Stênio Burgos traz a Fortaleza a exposição Barroco Sertanejo

Com pai cearense e mãe baiana, o artista busca referências em suas raízes, além da produção artística holandesa do século XVII

Sâmya Mesquita
samya@ootimista.com.br

A Caixa Cultural Fortaleza inaugura, nesta terça-feira (27), a exposição Barroco Sertanejo, mostra individual do pintor Stênio Burgos com curadoria de Denise Mattar. Iniciando turnê na Caixa Cultural de São Paulo, em janeiro, passando por Salvador e Recife, na capital cearense ela evoca as raízes do arquiteto que, ainda na juventude, viu na Arte a necessidade de auto expressão.

O título da exposição, Barroco Sertanejo, surgiu de uma conversa entre o artista e a curadora: “Seu trabalho reúne o risco duro e a exuberância cromática, a economia do traço e a profusão da tinta, a contenção e o excesso”, diz Denise, que vê o equilíbrio identitário do artista na união entre o calor da Bahia, terra de sua mãe, e a severidade do sertão do Ceará, terra de seu pai.

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A lição, quadro de Stênio Burgos. (Foto: Divulgação)

Embora apresente obras realizadas entre 2020 e 2021, a mostra, com patrocínio do Instituto Myra Eliane, também revela vivências e pesquisas do artista de 2002 a 2021. Ao Tapis Rouge, Stênio, que nasceu em Crateús em 1954, conta que sua arte é uma somatória de culturas diversas que perpassam seus anos como cidadão do mundo, mas com foco em suas raízes.

“Eu acho que eu sou um pintor completamente brasileiro e eu gostaria de mostrar para as pessoas como é o meu país: a cor, a religião, a vivência… É uma obra muito autobiográfica. Então, eu só falo de mim, da minha existência”, reflete o artista.

A forte influência dos Países Baixos, no qual Stênio morou por longos períodos entre 2004 a 2019, também se faz presente na mostra por meio da influência das pinturas do século XVII e do desafio que o artista fez a si mesmo: pintar buquês de flores da estação, um a cada semana, mês a mês. Ele falou sobre a exposição em Recife, cidade que tanto influenciou artisticamente a produção artística neerlandesa – e a sua própria.

“Os holandeses estiveram no Recife. Transportei alguma parte muito importante (da arte) do século XVII feita com referências do Brasil. Então estar ali mostrando para aquelas pessoas foi muito importante”, diz.

A exposição também exibe as “Cartas do Confinamento”, produzidas em 2020. À ocasião, ele iria expor suas peças na Universidade de Fortaleza (Unifor), com a exposição “Realtopia – Exposição retrospectiva”. Mas ao saber do isolamento provocado pela pandemia, decidiu isolar-se na sua casa na praia de Amontada.

“Na mesma hora eu desliguei o telefone com o pessoal da Unifor, eu peguei meu carro e fui para o meu isolamento da minha casa. Passei em São Gonçalo (do Amarante), enchi o carro de plantas e resolvi ir pra minha casa mexer com o jardim”, conta, dizendo que se seguiu um momento de reflexão sobre a solidão e a finitude humana.

Embora respirasse arte desde muito jovem, apenas em 2004 apresentou sua primeira grande exposição individual: “Terras e Céus”, na Galeria Tina Zappoli, em Porto Alegre. O artista participa do circuito cultural brasileiro e europeu, com exposições no Centre for Latin American Research and Documentation, em Amsterdã, no Centrum Sete Sóis Sete Luas, na Itália, e no Museu de Arte da Universidade Federal do Ceará (Mauc), em Fortaleza.

Serviço:
Mostra “Barroco Sertanejo”, de Stênio Burgos
Local: CAIXA Cultural Fortaleza
Abertura: 27 de setembro, terça-feira, às 19h
Período expositivo: 28 de setembro a 20 de novembro de 2022
Endereço: Av. Pessoa Antas, 287, Praia de Iracema
Horário: terça a sábado, das 10h às 18h. Domingo, 12h às 18h.
Acesso gratuito

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