Uma jornada visual impactante chega à Caixa Cultural Fortaleza com a Exposição World Press Photo 2024. Composta por trabalhos que exploram temas contemporâneos, mostra oferece ao público um olhar sensível e provocador sobre questões essenciais de nosso tempo
Onivaldo Neto
onivaldo@ootimista.com.br
Exibindo o melhor do fotojornalismo e da fotografia documental, a exposição itinerante World Press Photo 2024 realiza temporada na capital cearense. Abrigada na CAIXA Cultural Fortaleza, a mostra, que já passou pelo Rio de Janeiro e por São Paulo, reúne 129 fotografias vencedoras do 67º concurso anual. As obras convidam os visitantes a explorarem narrativas profundas, fugindo das manchetes diárias efêmeras. A exposição está aberta para visitação do público até 26 de janeiro de 2025.
“É uma oportunidade imensa dos visitantes entrarem em contato com diferentes histórias de diferentes lugares do mundo, tudo isso de forma gratuita. Uma das missões do World Press Photo é conectar o público com as histórias relevantes do mundo e a CAIXA Cultural está realmente alinhada com essa missão. (…) É uma oportunidade incrível de troca de reflexão, de conhecimento, inspiração, dentre outras tantas coisas mais. Enfim, fico muito feliz de saber que a exposição chega ao Ceará”, celebra Mariana Rettore, curadora do time de exposições da Fundação World Press Photo.
Fotografias
As guerras em Gaza e na Ucrânia, migração, família, demência e meio ambiente estão entre os temas destaques da edição 2024 da exibição. A World Press Photo 2024 recebeu mais de 61 mil inscrições de cerca de 3.800 candidatos de 130 países. Desse montante, apenas 24 projetos saíram vencedores e seis menções honrosas foram concedidas, afunilando os números iniciais para 33 fotógrafos de 25 países. Também este ano, a competição premiou quatro categorias, sendo elas: Individual (fotografias individuais); Reportagem (4-10 fotografias); Projetos de Longo Prazo (24-30 fotografias); e Formato Aberto (projetos fotográficos que utilizam diversas mídias e técnicas narrativas).
“Os critérios que eles [os jurados] usam para avaliação, além de muita conversa e muito tempo para discutir cada trabalho e honrar cada história que está por trás, são: a linguagem visual, que pode incluir a criatividade e a habilidade técnica, o estilo visual e como esse fotógrafo edita essa história, como que ele conta. Outro critério que está colocado dentro da instituição é o de representatividade, que se refere à importância de premiar uma gama diversa de histórias e fotografias de lugares diversos do mundo”, detalha Mariana.
A imagem “Uma Mulher Palestina Abraça o Corpo de Sua Sobrinha”, capturada pelo fotógrafo Mohammed Salem da Agência Reuters, e eleita a Foto do Ano de 2024, é um dos trabalhos proeminentes da atual edição da mostra. Além dela, outras fotografias também ganharam notoriedade, sendo eles: a série Valim-babena da fotógrafa sul-africana Lee-Ann Olwage, ganhadora do prêmio de Reportagem do Ano; Os Dois Muros do venezuelano Alejandro Cegarra, vencedor da categoria Projetos de Longo Prazo; e o projeto A Guerra é Pessoal da fotógrafa ucraniana Julia Kochetova, que conquistou o prêmio na categoria Formato Aberto.
Olhar brasileiro
Além de receber a mostra, o Brasil também está presente nela por meio dos trabalhos de quatro fotógrafos brasileiros. Entre eles, Lalo de Almeida, premiado na categoria Individual da América do Sul com o trabalho Seca na Amazônia. A série fotográfica retrata a realidade das comunidades indígenas Ticuna, Kokama e Mayoruna, que habitam Porto Praia, uma localidade remota acessível apenas por via fluvial. Já Gabriela Biló, fotógrafa radicada em Brasília, recebeu uma menção honrosa pela série Insurreição, que documenta os eventos de 8 de janeiro de 2023, quando o Brasil vivenciou ataques antidemocráticos ao Congresso Nacional, ao Supremo Tribunal Federal e ao Palácio do Planalto. Completam a lista Felipe Dana e Renata Brito. Os profissionais foram premiados na categoria formato aberto com À Deriva, uma investigação visual sobre um barco vindo da Mauritânia, encontrado na costa de Tobago com vários homens mortos a bordo.
“Ter brasileiros na mostra é muito importante para o País. Demonstra a qualidade e a seriedade dos fotojornalistas brasileiros e como a gente realmente recebe relevância e reconhecimento internacional. Eu acho que a fotografia brasileira é gigante e muito relevante no contexto internacional e ter um concurso de fotografia internacional em que quatro dos ganhadores são brasileiros, com projetos super potentes e super diversos em temas, realmente dá um incentivo para outros fotógrafos brasileiros também aplicarem para o concurso porque sabem que o mundo reconhece a qualidade da fotografia brasileira e a relevância que os fotógrafos brasileiros têm de pensar o mundo visualmente”, pontua a curadora.
serviço
World Press Photo 2024
Visitação: até 26 de janeiro de 2025
Na CAIXA Cultural Fortaleza (Avenida Pessoa Anta, 287, Praia de Iracema)
Terça a sábado, das 10h às 20h; domingos e feriados, das 10h às 19h
Acesso gratuito