No ar na 2ª temporada de “Cine Holliúdy”, Edmilson Filho fala sobre carreira, projetos futuros e raízes nordestinas

Com trabalhos em exibição na televisão e no cinema, o ator cearense Edmilson Filho vive um momento de pleno sucesso na carreira. Em bate-papo com O Otimista, ele comenta sobre a recepção positiva da 2ª temporada da série Cine Holliúdy e de como faz para manter as tradições nordestinas mesmo morando há mais de 20 anos nos Estados Unidos

Danielber Noronha
danielber@ootimista.com.br

O cearense Edmilson Filho diz nunca ter imaginado que aulas de taekwondo, as quais frequentava no início dos anos 2000, poderiam mudar tanto sua vida. Isto porque o professor era ninguém menos que o cineasta Halder Gomes. Entre um movimento e outro da luta, recebeu um convite do mestre para gravar, em 2003, o curta-metragem Cine Holliúdy: O Astista contra o Caba do Mal. Ali, algo ficava claro: tinha muita coisa para contar e não caberia apenas em cinco minutos. No fim das contas, era tanta a história, que a trama da chegada do cinema ao Interior do estado rende até hoje, tendo ganhado dois filmes e uma série na TV Globo, cuja 2ª temporada está em exibição atualmente, às terças-feiras.

Além de estar em horário nobre, a recepção do público tem sido bastante positiva, alavancando a audiência da referida faixa, motivo de orgulho para o ator, que dá vida a Francisgleydisson, proprietário de um cinema de rua que faz de tudo para levar a arte ao povo do sertão, enquanto se mete em muitas trapalhadas. “É o reconhecimento de bastante trabalho, que, inclusive, já tínhamos passado na 1ª temporada”, celebra o ator.

O fato de poder exibir o Ceará, lugar onde é ambientada a história, também é motivo de orgulho para Edmilson, que, apesar de morar há mais de 20 anos nos Estados, se considera mais nordestino do que muitas pessoas que residem na região. “Consegui manter tudo que você imaginar, de ter uma rede, de fazer tapioca, de tomar café com pão no período da tarde”, elenca ao citar costumes tipicamente regionais que faz questão de perpetuar por lá. Em entrevista ao O Otimista, durante uma viagem à Califórnia no intervalo das gravações da 3ª temporada da série, o humorista falou dos projetos futuros, da paixão pelas artes marciais e exaltou o amor pelo Nordeste.

O Otimista – Com o sucesso de Cine Holliúdy, como é para você saber que seu trabalho chega a tantos lares brasileiros?
Edmilson Filho – Me sinto muito feliz! É o reconhecimento de bastante trabalho, que, inclusive, já tínhamos passado na 1ª temporada. Então, na minha cabeça, já era uma expectativa que fizéssemos sucesso, porque sabemos a qualidade do que está sendo entregue.

O Otimista – Cine Holliúdy se expandiu do cinema para a televisão e segue rendendo frutos. Quando aceitou o convite, achou que a coisa chegaria tão longe?
Edmilson – Não tinha como saber, porque o convite de Halder [Gomes] foi feito em 2003, quando fizemos o curta-metragem. Aí as coisas foram tomando outros caminhos, depois veio o longa, que ganhou continuação e, agora, a série. Mas tudo que coloco a mão e tento fazer, sou o mais positivo possível. Nunca vou fazer um trabalho pensando: ‘ih, rapaz, vou fazer aqui e acho que vai dar errado’. Sempre acho que vai dar gente para ver, que Deus está abençoando e que será um sucesso medonho.

O Otimista – O que o Francisgleydisson, personagem da série, tem do Edmilson e vice-versa?
Edmilson – Todo personagem, seja ele qual for, terá sempre um pouquinho artista. No caso do Francisgleydisson, eu diria que é a paixão pelo cinema. Tudo na minha carreira começou através do cinema, do meu início das artes marciais, que depois também reapareceu no cinema. Uma coisa foi ligando a outra.

