A trajetória de Dani Gondim reflete o espírito natalino em essência. A atriz, modelo e empresária cearense concilia a carreira e projetos sociais transformadores, como o apoio ao Instituto Povo do Mar e a promoção de negócios sustentáveis. Conheça a trajetória da multiartista que celebra a arte como forma de transformação social
Sâmya Mesquita
samya@ootimista.com.br
Natal é tempo de reverberar ações que inspiram. E no amplo cenário da cultura cearense, Dani Gondim é um exemplo de que podemos fazer muito mais. Atriz, modelo, compositora e empresária, a fortalezense construiu uma carreira sólida longe de casa, mas é nas “Terras Alencarinas” que dedica esforços para transformar realidades.
Aos 13 anos, Dani ganhou destaque como modelo no São Paulo Fashion Week e desfilou em diversas passarelas internacionais. Como atriz, participou de Malhação (2013), da TV Globo, e viveu a vilã Nicole em Carinha de Anjo (2016), no SBT. Desde então, vem se dedicando a vários projetos dentro e fora do Ceará, como o programa Bake Off Brasil: Celebridades (2023) e o premiado curta-metragem Nuvens de Chantilly (2023).
Investir em arte e cultura
Com presença vibrante e um olhar focado no impacto social, Dani aponta a arte como força transformadora e a fama como plataforma para promoção de mudanças sociais. “Eu sempre falo que não gosto da fama, mas gosto do poder que a fama me traz. Uso esse poder para inspirar de formas que acredito que podem construir um mundo melhor”, diz Dani.
A atuação dela vai além de emprestar a imagem para campanhas. Como embaixadora do Instituto Povo do Mar, ajuda a transformar a vida de mais de 500 crianças da Praia do Futuro, em Fortaleza, oferecendo atividades artísticas, educacionais e esportivas. “A ideia é que as oportunidades não sejam pontuais, mas que realmente gerem mudanças de base, com circulação de renda e educação”, explica.
Dani também é investidora do Zunne, uma startup que aplica recursos em empresas com foco socioambiental. Por meio dessa plataforma, apoia projetos fundados por mulheres em situações de vulnerabilidade. “Não é caridade. Eu tenho lucro, mas meu dinheiro circula em projetos que acredito, contribuindo para uma redistribuição de renda e um fortalecimento de negócios locais”, afirma.
Entre diversos investimentos, Dani também é entusiasta da Catarina Mina, marca cearense de luxo focada na produção artesanal e na valorização da cultura regional: “Se não fossem empresas como essa, muitas tradições estariam desaparecendo. Elas geram renda para artesãos e mostram para o mundo que nosso trabalho é luxo e arte”. A modelo salienta a importância de projetos que conectam rendimentos financeiros e propósito. “O lucro não pode ser o único objetivo. Temos que transformar vidas e cuidar da nossa história”, defende.
Dedicação e desafios
Dani se apresenta como uma criadora múltipla. Atriz por profissão, escritora, compositora e modelo, ela celebra a multiplicidade como identidade. “A arte salvou a minha vida. Ela está em mim em todos os lugares, e eu não consigo me limitar a um único rótulo”, reflete. Além disso, ressalta a importância de se aprofundar nos projetos a que se dedica: “Não aceito nada menos do que dar tudo de mim para que o trabalho aconteça com qualidade. Ser artista múltipla significa, em alguns momentos, pausar certas áreas para focar integralmente em outras”.
O cenário cultural cearense, embora em evolução, ainda carrega desafios que Dani conhece de perto. “É comum precisarmos da validação externa para que nosso trabalho seja valorizado internamente. Mas vejo avanços: hoje temos figuras como Halder Gomes (Cine Holliúdy, Vermelho Monet) levando nossa cultura para espaços internacionais e conquistando respeito”, explica. Ela também celebra o crescimento do mercado audiovisual no Estado: “As produções nacionais estão começando a enxergar a potência que temos aqui, e uma potência muito mais acessível. O dinheiro que o audiovisual move é muito maior do que certos setores econômicos, e temos cenários para todos os gostos: frio, deserto, urbano, rural. O Ceará é rico em recursos naturais e criatividade”.
Enquanto finaliza a produção de um filme inspirado na história da jornalista Marina Alves,
Dani também se prepara para trazer ao mundo um álbum produzido pelo selo G7 e com lançamento pela D&E Music. O projeto musical conta com profissionais locais e reforça a conexão da atriz com suas raízes. “Não sou cantora. Estudo canto desde criança, mas com um intuito recreativo, para fazer canções profissionais conto com a ajuda de uma equipe técnica, e isso me permite explorar essa arte sem abrir mão da qualidade”, diz a artista.
Além disso, Dani reflete sobre como as pessoas consomem arte e conteúdo no mundo digital. “Hoje, seguidor é poder. Se você tem 20 milhões de seguidores, também tem 20 milhões de vezes mais responsabilidade. Acho importante que as pessoas cuidem de quem estão seguindo, especialmente os jovens. A saúde mental está sendo muito afetada por um consumo irresponsável.” E completa: “O poder é sempre proporcional à responsabilidade que você tem que ter”.
Para aqueles que se inspiram em sua trajetória, Dani compartilha um conselho valioso: “Eu gostaria muito que as pessoas me usassem como exemplo porque sou uma profissional com muitos privilégios, mas com muita disciplina. Nunca deixei que os meus privilégios interferissem no meu comprometimento e na minha vontade de fazer dar certo. Se eu digo que vou fazer, eu vou fazer. E farei sempre com o mesmo respeito, independente do tamanho do projeto. É importante sermos honestos conosco e respeitarmos o tempo e o esforço dos outros”.
A trajetória de Dani Gondim é um exemplo de como é possível transformar oportunidades em impacto. Entre projetos sociais, investimentos conscientes e dedicação às artes, ela nos inspira pela coragem de não se acomodar e pela determinação em usar seu talento para mudar o mundo. “Arte, educação e distribuição de oportunidades são a base de uma sociedade melhor. Eu acredito nisso e vou continuar lutando por isso”, conclui.