu quis trazer isso para o filme também, porque eu acho que é importante. Eu acho que é a única coisa que nos salva. Assim, ninguém tem uma receita, ninguém tem uma vida perfeita, isso é impossível de ter… Mas eu acho que ter o apoio do seu núcleo, a família, as pessoas que estão com você diariamente, enfrentando todos esses problemas… Quando existe essa confiança e abertura, quando sabemos que tem um lugar para voltar, um lugar de confiança, faz toda a diferença na vida.

Tapis Rouge – Você tem planos de dirigir um filme?
Glória Pires – Sim, tem planos também de dirigir, mas não penso em dirigir novela porque é uma outra dinâmica, é uma outra pegada, muito difícil.

Tapis Rouge – Falando em novela, e na televisão? Você já tem novos projetos em vista? Quando lhe teremos de novo na telinha?
Glória Pires – Eu agora vou fazer a novela do Walcyr Carrasco, a próxima das 21h (Terra Bruta, título provisório). E estou super feliz! Está sendo, desde já, muito agradável, um trabalho muito rico. O nosso diretor, Luiz Henrique Rios, é fantástico. A última vez em que trabalhamos juntos, se não me engano, foi em Belíssima. E ele sempre me chamou atenção pela educação e pelo nível cultural dele, agora, acima de tudo, pelo nível humano. E isso tem sido fundamental nos trabalhos que eu tenho aceitado ultimamente. Eu tenho buscado muito esse ambiente saudável, um ambiente sadio, um ambiente que dá prazer de estar fazendo parte. E isso está acontecendo nesse trabalho.

Tapis Rouge – Com mais de 50 anos de carreira, muito bem-sucedida, o que ainda falta? Qual o grande desafio?
Glória Pires – Esses desafios todos, essas experiências novas, trabalhar em outras posições dentro do audiovisual. Tudo isso é uma experiência nova para mim e isso é muito bom. Como a Nise da Silveira falava, “é um abanador da fogueira”. É isso que dá gás, eu estou muito feliz.

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