O Otimista – Quando começam as gravações da terceira temporada e como está sua expectativa para “retornar” a Pitombas?
Edmilson – Já começamos as gravações, estou aqui [na Califórnia] tirando uns dias de férias antes de retornar. Acredito que essa temporada tem tudo para ser melhor ainda, porque o elenco está todo aquecido, viemos nessa jornada aí desde abril e, no caso da atuação, assim como outras atividades: quanto mais fazemos, mais vamos ficando melhores. O tempo fica melhor, o texto é decorado mais rápido, então, sem dúvida, será outra ‘chibatada’ de sucesso.

O Otimista – Hoje, temos produções no Pantanal, no Nordeste, a exemplo de novelas e do próprio Cine Holliúdy. Qual a importância de descentralizar as produções da TV aberta para além do eixo Rio/São Paulo?
Edmilson – Essa coisa da descentralização é bastante positiva! O Brasil é muito grande, plural, e é importante contar histórias que são nossas, que o público poderá se identificar, que têm um pé fincado na realidade. Já conhecemos muitas histórias de Hollywood, da Europa, mas o Brasil também tem muitas coisas boas para contar. Isso é também uma abertura para novos atores. Hoje, estamos colocando o Ceará no centro de evidência nacional, em horário nobre, para que todo mundo conheça esse nosso humor. E o ideal mesmo seria conseguir isso no Brasil inteiro, mas estamos fazendo a nossa parte.

O Otimista – Além do Cine, tem algum outro trabalho paralelo em vista o que esteja em execução?
Edmilson – Estou fazendo vários outros projetos, mas tendo, claro, foco na terceira temporada do Cine. Não paro de escrever, tem outras séries para lançar, filmes também no ano que vem. Devo estar com a agenda comprometida com projetos até 2028.

O Otimista –  Muita gente não sabe, mas você é tricampeão brasileiro de taekwondo. Como surgiu a paixão pelo esporte?
Edmilson – O esporte veio justamente através do cinema, vendo filmes do Bruce Lee, Jackie Chan. Tinha uma sessão chamada Faixa Preta, que passava aos domingos, na Globo, depois do Fantástico, e eu sempre fui apaixonado por artes marciais, queria fazer do karatê ao judô. Comecei fazendo kung fu, depois entrei na academia de taekwondo, onde eu conheci o Halder, que, inclusive, era o meu professor, e o resto da história vocês já conhecem.

O Otimista – Você mora há mais de 20 anos nos Estados Unidos. Pensa em voltar ao Brasil em algum momento ou não?
Edmilson – Vim para os Estados Unidos por conta do taekwondo. O plano era passar seis meses e já estou aqui há quase 22 anos. Hoje, tenho toda uma estrutura familiar aqui, mas sempre voltando para o Ceará. Às vezes, me considero mais cearense do que gente que mora no Ceará. Minhas irmãs e muitos amigos moram aí, mas não tenho planos de voltar a morar no Brasil.

O Otimista – Conseguiu preservar algumas coisas das raízes nordestinas estando aí?
Edmilson – Acho que consegui preservar todos [costumes]. Se você conversar comigo por meia hora, vai dizer: ‘esse cabra aqui é cearense, é do Nordeste’. Consegui manter tudo que você imaginar, de ter uma rede, de fazer tapioca, de tomar café com pão no período da tarde. Fora que isso da ‘nordestinidade’ é algo muito importante pra mim. Você conhece de verdade uma pessoa quando ela não nega as origens dela.

O Otimista – O Ceará já exportou talentos como Renato Aragão, Chico Anysio e Tom Cavalcante. Agora tem você chegando para as novas gerações. Como se sente em saber que pode ser um espelho para pessoas que também querem trilhar o mesmo caminho? Qual mensagem pode deixar para elas?
Edmilson – O Ceará é esse local que tem tantos comediantes e estou como mais um deles nesse momento da minha carreira. Sem dúvidas, tem uma responsabilidade e, ao mesmo tempo, serve como espelho para essa garotada que está aí querendo fazer comédia. Se tem uma lição que posso deixar é: siga a sua verdade, faça o que você acha certo e não vá pela cabeça dos outros, mas, claro, lembrando de ouvir conselhos dos mais experientes. Acredite no seu humor.

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