O guitarrista, cantor e compositor Rafael Bittencourt, da banda brasileira Angra, entregará nesta segunda-feira (20) um laudo técnico afirmando que a música “Million Years Ago”, de Adele, apresenta semelhanças com “Mulheres”, sucesso do sambista Toninho Geraes. A análise será anexada ao processo judicial movido em fevereiro de 2023 contra a cantora britânica e o coautor da faixa, Greg Kurstin. O caso já resultou em uma liminar que suspende a comercialização da música no Brasil e no exterior.
Encomendado pela advogada Deborah Sztanjberg, que representa Geraes, o laudo aponta semelhanças estruturais entre as canções, incluindo acordes, harmonia e o uso melódico de colcheias. Para Bittencourt, as coincidências vão além de uma influência comum e sugerem tentativa de disfarçar o original. “Eles modificaram algumas notas, mas os acordes e a harmonia continuaram idênticos”, afirmou o guitarrista. Embora admita que plágio nem sempre é intencional, Bittencourt acredita que a probabilidade de uma coincidência ser acidental é baixa.
@lozanojrbrasilmillion years Ago Adele .
A controvérsia ganhou força no início do mês, quando a Justiça do Rio de Janeiro manteve a decisão que determina a retirada de “Million Years Ago” das plataformas digitais, enquanto a Polícia Civil abriu um inquérito para investigar a possível falsificação da assinatura de Adele em procurações ligadas ao processo. Até o momento, as gravadoras Sony e Universal, que representam a artista no Brasil, não comentaram o caso.
Com visibilidade internacional, Rafael Bittencourt é membro fundador do Angra, uma das principais bandas de metal brasileiras. Ele próprio já foi alvo de plágio: nos anos 2000, sua composição “Stand Away” foi copiada por duas bandas de forró, Mala Sem Alça e Moleca Sem Vergonha. “A sincronicidade entre as músicas não pode ser ignorada. Esse tipo de situação requer atenção para proteger o trabalho criativo dos artistas”, destacou o músico.