O cuscuz de milho faz parte do cardápio quase diário do nordestino. Com baixo teor de gorduras, proteínas e fibras, ele é rico em carboidratos, vitaminas e alguns sais minerais. Para quem quer emagrecer, seu consumo deve ser feito com muita cautela
Naara Vale
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Mais que um simples alimento, o cuscuz de milho é parte da cultura alimentar do nordestino. A imagem daquele montinho amarelo com uma manteiga derretendo por cima e um ovo frito do lado é praticamente um símbolo da região. Feito a partir da farinha de milho hidratada, o cuscuz é uma fonte rica de nutrientes e costuma estar presente no café da manhã, no café da tarde ou mesmo como refeição principal.
Classificado como um alimento saudável, o cuscuz é rico em carboidratos, mas possui pouco teor de macronutrientes como gordura, fibra alimentar e proteína. Seus principais benefícios vêm dos micronutrientes encontrados em sua composição, como selênio, vitamina A, vitamina B1, ácido fólico e potássio.
De acordo com a nutricionista Alane Nogueira Bezerra, diabetologista e mestre em Nutrição e Saúde, o cuscuz é considerado um alimento completo, mas que prescinde de algumas adições para melhorar o seu valor nutricional. “Ele tem, sim, fibras, embora em menor quantidade. Por isso que a gente sempre recomenda adição de chia e de aveia para melhorar a sensação de saciedade promovida pelo cuscuz. Além disso, ele tem várias vitaminas e sais minerais. É um alimento nutricionalmente muito bom, mas que fica mais completo ainda se a gente insere outros alimentos para torná-lo ainda mais nutritivo, principalmente, se for uma boa fonte proteica”, explica.
Calorias
Embora seja um alimento natural, a farinha de milho utilizada para fazer o cuscuz se enquadra nas chamadas farinhas refinadas, com alta carga glicêmica, e, portanto, contém muitas calorias. Para quem está querendo emagrecer, o consumo de cuscuz deve ser feito com muita cautela e em quantidade reduzida. “Alimentos que a gente chama de fit são aqueles que não têm tantas calorias e nos auxilia no emagrecimento. Como o cuscuz é muito gostoso, a gente tende a querer comer mais do que deveria e acaba tendo uma grande ingestão energética em uma só refeição proveniente do cuscuz como alimento principal, então, dificilmente ela vai se enquadrar como um alimento fit”, lembra Alane.
Segundo a nutricionista clínica Patrícia Lima, do Instituto Ormoni de Medicina, quando comparado à tapioca – outro alimento que integra o cardápio cearense e que é apontado como fit – o cuscuz leva grande vantagem no que diz respeito à quantidade de carboidratos. Enquanto 100g de cuscuz pronto (sem recheio) tem 112kcal (23g de carboidratos; 3,80g de proteínas; 0,15g de gorduras e 1,4g de fibras), os mesmos 100g de tapioca pronta (sem recheio) tem 347kcal (86g de carboidratos; 0,02g de gorduras e 0,9g de fibras).
“Tapioca realmente dispara na frente na quantidade de energia, pois tem uma carga glicêmica muito alta (quantidade de carboidratos)!”, aponta Patrícia. “Como o milho (flocos para cuscuz) absorve muita água no cozimento, sua densidade energética (calórica) fica reduzida por causa do seu crescimento nesse cozimento no vapor de água. Já a goma para tapioca é feita na chapa ou na frigideira, ressecando ainda mais e fazendo com que se tenha a necessidade de usar uma grande quantidade goma para fazer uma tapioca”, completa.
A profissional lembra, entretanto, que essa diferença não faz da tapioca uma vilã nem do cuscuz um mocinho. “Se seu objetivo é ganhar massa ou emagrecer ou saúde ou tudo junto, então, a quantidade desses alimentos tem que ser bem pensada, bem acompanhada, bem planejada e bem calculada! Além de ter que levar em conta seu gasto calórico ao longo do dia. Não tem alimento vilão ou mocinho. O que temos são várias variáveis que temos que levar conta para o consumo”, finaliza a profissional.