Marca cearense Marina Bitu exalta as raízes nordestinas através da moda e se prepara para o SPFW 2025

Com peças que celebram a cultura nordestina e técnicas artesanais, Marina Bitu ganha espaço na moda brasileira ao transformar memórias afetivas em roupas. A grife cearense, que une design sofisticado, responsabilidade social e uma narrativa que valoriza raízes, se prepara para retornar à passarela do São Paulo Fashion Week em abril

Sâmya Mesquita
samyamesquita@ootimista.com.br

Imagine uma marca que transforma memórias afetivas em roupas, misturando tradição, arte e contemporaneidade. É assim que Marina Bitu, fundada há oito anos pela estilista cearense de mesmo nome, vem conquistando espaço no cenário da moda nacional. Com peças que celebram a cultura nordestina e técnicas artesanais, a marca se destaca por sua abordagem única, que une design sofisticado e responsabilidade social.

A história de Marina Bitu, que atua como designer desde 2009, é marcada por uma conexão profunda com as raízes cearenses. Tanto que tudo começou em um ateliê modesto, em 2017, em Fortaleza, com a estilista à frente das criações. “Tinha o desejo de criar roupas que tivessem um significado maior na história de quem usaria, como mais ou menos era a história das roupas das nossas avós”, explica Marina em entrevista exclusiva ao Tapis Rouge.

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Cecília Baima entrou como sócia da marca em 2019 (Foto: Edimar Soares)

Em 2019, Cecília Baima entrou no negócio após uma temporada em Lisboa. “Já era amiga da Marina há muitos anos. Nos encontramos nesse momento em que ela saiu do formato de ateliê e passou a atuar como marca no mercado”, relembra a agora sócia e diretora comercial da marca. Juntas, participaram do projeto Novos Designers, do Shopping Iguatemi Bosque. “A gente já saiu na Vogue e em outras revistas importantes, o que impulsionou muito a marca no começo”, conta.

Conquistando o Brasil

O diferencial de Marina Bitu está na capacidade de traduzir a cultura nordestina em peças contemporâneas e desejáveis. “Eu tenho um entendimento de uma responsabilidade nossa de atuar na manutenção da nossa cultura”, explica Marina. Como neta de mulheres que valorizavam a memória afetiva das roupas, a designer buscou imprimir nas peças não apenas beleza, mas também histórias: “Antigamente, a roupa não se descartava, porque ela representava um momento, uma memória vivida”. Essa filosofia se reflete até hoje, em coleções que exploram técnicas como o crochê, o bordado e os plissados, sempre com um toque moderno.

Nos últimos anos, Marina Bitu ganhou projeção nacional, com participações em eventos como o São Paulo Fashion Week e o DFB. Marina também destaca a colaboração com a pintora cearense Paula Siebra e a coleção inspirada no Cariri, que trouxe à tona técnicas artesanais da região: “A gente olhou para as associações daquela região e tentou trazer uma narrativa verdadeira e coerente”.

A marca também tem compromisso com a sustentabilidade e a valorização da mão de obra local. “Trabalhar com artesanato, ter uma remuneração justa com os artesãos e trabalhar principalmente com mulheres são valores inegociáveis para nós”, afirma Cecília Baima. Além disso, Marina Bitu adota práticas como o frete neutro e a compensação de carbono, em parceria com instituições de replantio. “A gente tenta minimizar o impacto ambiental, desde a produção até o descarte”, completa.

Futuro promissor

Para o futuro, Marina segue focada em explorar as infinitas possibilidades criativas que a cultura nordestina oferece – inclusive com um mega desfile na SPFW deste ano, marcado para abril. Também há planos de expandir a presença no mercado nacional: “Em 2025, a gente tem prospectado algumas colaborações com outras marcas nacionais que vão trazer ainda mais alcance para a nossa marca”. A expectativa é diversificar os trabalhos com os artesanatos, conhecendo outros grupos e aprofundando essas relações. “É muito importante que a gente vá tornando esse sistema, essa relação cada vez mais complexa e mais completa”, acrescenta a estilista.

Cecília também planeja expandir a grife com a abertura de uma loja física em São Paulo até 2026: “A gente pensa em expandir, mas com passos seguros”. Por enquanto, as compras podem ser feitas pelo site, com entrega para todo o Brasil, ou, no caso das sortudas clientes fortalezenses, com agendamento de uma visita em casa.

Com um trabalho que valoriza a cultura cearense e, por consequência, brasileira, Marina Bitu não apenas cria roupas, mas constrói pontes entre o passado e o presente, entre o local e o global. “Eu acho que nosso trabalho é muito isso: olhar para esse lugar e entender o que é que vai dar aqui nesse pedaço de chão”, reflete Marina. E, com cada coleção, a marca continua a encantar e inspirar, provando que a moda pode ser, acima de tudo, uma forma de contar histórias e valorizar raízes.

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