João Candido Portinari fala sobre os painéis “Guerra” e “Paz”, que adornam a sede da ONU, em evento na Unifor

Nesta quinta (8), a partir das 9h30, o filho de Candido Portinari dividirá com o público detalhes sobre a criação dos painéis “Guerra” e “Paz”, que ornam o hall de entrada da sede da Organização das Nações Unidas (ONU). O evento é aberto ao público

Sâmya Mesquita
samya@ootimista.com.br

A Universidade de Fortaleza (Unifor) recebe nesta quinta-feira (8) um bate-papo especial com João Candido Portinari, filho de Candido Portinari, um dos maiores artistas brasileiros de todos os tempos. Guerra e Paz em Diálogo abordará os painéis Guerra e Paz, feitos especialmente para adornar a sede da ONU nos EUA, além de detalhes da vida do artista. O evento ocorre às 9h30 no Núcleo Diálogos do Espaço Cultural Unifor, é gratuito e aberto ao público.

Organizado pela Vice-Reitoria de Extensão e Comunidade Universitária (Virex) e pela Divisão de Arte e Cultura, o bate-papo é parte do projeto Centelhas em Diálogo, que reúne quinzenalmente curadores e pesquisadores em artes visuais no Espaço Cultural Unifor para apresentar e discutir a vida e a obra de artistas da exposição Centelhas em Movimento – Coleção Igor Queiroz Barroso. “O evento oferece ao público a chance de interagir com figuras importantes do cenário artístico. A iniciativa busca não apenas celebrar a obra de Candido Portinari, mas também incentivar o diálogo e a apreciação crítica da arte entre os visitantes”, diz Adriana Helena, vice-reitora de extensão da Unifor.

Portinari pintor

Candido Portinari (1903-1962) é um dos mais importantes pintores brasileiros de todos os tempos, sendo o que alcançou maior projeção internacional. Nascido no interior de São Paulo, o modernista pintou mais de cinco mil obras, entre elas Os Retirantes, O Lavrador de Café e o painel de azulejos azuis da Igreja da Pampulha, em Belo Horizonte (MG).

Portinari começou a criar Guerra e Paz em 1952 e só terminou em 1957. Com 14 x 10 metros, os painéis ficam na sede da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, nos Estados Unidos. O painel Guerra recepciona quem chega, representando as dificuldades que as nações enfrentam, enquanto o painel Paz é a última visão dos que de lá saem, representando as conciliações negociadas naquele espaço.

Portinari perpetuador

João Candido Portinari, filho do artista e diretor-geral do Projeto Portinari, compartilhou ao Tapis Rouge suas memórias da época da criação dos painéis. “Quando foram inaugurados no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, eu tinha 17 anos. No dia seguinte, saiu uma manchete no Correio da Manhã assim: ‘Agora eles irão irremediavelmente para a ONU. Quem quiser vê-los, que vá a Nova York’. E aquilo ficou entalado na minha garganta. Fiquei com aquele sonho de um dia trazer os painéis para o Brasil. Até que em 2007 eu acompanhei o presidente Lula na abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas. E ali eu tomei conhecimento que a ONU ia passar por uma reforma profunda e que as obras de arte teriam que ser retiradas de lá. Aí caiu a ficha e pensei: ‘Talvez aqui a gente consiga realizar esse sonho’”, lembra. E de 2010 a 2015, os painéis passaram por São Paulo e Rio de Janeiro, além de Paris, Hiroshima e Oslo.

Como fundador do Projeto Portinari, criado em 1979, João Cândido afirma que ser filho de Portinari é uma faca de dois gumes por seu orgulho e responsabilidade: “Aqui, eu sou um cidadão brasileiro que se encontrou numa posição de fazer esse trabalho e que procurou fazer da melhor forma possível. O legado dele está aí permanente por séculos. Então não precisa ser exaltado. O que precisa é que aquilo que ele fez para o povo brasileiro chegue a esse povo brasileiro”.

Portinari e Ceará

A relação entre João Candido Portinari e o Ceará é de longa data. Tanto que João conta que tentou trazer a itinerância de Guerra e Paz a Fortaleza, mas foi impedido pela dificuldade logística. O professor esteve em terras alencarinas em 2013, quando a Unifor apresentou a exposição Guerra e Paz com 50 estudos originais, e em 2019, com o lançamento do livro Poemas de Portinari em comemoração aos 40 anos do Projeto.

“Agora, estamos com um grande projeto relacionado aos painéis Guerra e Paz, que inclui uma nova itinerância para China, Itália e COP 30 em Belém do Pará. É um projeto de grande envergadura e estamos empenhados em realizá-lo”, compartilhou João Candido Portinari. Vale sonhar que a segunda parte dessa turnê também passe por aqui.

Guerra e Paz

Os painéis também inspiraram a peça comemorativa Guerra e Paz, que celebra o aniversário de 120 anos de Portinari e os 40 anos do Grupo Mirante de Teatro Unifor. Com estreia nesta sexta-feira (9), a peça terá uma sessão especial para convidados e contará com a presença do próprio João Candido.

Segundo Hertenha Glauce, diretora do grupo teatral, o desejo de representar a obra nasceu há alguns anos, antes de serem brevemente interrompidos durante a pandemia. “O Projeto Guerra e Paz está sendo gestado desde 2019, quando tivemos um primeiro encontro com João Candido Portinari, que, muito gentilmente, conversou conosco e abriu o baú de histórias e memórias. Foi nessa conversa que ele sugeriu os painéis Guerra e Paz como os mais emblemáticos para uma montagem teatral”, detalha. O espetáculo acompanha o pintor, natural de Brodowski, no interior de São Paulo, em uma jornada de reflexão, representada pelas personas que figuram na obra.

Serviço

Guerra e Paz em Diálogo com João Candido Portinari

Quinta-feira (8), às 9h30
Espaço Cultural Unifor – Núcleo Diálogos. Av. Washington Soares, 1321, Edson Queiroz
Evento gratuito e aberto ao público

Espetáculo “Guerra e Paz”

Estreia nesta sexta-feira (9)
Em cartaz nos sábados (10, 17, 24 e 31) às 20h e nos domingos (11, 18, 25 e 1/9) às 19h
Teatro Celina Queiroz. Av. Washington Soares, 1321, Edson Queiroz
Ingressos no Sympla com valores entre R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia)

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