Pelas mãos de Cláudia Abreu, a escritora britânica Virginia Woolf renasce no espetáculo “Virgínia”, que chega a Fortaleza neste fim de semana. No Dia Mundial do Teatro, celebrado nesta quinta-feira (27), a atriz fala ao Tapis Rouge sobre a carreira e o monólogo, que mistura saúde mental e resistência feminina, provando que os dilemas da autora ainda ecoam no século XXI
Sâmya Mesquita
samyamesquita@ootimista.com.br
Que tal mergulhar em um universo de palavras, feminilidade e saúde mental sem sair da plateia? “Virginia”, monólogo escrito e interpretado por Cláudia Abreu, chega à Caixa Cultural Fortaleza neste final de semana, trazendo a força da escritora inglesa Virginia Woolf para os palcos — provando que grandes histórias não envelhecem: apenas se reinventam.
Com direção de Amir Haddad, um dos maiores encenadores do Brasil, Virginia é mais que um tributo à autora de “Mrs. Dalloway” (1925): é um convite à reflexão sobre temas que ainda ecoam hoje, como opressão feminina, saúde mental e a busca por autenticidade. Cláudia Abreu diz com exclusividade ao Tapis Rouge que “falar sobre Virginia é falar sobre todos nós”. O sucesso das duas temporadas reforçam a universalidade do tema. O espetáculo já passou por diversas cidades brasileiras, além de México e Portugal — este último com apresentação no Festival Internacional Cervantino, em Lisboa.
Identificação
A eterna Laura de “Celebridade” (2003) adaptou a obra após um reencontro emocionante com a literatura woolfiana. “Quando voltei a ler sua obra, fiquei encantada pela profundidade com que ela tratava da condição humana. Aquilo me tocou e pensei: ‘Quero levar essa história para o palco’”. A conexão com o público, segundo a atriz, é imediata. “As pessoas se emocionam porque enxergam suas próprias lutas na trajetória dela. Todo mundo conhece alguém que enfrentou opressão ou crises existenciais”, reflete.
Cláudia, que também estreia como autora teatral com o projeto, destaca a liberdade criativa como um dos trunfos da montagem. “Nesta fase da minha vida, me faz bem ser dona da minha palavra, produzir e viajar com a peça”, afirma. A maturidade, longe de ser um limite, trouxe densidade ao trabalho: “Virginia Woolf escrevia sobre fragilidades que só entendi plenamente com o tempo. Mas a arte não tem idade — pode ser jovem e profunda, ou madura e sensível”.
Um palco afetivo
Cláudia fala com afeto sobre a capital cearense, que recebe o monólogo pela segunda vez — a primeira foi em 2023, com montagem financiada por recursos próprios. “Foi extraordinário! Um teatro de mil lugares lotado para um monólogo intimista. Fortaleza celebra a cultura como poucas cidades”, celebra Cláudia.
Enquanto “Virgínia” circula, Cláudia prepara outros projetos, como a novela “Dona de Mim”, que abordará temáticas relacionadas à saúde mental, e a peça “Os Mambembes”, prevista para passar por Fortaleza em 2026. Se vamos ver Cláudia na próxima novela das sete da TV Globo, por que não aproveitar o talento de uma das atrizes mais consagradas do País no tablado? “Arte é sobre diálogo. E nada melhor que o teatro para nos lembrar quem somos ou quem podemos ser”.
mais
CURIOSIDADES:
“Virginia” é o texto de estreia de Cláudia como autora, que mistura trechos biográficos com obras de Virginia Woolf;
Além de passar por diversas cidades brasileiras, o monólogo já foi apresentado no México e em Portugal;
A direção é de Amir Haddad, que esteve à frente de peças de sucesso de público, como “Hamlet” (2000), “O Avarento” (2008) e “A Dama do Cerrado” (2012);
Virginia Woolf já foi retratada no filme “As Horas” (2002), com Nicole Kidman dando vida à escritora, e diversos livros dela já foram adaptados para o cinema, como “Mrs. Dalloway” (1997) e “Orlando – A Mulher Imortal” (1992).
serviço
Monólogo Virginia
Sexta (28), e sábado (29), às 18h; domingo (30), às 16h com tradução em Libras
Na CAIXA Cultural Fortaleza. Avenida Pessoa Anta, 287, Praia de Iracema
Ingressos na bilheteria da Caixa Cultural por R$ 15 (meia-entrada) e R$ 30 (inteira)
Mais informações pelo telefone (85) 3453.2770, no site caixacultural.gov.br e no Instagram @caixaculturalfortaleza